
Uso de Ivermectina não é recomendado por grupo de infectologistas
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Sobre o uso de medicação profilática pré-exposição, os especialistas apontaram que, até o momento, não há dados na literatura que justifiquem o uso de qualquer fármaco para evitar a infecção pelo novo coronavírus, assim como também não há qualquer evidência de que os medicamentos possam impactar na gravidade da doença antes que ela se estabeleça, como por exemplo a ivermectina. Segundo os especialistas, "o tema profilaxia pré-exposição não tem sido contemplado por ensaios clínicos".
Já sobre o uso de medicação para profilaxia pós-exposição, que é quando a pessoa teve contato com o novo coronavírus, o ponto tem sido contemplado por chamados "ensaios clínicos randomizados" e, de acordo com os especialistas, os resultados até agora apontam para ineficácia. Os profissionais deram como exemplo de medicamento ineficaz a hidroxicloroquina. "Aguardamos por publicações científicas que justifiquem a intervenção preventiva medicamentosa", disse a nota.
Com relação ao uso de medicações que controlem ou reduzam a replicação do novo coronavírus em humanos, os especialistas apontaram que os estudos sobre o uso da cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina ou lopinavir/ritonavir "não se mostraram eficazes no controle da replicação viral em ensaios clínicos em humanos". Ainda de acordo com a recomendação, "não há evidência de impacto no curso clínico e prognóstico da doença" e não foi identificado nenhum ensaio clínico em humanos relacionado ao seu uso da ivermectina no tratamento da Covid-19.
Os especialistas apontaram ainda que há estudos que apontam que o Remdesivir, que não está disponível no Brasil, "parece ter uma ação no controle da replicação viral". O grupo, no entanto, afirma que seu uso estaria recomendado somente para casos hospitalizados e graves.
Na análise sobre uso de medicamentos "que interfiram no curso clínico da enfermidade por agirem sobre o sistema imune, incluindo imunoterapia", os especialistas apontaram que há evidência preliminar de um estudo ainda não publicado que sugere que baixa dose de dexametasona (6mg/dia) tenha benefício no manejo de pacientes graves, com necessidade de oxigênio suplementar. Até o momento, ainda de acordo com a nota dos profissionais, o uso de corticoide nos casos leves não está indicado, "devendo-se enfatizar que o seu uso em fases iniciais da doença tem potencial de dano".
Quanto ao uso de inibidores de interleucina-1 e inibidores de IL-6 (sarilumab, siltuximab e tocilizumab), os especialistas afirmaram que ainda não há dados suficientes que respaldem a eficácia na Covid-19. Porém, "admitimos seu uso compassivo em pacientes graves e/ou contexto de ensaios clínicos randomizados e aprovados pelas agências regulatórias".
Já sobre a a imunoglobulina anti-SARS-CoV-2 ou soro de convalescente, o departamento também disse que não devem ser empregados por falta de dados da literatura que justifiquem o seu uso.
Assinam a recomendação:
Prof. Kleber Giovanni Luz – PhD Infectologia – Chefe do departamento.
Profa Mônica Baumgardt Bay – Mestre em Ciências da Saúde – Vice Chefe do departamento.
Prof. Andre Luciano de Araújo Prudente – Especialista em Infectologia.
Profa Eveline Pipolo Milan – PhD em Infectologia.
Prof. Hareton Teixeira Vechi – Especialista em Infectologia.
Prof. Henio Godeiro Lacerda – PhD em Ciências da Saúde.
Prof. Igor Thiago Borges de Queiroz e Silva – PhD em Infectologia.
Profa Manoella do Monte Alves – Mestre em Ciências da Saúde.
Profa Marise Reis de Freitas – PhD em Infectologia.
Profa Mirella Alves da Cunha – PhD em Infectologia.