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“Há exame que, para ser liberado pelo SUS, demora mais de um ano”

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Confira a entrevista com a médica oncologista da Liga Contra o Câncer, Andrea Ferreira que fala sobre a demora da liberação de exames pelo SUS. Leia abaixo

Qual é a realidade, especialmente para o interior do Rio Grande do Norte, para conseguir fazer os exames necessários para o diagnóstico do câncer?

A dificuldade é uma realidade que persevera ao longo dos anos. O cenário tem melhorado um pouco ao longo dos anos, mas graças à consciência das pessoas, porque as informações estão chegando. Quando as pessoas percebem que podem estar diante de uma doença mais grave, como o câncer, eles se juntam com familiares para tentar fazer os exames, muitas vezes de forma particular. O recuso para esses procedimentos vem principalmente em nível municipal, e é muito limitado. Por isso, o tempo de espera para a biópsia, é muito grande, ainda. Há exames como a colonoscopia, por exemplo, que são fundamentais para o diagnóstico do câncer colo-retal que, para ser liberado pelo SUS, posso afirmar com certeza que demora mais de um ano. Dependendo do lugar, o paciente nem consegue, a Prefeitura informa logo que ele sequer vai conseguir fazer. Infelizmente, o sistema em si não melhorou, e se conseguimos aumentar o número de diagnósticos, foi em grande parte pelo aumento da consciência das pessoas.

Pacientes enfrentam dificuldades em realizar exames por causa da demora em viabilidade dos documentos no SUS


Pacientes enfrentam dificuldades em realizar exames por causa da demora em viabilidade dos documentos no SUS
#SAIBAMAIS#

De 2000 para cá, o número de mortes por câncer no Rio Grande do Norte cresceu mais de 30%. A que vocês atribuem esse crescimento?
O problema é universal, e não apenas nosso. Acho que até pouco tempo nós tínhamos uma má qualidade de coleta de dados. Isso tem melhorado muito, porque apesar de sempre sabermos que precisávamos de embasamento epidemiológico para ter uma cobrança nas políticas de saúde voltadas para a questão do câncer, isso sempre foi muito teórico. De alguns poucos anos pra cá, temos adotado uma postura mais agressiva em termos de coleta de dados de informação. Acho que esse é um dos fatores.

Outro fator é a consciência das pessoas em buscar o diagnóstico. Muitas vezes, em especial no interior, a pessoa morria e ninguém sequer procurava o serviço médico, ninguém sabia a causa da morte. Agora não: sabe-se que tem o câncer, e que o óbito se deu em decorrência disso.

Essa realidade é uma tendência nacional?
Mesmo com tudo isso, é preciso ressaltar que há, também, o aumento mundial do número de casos de câncer, de maneira geral. Os fatores são diversos: tabagismo, que apesar da política de formação de anos, as pessoas continuam fumando, e outras exposições. Aqui, em nosso Estado, sabemos que a deficiência na educação básica contribui. Até mesmo a higienização da boca poderia ajudar a prevenir o câncer de boca, o de laringe. São pequenas coisas que, para o nosso Estado, que é pobre, contribuem para que nós tenhamos um número maior de câncer.

No Seridó, por exemplo, há também a possibilidade da radiação ser um pouco mais intensa, não apenas em função do sol, mas da pedra, do minério existente na região, o que pode também estar contribuindo. Em suma, são vários fatores que estamos buscando identificar e estudar, para entender exatamente o que pode estar influenciando nessa crescente, em termos de RN. Essa crescente nas mortes, no entanto, é uma realidade no país inteiro.  Estimamos que, em 10 anos, o câncer passe a ser a principal causa de morte no país, ultrapassando as doenças cardiovasculares, porque atualmente o que lidera são os AVCs e os infartos. Mas, infelizmente, em no máximo 10 anos, vamos ultrapassar essas doenças.

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