Quem chegou à Rua Leonel Leite, no bairro do Alecrim, na manhã dessa sexta-feira (20), ficou surpreso com o que viu. Em uma das principais ruas do bairro mais comercial da cidade, parte das vagas de estacionamento estava ocupada, logo cedo, por cadeiras de rodas, e placas com o aviso: “Um minutinho, volto já”. O protesto teve como objetivo alertar os motoristas sobre a necessidade de se respeitar as vagas preferenciais.
“Essa é a desculpa que nós, que realmente temos direito à essas vagas, mais ouvimos por parte de quem as ocupa indevidamente. É um desrespeito constante, e a intenção dessa ação é fazer com que esses motoristas sintam na pele a indignação de ter uma vaga para estacionar o carro, mas não poder porque já está lá alguém que não deveria”, diz Tercio Tinoco, cadeirante e presidente da Sadef (Sociedade Amigos do Deficiente Físico do RN), que teve a iniciativa da ação na capital potiguar.
Maria das Dores, que trabalha em um restaurante no Alecrim, chegou cedo pra trabalhar e teve dificuldades pra estacionar, mas apoiou a ação: “É importante, porque realmente são poucas as vagas para cadeirantes no Alecrim, e eles precisam desse acesso mais fácil às lojas do comércio”.
A campanha “Essa vaga não é sua, nem por um minuto” já foi realizada em outras cidades brasileiras e do mundo, e aconteceu pela primeira vez em Natal exatamente na véspera do Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, comemorado em 21 de setembro. “Essa é mais uma luta nossa, entre tantas que já travamos no dia a dia. Ninguém quer usar cadeiras de rodas, muletas, bengalas… Mas quer ocupar uma vaga que não lhe pertence. Essas vagas são nossas, e os motoristas precisam se conscientizar disso”, diz Jackson Alexandre, cadeirante e paratleta da natação.
A ação dessa sexta-feira teve apoio da Secretaria de Mobillidade Urbana da capital, e faz parte da programação da Semana Nacional do Trânsito. A Lei Brasileira de Inclusão prevê que 30% das vagas de estacionamentos, em estabelecimentos públicos e privados, sejam destinadas a idosos e pessoas com mobilidade reduzida, identificadas com o cartão de identificação fornecido pela STTU. A multa para quem usa essas vagas indevidamente é de R$ 293,47 e 7 pontos na carteira de habilitação.