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Grifes homenageiam a África, mas sem negros na passarela

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BELEZA NEGRA - A baiana Rojane Fradique em momento Lino VilaventuraCom o continente africano como tema, na 21ª edição do São Paulo Fashion Week tudo nos remate àquele lugar. Ao entrar no prédio da Bienal/Parque do Ibirapuera, os convidados se deparam com imagens urbanas da África desenvolvidas pelo diretor de arte André Felipe, que explora sobreposições, rótulos e cores saturadas numa estética bem diferenciada. A cenografia do evento tem a assinatura de Daniela Thomaz, que fez duas viagens às terras africanas para desenvolver o projeto.

Nos lounges e nos corredores é comum encontrarmos pessoas vestindo trajes tribais. Como a embaixadora da África do Sul, Letta Maleka, e a consulesa-geral, Thanmi Valihu, que foram conferir os lançamentos da moda brasileira, e atraíram todos os flashes e holofotes com suas vestimentas.

A maioria dos estilistas foi influenciada pela cultura africana, como é o caso de Alexandre Herchcovitch, que abusa do grafismo e das cores vibrantes numa coleção que poderia ser chamada de ‘etnia afro-modernista’. Herchcovitch foi mais além na sua coleção masculina, colocando na passarela poucos modelos no meio dos convidados bem no estilo rastafari, todos usando “dreads” no cabelo. Uma coisa Tribo de Jah!!! Na moda praia, o continente foi referenciado pela Cia. Marítima em estampas que deram mais “vida” aos maiôs — tinha uns com detalhes de búzios — comportados, biquínis com recortes e drapês, aos vestidos longos e os kaftans, bem fluidos. O grande lance da coleção foi a calcinha string, uma tanga amarradinha baixa em tamanho maior que o normal.

Na Iódice, a homenagem à África vem nos acessórios com sandálias feitas a mão, com palhas, brilhos e listras. As estampas de bichos são constantes nas coleções, transformando a passarela num verdadeiro safári fashion. A oncinha, por exemplo, foi vista na Ellus, na Triton, na Zoomp e UMA e até nos desfile do estilista português Miguel Vieira. Lino Vilaventura, que encerrou a noite do domingo, 16, foi além e colocou a top Juliana Imai vestindo um look pavão. O estilista, embelezado com a cultura e a força daquele povo, dedicou sua coleção inteira ao continente, e emocionou alguns.

O interessante dessa “viagem” do SPFW é que dificilmente encontramos modelos negros nos castings dos desfiles. Duas ou três aparecem num show que geralmente envolve entre 30 e 45 modelos. Nem mesmo a baiana Rojane Fradique — que costuma pegar muitos desfiles — está sendo “bookada” para poucos. Até agora, a top só fez oito desfiles. Em compensação, a pernambucana Emanuele de Paula, a queridinha de Paulo Borges, pegou quase todos. Assim como a negra linda Samira. Num evento que homenageia a África e o seu povo, o que estamos vendo — e muito — são modelos branquinhas e magrinhas com cara de meninas do leste europeu. Glória Coelho não colocou uma negra sequer no seu desfile. Tereza Santos, da Patachou, idem. Será que elas não vendem para mulheres de cor??? Herchcovitch diz que isso não tem nada a ver: “Coloco modelos nos meus shows pelo perfil. Se tiver uma negra, uma oriental ou uma branquelíssima, que eu goste, coloco e pronto”, disse.

O evento encerra-se hoje com desfile da Cavalera (masculino), Fábia Bercsek, Jefferon Kulig, Oestúdio, Néon e Cavalera (feminino).

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