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Greve em aeroportos afeta 300 voos

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São Paulo (AE) – Aeronautas (pilotos e comissários) e aeroviários (agentes em terra) fizeram ontem uma paralisação por duas horas em 12 aeroportos brasileiros, provocando atrasos ou cancelamentos em 300 voos, segundo o Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea, da Aeronáutica. Apesar de o número representar apenas 10% dos voos diários no País, houve um “efeito cascata” após o fim da paralisação, às 8h, que provocou transtorno aos passageiros até o início da noite. A paralisação pode se repetir a partir do dia 12.
Passageiros de avião enfrentaram uma quarta-feira de transtorno nos aeroportos de todo o País
Balanço da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) mostrou que um terço dos voos domésticos programados entre meia-noite e 19 horas havia registrado problemas. De um total de 1.690 voos no período, 207 foram cancelados e 356 saíram com atraso. Somente em Congonhas, 46,7% das decolagens não saíram conforme o previsto.

Maria Raimundo Sales, de 32 anos, levava o filho de 9 meses e teve de esperar por mais de cinco horas para embarcar no Galeão, no Rio. O voo deles para Teresina, marcado para às 10h17, foi transferido para às 15h30, com conexão em Belo Horizonte. “Vou chegar só às 22 horas em Teresina e não sei em qual prioridade a companhia disse que me botou. Só me ofereceram água. A gente marca tudo direitinho, paga caro e acontece isso. Não sei o que vou fazer com o meu filho durante todas essas horas de espera. Estou sozinha com ele, vou ter de me virar” disse.

Em Congonhas, na capital paulista, o secretário Adolfo Bertoch, de 53 anos, contou que corria o risco de ser punido judicialmente por não comparecer a uma audiência no Fórum Trabalhista do Rio, que estava marcada para as 10 horas. “Eu iria como testemunha em um processo, mas não vou conseguir chegar”, afirmou ele, que estava com dificuldades para remarcar seu voo.

Já o administrador Fernando Souza, de 50 anos, explicou que precisou desmarcar uma reunião “importante” prevista para as 10 horas, em Porto Alegre. “Ainda não tive nenhuma informação. Desde ontem (anteontem), o aplicativo da companhia aérea nem faz check-in”, disse ele, que viajaria às 7h25 pela TAM. A empresa informou, em nota, que faria o reembolso de quem teve voos cancelados.

Os trabalhadores reivindicam 11% de reajuste salarial referente à reposição da inflação no período de 1.º de dezembro de 2014 a 1º de dezembro de 2015. As empresas aéreas ofereceram reajuste parcelado (3% em fevereiro, 2% em junho e 6% em novembro) e não retroativo, o que motivou a paralisação.

O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) e a Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac-CUT), que representa os aeroviários, descartaram greve durante o carnaval, mas informaram que podem voltar a interromper as atividades a partir do dia 12 se não houver acordo com as aéreas. Nesta data está prevista uma audiência de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília.

“Decidimos suspender a greve durante o carnaval, mas, se não houver acordo até a quinta-feira [dia 11], paralisaremos a partir de sexta por tempo indeterminado”, disse o secretário-geral do SNA, Rodrigo Spader. De acordo com ele, as próximas greves devem acontecer sempre da mesma forma: das 6h às 8h, nos mesmos aeroportos. Os trabalhadores têm de respeitar um contingente mínimo de 80%, determinado pelo TST, sob pena de multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento.

Para pressionar o sindicato patronal, pilotos, comissários e agentes em terra tomaram os saguões dos aeroportos na manhã de ontem em protesto. Eles seguravam faixas pedindo, além do reajuste, por mais segurança nas operações. No Santos Dumont, além de um ato com faixas que impediu o acesso de passageiros ao check-in por cerca de dez minutos, aeroviários fecharam o trânsito no acesso ao aeroporto por cerca de 20 minutos. O engarrafamento na região obrigou os passageiros atrasados a saltar no meio do caminho e correr até o embarque, carregando malas. “Nós já flexibilizamos nossa proposta e baixando a reivindicação de aumento de 12% para 11%”, disse o presidente da Fentac-CUT, Sérgio Dias. “A gente entende que esse é o mínimo aceitável.”

O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) afirmou que, nos últimos dez anos, os funcionários receberam reajustes acima da inflação. Destacou ainda que já foram feitas seis propostas desde o início das negociações, em outubro, e todas foram recusadas pelos trabalhadores. Segundo o Snea, 45 mil passageiros podem ter sido afetados ontem.

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