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Grandes eventos incentivam turismo no Rio Grande do Norte

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A melhora no cenário da pandemia de coronavírus aliada ao avanço da vacinação contra a Covid-19 tem reacendido o debate sobre o retorno de grandes eventos em Natal e no Rio Grande do Norte. Segundo autoridades, especialistas e interlocutores de diversos setores do Turismo, o retorno dessas festividades no segundo semestre de 2021, em especial no começo da alta estação, podem impactar positivamente na retomada do setor turístico, um dos mais afetados com a pandemia. Em Natal, por exemplo, segundo dados da Secretaria Municipal de Turismo, 8% do ISS da capital em 2019 (Imposto Sobre Serviços) foi oriundo do turismo. No ano passado, o Estado deixou de movimentar pelo menos R$ 101 milhões com grandes festas ou eventos cancelados por conta da pandemia. No setor de eventos corporativos, a perda superou os R$ 317 milhões. 
Em 2019, 8% do ISS de Natal foi oriundo do turismo, que se fortalece com eventos, como o Mada e o Carnatal. Eventos corporativos também contribuem com setor
“O eventos, em tese, têm uma vantagem, porque  agregam de 2 a 3 vezes mais do que o turismo sol e mar”, cita Fernando Fernandes, secretário de Turismo de Natal, em relação aos gastos do turista na cidade. O dado é da própria secretaria de Turismo, com base no cenário de 2019. “Isso cria uma expectativa de uma melhoria na taxa de ocupação em nossa cidade. Além disso, tem a geração de emprego e renda com a atividade turística, que é ampla”, completa.
Para o secretário de turismo de Natal, Fernando Fernandes, o retorno dos eventos de grande porte tem um efeito significativo em Natal e o impacto pode ser “positivo” na capital caso se concretize nos próximos meses.
“O turismo movimenta desde o vendedor de água de coco nas nossas praias, passa pelo bugueiro, hotelaria, comércio, restaurantes. Conseguimos fazer com que ele gaste, por dia, em média, R$ 200. Quando ele vem para um evento, isso passa dos R$ 400. Nosso sonho dourado é fazer com que o turismo de eventos se consolide em qualquer destino, porque aí teríamos um mix de lazer e dos eventos”, explica. 
Atualmente, o RN está na fase 4 da retomada dos eventos, com ocupação máxima de 80% da capacidade do local, limitada à frequência máxima de 600 pessoas. No indicador composto da Sesap, 159 cidades potiguares já estavam aptas a retornar os eventos deste porte desde o último dia 03 de setembro. A partir do dia 17, a fase 5 poderá ser autorizada, com a permissão de 100% da capacidade dos locais.
Alguns eventos começam a costurar acordos e aguardam sinalização do Poder Público para efetivamente iniciarem as vendas de ingressos, pacotes e fecharem com patrocinadores e atrações. É o caso da 30ª edição do Carnatal, em que a empresa organizadora, a Destaque Promoções, já entregou protocolo sanitário ao Governo do Estado com as normas para realização do evento. Para que a festa ocorra, o “sinal verde” do Poder Público precisa sair até 20 de setembro, segundo a Destaque. O Estado também possui em  seu “calendário” eventos como os Festivais Mada e Dosol, a Festa do Boi, o São João em Mossoró, entre outros.
Para o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN, Marcelo Queiroz, o anúncio e a confirmação de um novo evento é “uma validação do controle da pandemia e da percepção de que o Rio Grande do Norte é um destino seguro para promoção dessas ações, sejam elas de cunho social ou corporativo”. 
“Mesmo sendo públicos distintos, ambos fazem rodar a economia para um setor que foi gravemente impactado durante esta crise e que foi flexibilizado só no final de junho deste ano […] toda a cadeia de atividades econômicas que circunda o turismo está sendo beneficiada neste momento. Com os baixos números de transmissão da Covid, os turistas se sentem mais confiantes de viajar”, argumenta Queiroz.
Setor de eventos deixou de faturar R$ 91 bilhões
