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Guardados a sete chaves

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Maria Betânia Monteiro – repórter

Durante um ano e meio o acervo virtual do Memorial de Natal, inaugurado em novembro de 2008 e interditado em janeiro do ano passado, foi considerado extraviado. A atual administração da Fundação Capitania das Artes, órgão responsável pelo memorial, não sabia dizer qual teria sido o destino dos sete documentários, além do arquivo contendo a história do RN, armazenado em quatro totens multimídias, que ficavam à disposição do público visitante. O mistério foi resolvido: todo o material considerado  extraviado está guardado nos armários do Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão.

Haroldo Maranhão,  à frente do setor de patrimônio da Funcarte, fala sobre projetos, reformas e   registros de bens imateriaisEm entrevista ao VIVER o arquiteto Haroldo Maranhão, chefe do Departamento de Patrimônio Cultural da Funcarte – departamento que administra tanto o Memorial como o Museu de Cultura Popular – declarou que o HD com os arquivos e os CDs dos documentários foram para o Museu de Cultura Popular quando César Revorêdo era o presidente da Funcarte. “Os bens materiais do Memorial, conseguidos em sistema de empréstimo foram devolvidos e os arquivos digitais ficaram aqui conosco”, disse Haroldo, que assumiu o cargo em dezembro do ano passado.

O chefe do Departamento de Patrimônio Cultural falou também que o acervo virtual do Memorial, hoje sob a direção do arquiteto João Paulo Kikumoto,  está em excelentes condições e que apenas um único CD, contendo um documentário de dezessete minutos sobre a história do RN da pré-história aos dias de hoje, havia se perdido, mas que mesmo assim, uma cópia do documentário foi solicitada aos seus produtores e já está a caminho. “Este material nunca esteve perdido e nós vamos colocar a disposição do público em breve”, declarou Maranhão.

Ele conta que enquanto o Memorial de Natal não é liberado para a visitação – o que não depende da Funcarte, mas sim da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) – parte do acervo virtual vai ser colocada eventualmente em exposição no Museu de Cultura Popular, para que alunos das redes públicas e particulares de ensino possam acessar as informações. “O Museu de Cultura Popular tem auditórios e aparelhos multimídia para a exibição deste material. Não temos como disponibilizá-lo de forma permanente, por falta de espaço”, disse Haroldo. Quanto aos arquivos dos totens multimídias, eles poderão ser acessados mediante solicitação antecipada. O interessado deve agendar a visita no próprio museu. A previsão é de que a exposição e o agendamento iniciarão na segunda quinzena de maio.  

Haroldo Maranhão explica que, se a proposta for aprovada, muitos problemas relacionados à cultura serão solucionados. Além dos citados, tem a ampliação do prédio da Capitania das Artes, tombado em 1989 pelo Governo do Estado como Patrimônio Histórico, mas que sofreu uma série de descaracterizações no projeto inicial do Arquiteto João Maurício, executado em meados dos anos de 1980. Segundo Haroldo como nem todas as obras do projeto foram postas em prática, as sucessivas administrações da Funcarte foram dando um jeito de ampliar as salas, fazendo um puxado, colocando uma divisória, instalando condicionadores de ar. “Nós queremos ampliar o prédio da Capitania das Artes para abrigar melhor a Biblioteca, a sala de Balé, ampliar o estacionamento, dentre outras obras de adequação”.

Segundo o arquiteto, caso a solicitação de verba não seja aprovada, a Funcarte terá que utilizar os recursos atuais disponíveis, que são a elaboração de projetos sujeitos à aprovação da presidência da Funcarte e o seu encaminhamento para as secretarias do município. Um caminho, que segundo Haroldo é longo, demorado, burocrático e ainda conta com a pequena fatia de recursos públicos destinados à cultura.

Sinalização de monumentos integra o “Circuito Cultural”

Quanto a novos projetos, o departamento está desenvolvendo para o Centro Histórico de Natal, na área compreendida pela poligonal da parte histórica, dos bairros da Cidade Alta e Ribeira – hoje em processo de tombamento pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) – ações em parceria com outras secretarias do município para estruturar, promover e consolidar o “Circuito Cultural”, que como explica Haroldo é um roteiro de visitação aos monumentos que são o preservam o patrimônio cultural da cidade. 

As obras do projeto contemplam a sinalização e iluminação de monumentos, Vias e Praças, mobilidade urbana, embutimento da fiação aérea, postos de informações turísticas e equipamentos culturais. A verba para colocar em prática o Circuito Cultural não foi garantida, mas a solicitação dos um milhão e meio de reais já foi enviada ao PAC das Cidades Históricas, programa do Governo Federal, que nesta etapa pretende liberar 900 milhões de reais para projetos de recuperação e manutenção de cidades históricas em todo o Brasil.

Arte na Praça

O carro chefe da atual administração do Departamento de Patrimônio Cultural é o projeto chamado Arte na Praça, que pretende promover uma grande movimentação cultural na Praça Augusto Severo e entorno, aproveitando a estrutura física do lugar, a Praça, o Museu, o Teatro e sua localização estratégica, por onde passa a maioria das linhas de ônibus da cidade. O projeto pretende promover mensalmente exposições, shows, oficinas de criação, palestras e contação de estórias infantis. A previsão é de que tudo isso seja oferecido ao público já no segundo final de semana de junho deste ano.

Tombamentos e inventários imateriais

O Departamento de Patrimônio Cultural foi criado há dois anos, com o objetivo de articular e promover a integração das ações de memória, preservação e gestão do patrimônio cultural material e imaterial do município desenvolvidas no âmbito da Funcarte. A este departamento também estão vinculados a Biblioteca Esmeraldo Siqueira, o Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão e o Memorial Natal. A cara e o trabalho do departamento só vêm ganhando forma, com a atual administração do arquiteto.

Quando Haroldo Maranhão assumiu o cargo havia alguns projetos em andamento, um deles é o de tombamento de dezoito prédios históricos em Natal. Estamos realizando a fundamentação destes processos, seus aspectos históricos, artísticos e culturais.  Em seguida, encaminharemos ao Conselho Municipal de Cultura, para que este se pronuncie a favor ou contra o Tombamento Definitivo destes bens.

Outro projeto em andamento é resultado de um convênio entre a Funcarte, o Sebrae e Banco do Nordeste, que foi assinado em dezembro do ano passado, para a realização do inventario do Patrimônio Imaterial do Município. Um trabalho, que segundo Haroldo está em andamento.

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