A greve dos servidores estaduais da área de saúde entra no terceiro dia nesta quinta-feira (7), e de acordo com a direção do sindicato que representa a categoria a paralisação é por tempo indeterminado. Entre os reflexos imediatos do desfalque nas equipes de enfermeiros e técnicos de enfermagem está a redução da capacidade de atendimento do Hospital Walfredo Gurgel (HWG): das cinco salas de cirurgia que funcionam na maior e mais importante unidade hospitalar do Rio Grande do Norte, apenas duas estão funcionando. Alguns casos menos graves entre os 60 pacientes internados na enfermaria do hospital também foram afetados pela greve, e acabaram ficando sem a troca regular de curativos e sem banho.
Banhos e troca de curativos foram afetados pela greve na enfermaria do Walfredo. Adesão é de 50%, diz o Sindsaúde
“Felizmente tivemos uma madrugada tranquila de terça (5) para quarta (6), e ontem o movimento também foi considerado tranquilo. Graças a isso não tivemos atropelos no centro cirúrgico, e pudemos atender todo mundo. No primeiro dia da greve (dia 5) foi mais complicado, e tivemos que priorizar os casos mais graves”, disse Luciana Paula Campos Marinho, diretora de enfermagem do Hospital Walfredo Gurgel.
Luciana explicou que as equipes da unidade hospitalar já trabalham com um quadro abaixo do ideal, e que o déficit de pessoal sobrecarrega os funcionários. “Por falta de recursos humanos apenas cinco, das seis salas de cirurgia, estão funcionando regularmente. Com essa greve, só temos duas funcionando”.
Ela acrescentou que para atender a demanda de trabalho na enfermaria, seriam necessários 10 técnicos de enfermagem. “Estávamos com oito técnicos e ficaram cinco, por isso tivemos que priorizar os cuidados mais complexos e algum curativo pode deixar de trocado e/ou pacientes sem banho”, destacou a diretora de enfermagem.
A adesão de servidores ao movimento grevista no HWG alcançou 50% conforme informações do Sindicato dos Servidores da Saúde do RN. Além de enfermeiros e técnicos de enfermagem, também cruzaram os braços nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e técnicos de laboratório.
O Sindsaúde-RN garantiu que a lei de greve, que determina presença mínima de 30% do quadro funcional, está sendo respeitada. A greve também interferiu no atendimento metropolitano do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e somente quatro ambulâncias de suporte básico está rodando.
Segundo Manoel Egídio, diretor geral do Sindsaúde-RN, a falta de perspectiva para quitação das folhas salariais pendentes; a não apresentação de um calendário de pagamento dos atrasados; e a recusa da nova gestão do Governo do RN em tratar sobre o assunto motivaram a deflagração da greve no último dia 5 de fevereiro.
“Falta de perspectiva pode significar calote”, avaliou Egídio, adiantando que nesta quinta (7) há uma audiência pré-agendada da categoria com representantes do poder Executivo Estadual. “A adesão ao movimento é bastante positiva, inclusive no interior do Estado, e nessa próxima sexta (8) teremos uma nova assembleia para avaliar a greve e sua continuidade”, disse o sindicalista.
O Sindsaúde-RN lançou campanha de doação de alimentos para ajudar servidores em dificuldades. As doações podem ser entregues na sede do sindicato na Av. Rio Branco na Cidade Alta.