Inovar é palavra chave na área da educação atualmente. Depois de um sistema educacional engessado em que os estudantes não tinham voz, a pedagogia sofreu fortes alterações no intuito de tornar o aluno mais autônomo. No Instituto Educacional Casa Escola – IECE, a filosofia aplicada há quatro anos tem como espelho a Escola da Ponte, em Portugal, onde é trabalhada a Gestão Participativa dos Estudantes e de Todo o Corpo Docente. A concretização desta filosofia pode ser vista na criação dos Grupos de Responsabilidade. São oito no total e envolvem “Apresentação”, “Grêmio”, “Núcleo de Meio Ambiente”, “Jogos e Parques”, “Eventos”, “Murais e Materiais”, “Filmes” e “Música/Rádio”.
Este último, em especial, tem modificado o cotidiano dos alunos. Através de uma programação com música, noticiários do mundo, do Brasil e principalmente acontecimentos diretos da Escola, doze alunos tocam o trabalho praticamente sozinhos. “Este é um diferencial, oferecer o suporte para o aluno seguir a vida com seus próprios passos e com responsabilidade”, explica a coordenadora pedagógica da Casa Escola, Sylene Mesquita.
A autonomia dos alunos é visível. A reportagem desta coluna esteve numa das manhãs de reunião dos alunos do Grupo e viu de perto o interesse, a determinação e como deu certo montar uma rádio dentro da escola. O olhar de Leonardo Bezerra, locutor e estudante do 9º ano do Ensino Fundamental, modifica quando fala sobre a rádio. Para ele, é como se pudesse, agora, observar todos os detalhes de maneira especial. “Manter a rádio não é tarefa fácil, é um desafio diário, mas estamos nos dedicando muito a este trabalho. Eu gosto demais de participar e de escolher as músicas, editar, além da locução, que é a minha função”, disse orgulhoso.
Edição, reportagem, programação, definição do repertório, locução, entre outras tarefas, são divididas equilibradamente entre a equipe. “Em uma semana montamos a programação, enquanto outros alunos saem em campo em busca das notícias”, explica Leonardo. Mariana Fernandes, estudante do 6º ano é repórter. Segundo ela, desde que começou o trabalho de busca por notícias sua forma de enxergar tudo modificou. “Eu fico mais atenta às coisas ao meu redor. Parece que hoje tenho mais responsabilidade, disciplina e atenção diante das situações”, ressalta.
Já Guilherme Bezerra, do 5º ano, concorda com sua colega e acredita que a rádio mexeu não só com os estudantes que atuam diretamente neste trabalho, mas em toda a escola. “As pessoas ficam mais despertas para o que acontece, nos procuram para dar informações e tudo isso é uma troca muito legal”, comenta empolgado. Entre as matérias apuradas pelos alunos estão em destaque o esporte, os acontecimentos no mundo, os alunos que desempenharam papéis importantes, além de questões sobre o meio ambiente. “É esta visão de inovação que buscamos. Por isso os Grupos de Responsabilidade são como o oxigênio de nossa escola. É através destes grupos que os estudantes despertam para um olhar mais clínico sobre o mundo”, diz Sylene.
A diretora da escola, Ana Priscila Griner acredita que as decisões compartilhadas têm mudado a visão de ensino, “o que tem dado muito certo aqui e em outras escolas respeitadas do Brasil que adotaram o mesmo pensamento”, conclui.
