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Greve paralisa os serviços no Centro de Reabilitação

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SAÚDE - Maria dos Prazeres trouxe a filha de Arês para ser atendida e acabou perdendo a viagemEnquanto a greve dos médicos e servidores do Estado parece não interferir em hospitais de urgência e emergência, os pacientes que buscam atendimento ambulatorial e reabilitação sentem na pele a diminuição do quadro. O Walfredo Gurgel mantinha um fluxo tranquilo de pacientes na manhã de ontem, mas no Centro de Reabilitação Infantil (CRI), 90% dos servidores aderiram à mobilização, e o atendimento foi praticamente suspenso. A exceção foram alguns fisioterapeutas, que mantém atendimento durante a greve, junto aos profissionais que atendem por contrato.

Maria dos Prazeres, residente no município de Arês, perdeu tempo e dinheiro, ao levar a filha de oito anos para a fisioterapia mensal no CRI, ontem de manhã, cujo especialista aderiu ao movimento. “A passagem de ida e volta no carro alugado custa R$70. Cheguei às 8h30 e só vou para casa agora [10h30]. Vou ter que ficar ligando para saber quando volta a atender normalmente”, explicou.

Rilder Campos, diretor do CRI, explica que a greve vai prejudicar os pacientes de serviços mais especializados, que possuem menos  especialistas disponíveis. “Como não funcionamos em regime de plantão e emergência, a adesão foi maior, mas em algumas especialidades temos marcação até dezembro, como neuro pediatria. Esse tempo perdido sem atendimento não volta”. Ele completa que a maioria dos pacientes vêm do interior, o que dificulta desmarcar a consulta por telefone. “Alguns nem têm”. A média de atendimento mensal do Centro é de 6 mil pacientes.

No Hospital Giselda Trigueiro, o ambulatorial está funcionando com o efetivo mínimo de 30%, conforme previsto por lei, segundo explicou o diretor técnico, o médico Carlos Estevam Mosca. “Os demais setores, Pronto-Socorro e internação funcionam normalmente. Os profissionais são responsáveis e sabem que esses pacientes não podem esperar, mas estão favoráveis ao movimento”, explica.

Maria das Dores Marques, residente em Extremoz, teve que voltar para casa ontem de manhã sem remarcar a consulta da mãe. “Ela esteve internada até o dia 10 de setembro, e o retorno ao pneumologista estava marcado na segunda passada, mas pela greve e feriado não aconteceu. Me orientaram a voltar ainda essa semana, mas agora informaram que só após a greve”, diz.

Os servidores reivindicam melhores condições de trabalho, reajuste salarial de 23%, pagamento de atrasados relativos a 2006 do plano de cargos e salários, mudança de nível, e garantia de equiparação nos ganhos dos aposentados em relação aos servidores da ativa. Os médicos possuem a mesma pauta e ainda incorporação das gratificações ao salário.

Greve teve início no dia 20 de outubro

A greve dos servidores foi iniciada em 20 de outubro e chega ao décimo dia sem avanços na pauta de reivindicações. Situação parecida é a dos médicos do Estado, que aderiram ao movimento sexta-feira passada. Os sindicatos dos médicos do RN (Sinmed) e dos trabalhadores em saúde (Sindsaúde/RN) articulam novas medidas para fortalecer o movimento, que estimam chegar a 60% dos médicos em Natal, Caicó e Mossoró, e 50% dos demais servidores.

Ontem de manhã os servidores fizeram um ato público em frente o Instituto de Previdência do Estado (Ipern), onde foram recebidos pela assessoria jurídica do órgão e  marcada uma reunião para segunda-feira. “Vamos tratar das perdas salariais que ocorrem com a aposentadoria”, explicou a coordenadora geral do Sindsaúde/RN, Sônia Godeiro.

Uma equipe do comando de greve dos médicos, por sua vez, visitou profissionais do setor de pediatria do Hospital Santa Catarina, na zona Norte. “A greve se aproxima de uma semana, é um momento de refletir sobre a importância de mobilizar mais profissionais, por isso estamos visitando os setores onde ainda há pouca adesão, como nos hospitais Maria Alice Fernandes e Varela Santiago”, explica o presidente do Sinmed/RN, Geraldo Ferreira.

“Os médicos têm suas limitações para parar, não podemos maltratar a população. Por outro lado, é necessário que se tenha uma maior repercussão. A idéia é endurecer para não estagnar o movimento. Visitamos os hospitais para orientar sobre o movimento e tirar dúvidas sobre como dar a preferência de atendimento entre os pacientes”. Segundo Geraldo, alguns médicos municipalizados do Estado estão sendo pressionados pelos diretores dos postos de saúde onde prestam atendimento. “O movimento é um só e para todos. Vários desses profissionais servem ao município sem receber gratificação extra por isso”.

Na noite de ontem estava prevista uma visita à pediatria do Hospital Maria Alice. A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde informou que o secretário George Antunes está viajando e deve retornar hoje à noite, e que nenhuma reunião estava agendada sobre o assunto.

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