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Há 70 anos…

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Vicente Serejo
Não diria coincidência. O desejado não chega por acaso. Nesta caverna de livros velhos dorme, há anos, um exemplar do “Almanaque Eu sei Tudo” do ano da graça de 1951. Como se dizia antigamente, o ano dos meus anos. Com ele atesto minhas setenta luas, desde aquele abril. Nasci na cama da minha mãe e a parteira, ao apanhar o menino, entregou à minha avó paterna, Amália, que poucos anos depois ficaria cega e só pôde contemplar o neto até cinco anos de idade.     
Sou taurino do último decanato e, por isso, está no almanaque: dotado de bravura e muita coragem, com um certo desprezo pelo perigo. Transcrevo as qualidades sem nunca tê-las vivido ou sentido, mas afinal não posso sozinho desmentir as misteriosas certezas da astrologia. Como se não bastasse, o taurino nasce com o destino de conquistar a fortuna, o que, no meu caso, e de resto, é miragem, a não ser na forma de loteria, posto que o casamento não deu pra ser um golpe do baú. 
Satisfeito com o destino que me foi dado ter e felicíssimo da felicidade possível, assim vejo o quanto a astrologia é otimista no seu comércio de ilusões. Quando nasci, um domingo, 29 de abril, a lua entrava em quarto minguante. Os astros, pelo visto, andavam tão enlouquecidos de esperança que viram nos ali nascidos o destino da beleza, a energia forte do caráter inquebrantável e a esperteza dos sentidos, ou tudo quanto até agora não veio, mas, convenhamos, ainda tem tempo. 
Mas, como ficava muito feio ser um astro exagerado, o horóscopo de 1951 vai fundo nas previsões dos infortúnios, como o de levar os pais à ruína, se não cuidar na vida; ficar viúvo várias vezes, promover a desavença entre irmãos e enfrentar tempestades. Ao fim e ao cabo, uma notícia boa: a pedra dos taurinos é a velha ágata. Quem a levá-la, montada em ouro, como está escrito no ‘Almanaque Eu Sei Tudo’, há de vencer os desafios com vitórias esmagadoras sobre os invejosos. 
Há também, na mesma edição, uma longa matéria sobre os demônios, bem assim, de forma plural, afirmando que há os maus, mas também os bons, no que acredito muito pouco. Cita Apuleio para lembrar que eles, os demônios, são eternos como os deuses, mas são embusteiros, o que é a mais pura verdade. É não esquecer que o Demônio é um anjo. Caído, é bem verdade, mas um anjo, daí o perigo da sua alma astuciosa, ele que é visto como o velho e tenebroso príncipe das trevas. 
No mais, e como vejo tantos anos depois, não há novidades na vida dos taurinos, embora a força pareça uma qualidade. Força desordenada. O touro não sabe transformar sua força na fortuna anunciada sob os raios do primeiro sol. Naqueles anos, de tão gradas e tão gratas motivações, a vida tinha na Cafiaspirina a cura de todas as dores. Mas, é que o mundo, naquele tempo, imaginava que a dor do amor era só uma coceira e que podia ser curada com a pomada Bayer. Bons tempos!

CAMPO – O noticiário do mercado imobiliário sinaliza: na pós-pandemia deve crescer o nicho de negócios em torno das casas de campo. As novas cepas do Covid-19 manterão vivo o medo social.
SEDE – A Casa de Cultura Nair Mesquita, de Macaíba, sediará a Secretaria Municipal de Cultura do município. Lá já está instalada a Academia de Letras da Cidade. Uma bela ideia da Prefeitura.  
RECORDE – Pernambuco festeja vinte anos da revista ‘Continente’, recorde de longevidade com qualidade e um plano editorial com edição de grandes nomes nacionais. São 240 edições até hoje. 
NATAL – De mesa em mesa, pelo visto e ouvido, a mesa vai acabar perdendo o sentido da tradição para ser apenas uma tábua de riqueza a servir o cardápio vaidoso de um ensopado da ostentação.
DÚVIDA – Ninguém sabe, até agora, o que teria feito o prefeito Álvaro Dias não aceitar reconduzir Cláudio Porpino. E não foi por falta de prestígio do seu patrocinador, o vereador Paulinho Freire. 
ALIÁS – Por falar em Paulinho, é uma cobra criada. Só é candidato se for candidato único. Assim foi para presidir a Câmara e será para presidir a Federação das Câmaras. E em nome do sacrifício.
TESTE – Dizia a raposa política, soltando a farpa do outro lado da máscara: “Quando um político subalterniza sua autonomia por força da alcova abre, entre os seus próprios lençóis, a sua cova”. 
MEDO – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, no mormaço da tarde, sentindo o gosto do conhaque e olhando as arandelas azuis do seu puro cubano: “O amor também faz medo”.
PORCO – Não é à toa que Mano Targino investe na criação e nos cortes especiais da carne de porco, antes mesmo do restaurante ‘O Porco’, de São Paulo. Sua luta é criar o hábito e, depois, ocupar um espaço no calendário gastronômico do Estado, a exemplo de outros mercados do Brasil. 

SACADA – Dia 6 de fevereiro, a partir do meio-dia, Targino promove, com os cuidados que a pandemia exige, o ‘Porcachaça’. Em área aberta e particular, em Macaíba. Na sua estrutura de fabricação e conservação de presuntos e embutidos, e alambique para destilar a cachaça artesanal. 
GRATIDÃO – O cronista, ainda comovido com a intensa repercussão da homenagem que prestou ao amigo Haroldo Bezerra, agradece as manifestações enviadas via e-mail, zap e telefone. Esta coluna não tem ídolos nem idolatrias. Cultiva as admirações e amigos com a força do bem-querer.
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