Segundo estimativa da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), 97% do setor paralisou as atividades, deixando de faturar R$ 91 bilhões e eliminando 400 mil empregos. No Rio Grande do Norte, segundo cálculos do Natal Convention Bureau, entidade que representa o setor do turismo de eventos na capital, pelo menos R$ 317 milhões deixaram de circular no Estado no último ano, considerando que 37 eventos entre feiras de negócios, exposições e simpósios previstos para 2020 foram cancelados.
De acordo com o secretário de Tributação do Rio Grande do Norte, Carlos Eduardo Xavier, os eventos “geram postos de trabalhos temporário, que geram renda para a população”, além da vinda dos turistas, causando um impacto na economia local. Ele pondera para a situação da pandemia no Estado e as variantes do coronavírus. 
“Nosso maior gerador de empregos no RN é o turismo, que está intimamente ligado ao setor de eventos. Quando temos condições de retomar esses eventos, é uma sinalização positiva para o turismo, e consequentemente para a economia do Estado. Se a gente tiver uma alta estação como estamos imaginando, se as condições sanitárias permanecerem ou melhorarem, imaginamos um grande segundo semestre, com um final de ano positivo, com fluxo de pessoas visitando nosso Estado e isso vai se materializar em geração de emprego, renda e arrecadação de tributos no RN”, conclui.
Em maio deste ano, o presidente Jair Bolsonaro sancionou com vetos o projeto de lei que cria o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). O  pacote de medidas econômicas visa ajudar os setores de eventos e de hotelaria. 
De acordo com a equipe econômica, serão quatro pontos de atuação. O parcelamento de dívidas tributárias, a compensação de parte dos prejuízos causados pela pandemia e duas linhas de crédito. Uma pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), que vai destinar 20% dos recursos aos negócios beneficiados pelo Perse. E outra linha de crédito por meio do Fundo Garantidor para Investimentos (FGI), que é gerido pelo BNDES.
“Início de uma retomada”, avaliam os empresários
Mesmo com o retorno dos shows, festas e espetáculos em Natal e no Rio Grande do Norte, empresários e interlocutores do setor de turismo e eventos avaliam que o setor não vai se recuperar por si só em 2021. A chegada desses eventos, por exemplo, pode ser uma boa oportunidade para uma retomada que vem acontecendo a passos lentos.
“Isso por si só resolve o problema? Não. Para quem está há um ano e meio tendo prejuízo com empresas fechadas, não. Mas é um alento, uma luz no fim do túnel. O Ministério do Turismo diz que o setor só voltará a todo vapor somente em 2022, alguns em 2023”, comenta o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RN), Abdon Gosson.
De acordo com Gosson, a volta das festas e eventos pode fazer com que o Estado atinja ocupação média de 80% na alta estação, que deve se iniciar no dia 20 de dezembro de 2021. A previsão é da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no RN (ABIH), que vê com expectativas positivas o retorno dos eventos no Estado.
“Após outubro, a expectativa do turismo do RN e do Brasil é de uma melhora significativa, pois a população estará vacinada com duas doses. As pessoas se encorajam mais e passam a se programar. O verão com certeza será maravilhoso, o turismo interno será aquecido no Brasil, carnaval, semana santa por aí em diante”, explica o presidente da ABIH-RN, Abdon Gosson, contextualizando que vários países do mundo ainda não aceitam a entrada de brasileiros, o que pode movimentar o turismo local.  
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes  (Abrasel-RN), Paolo Passariello, avalia que a retomada dos eventos  corporativos trazem um impacto mais positivo para o setor de bares e restaurantes do Estado do que eventos de massa, por exemplo. “Estamos com prejuízos acumulados que talvez possam ser recuperados nos próximos dois, três anos. Não é só um evento desses que vai recuperar o tempo todo que passamos fechados”, cita.
 
“O que ajuda nosso setor muito são eventos corporativos, que trazem mais movimento para os bares e restaurantes. Um encontro de médicos, por exemplo, com 200 convidados, muitos deles vêm com 2,3 pessoas, então eles ocupam os hotéis e restaurantes da cidade. Esses corporativos, na minha visão, impactam mais”, complementa. 

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