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Grandes personagens

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Nei Leandro de Castro
escritor

Galego Assis. Um dos maiores mentirosos que conheci. Foi morar no Amazonas e, quando voltava para uma temporada em Natal, dizia que matava uma onça na segunda-feira, vendia na terça; matava outra onça na quinta-feira, vendia na sexta. Dizia também que passou uma temporada com os índios do Xingu e engravidou 19 índias.

Pedro Bala. Outro grande mentiroso. Grande contador de histórias, assombrava as crianças com seus casos. Os meninos não dormiam direito depois de ouvir suas histórias, mas no outro dia estavam perto dele, para se assombrar outra vez.

Totinha. Era o valentão da rua, mas só batia em meninos menores do que ele. Uma vez, provocou Ivan Cocuruta e saiu uma briga mais emocionante do que aquela de John Wayne com o grandalhão irlandês, no filme “The quiet man”. Totinha, bem feito, tornou-se pastor evangélico.

Arlindo Relâmpago. Apostava corrida com carros e ônibus. Todos os dias, precisava brigar antes do almoço, pois só assim tinha apetite.

Doutor Choque. Era um senhor bem-vestido que, ao caminhar, perdia o equilíbrio e caía na rua, gritando: “Danou-se, colega, danou-se!” 

Garapa era um mendigo brabo. Quando ele passava na rua, parte dos meninos gritava: “Água!”  Outra parte gritava: “Açúcar!”  Garapa dizia: “Mistura, seus filhos  de uma égua!”

Maria Mula Manca era uma doida braba. Em certas tardes, reunia dezenas de meninos para ter relações sexuais com ela, por trás de uma árvore da  Praça Pedro Velho. Era uma fila interminável de meninos, alguns se iniciando na vida sexual.

Salete era outra iniciadora de meninos na vida sexual. Escolhia o garoto do dia e o levava para os confins da Rua Ceará-Mirim, por trás dos altos muros do Colégio Marista.

Uma noite, no Wonderbar, conheci uma Creusa, que se apaixonou por mim. Logo na primeira noite, foi me dizendo: “Não quero você por aqui, que é lugar de prostitutas. Nossos encontros vão ser na minha casa, nas Rocas.” Creusa comprava calças e camisas para mim, me dava dinheiro e morria de ciúmes. Certa vez, fui a Caicó, sem avisar a ela. Passei uma semana por lá e, na volta, soube que Creusa havia cortado os pulsos com gilete.

Guriatã era caseiro de um sítio na Rua Felipe Camarão, esquina com a Rua Apodi. Era estranhíssimo, não falava com ninguém. O galego Assis dizia que certa vez viu Guriatã voando em direção da lua cheia.

E Marinete, meu primeiro amor, onde andará? Nosso namoro durou exatamente trinta dias, ou seja, até o dia em que tentei lhe dar um beijo no rosto. O namoro naqueles tempos era um sacrifício. Depois do encontro, os namorados corriam para a zona da 15 de Novembro, onde podiam beijar à vontade as prostitutas a preço barato.

• Pensamento da semana: “Quem diz que o dinheiro não compra felicidade não sabe onde fazer compras.” (Roberto Rodrigues Roque)

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