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Há sete anos Natal recebia um jogo de Copa do Mundo pela 1ª vez

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Itamar Ciríaco
Editor de Esportes

No dia 31 de outubro de 2007, exatamente às 11h37, o presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter anunciou, em Zurique  que o Brasil seria a sede da Copa do Mundo de 2014. Aí começava a aventura de Natal como sede de um mundial de futebol. Neste domingo (13), chegamos a 7 anos após o ponta pé inicial para o jogo entre México e Camarões, que marcou a estreia da capital potiguar em um dos maiores eventos do mundo. Esse dia também ficou marcado pelo deslizamento de terra em Mãe Luiza devido a uma chuva intensa que caiu sobre a cidade.

A estreia de Natal como sede da Copa do Mundo teve muita chuva e Arena das Dunas lotada para assistir a México e Gana, em 2014

Quando da escolha de Natal para ser sede a proposta era baseada na construção de um segundo estádio que sequer seria erguido na capital: o Estrelão. Essa seria a primeira de muitas faces do projeto da cidade para ser uma das sedes do Mundial, o que, em parte, poderia explicar o porquê de nenhum projeto ter sido posto em prática como de início, inclusive no que diz respeito a obras prometidas e até agora não realizadas, ou concluídas.

Dois meses antes da opção da Fifa pelo Brasil, inspetores da entidade visitaram 18 cidades brasileiras, entre elas a capital norte-rio-grandense. Natal, assim como Maceió, Cuiabá, Campo Grande, Florianópolis e Rio Branco foram reprovadas de cara, nesta primeira vistoria. O motivo da eliminação teria sido o projeto deficiente na área de transportes, em parte relacionado a questão da distância do Estrelão, em Parnamirim para os principais hotéis da cidade, centro, hospitais, entre outros.

No entanto, a Confederação Brasileira de Futebol, com o apoio da presidência da República, optou por não levar em consideração essa primeira vistoria e estimulou que as cidades, em princípio 18, reformulassem seus projetos para concorrer em um “vestibular” que aprovaria apenas 12 como sedes.

Projeto inicial de Natal incluia hotéis e centro administrativo

Neste momento surge a primeira discordância. O arquiteto Moacyr Gomes,  criador do projeto do estádio João Machado – “Machadão”,  dava a sua primeira entrevista à Tribuna do Norte, sugerindo a opção pela reforma do estádio de Lagoa Nova e não a construção de uma nova arena em Natal. Segundo ele, o projeto dependeria de R$ 80 milhões (com estacionamento para 1.200 veículos), mas com as exigências da Fifa iria para R$ 100 a R$ 150 milhões (com 6 mil vagas para veículos e 2 mil ônibus). Ele exemplificou que um estádio novo custaria, como o Engenhão do Rio de Janeiro, uns R$ 450 milhões. A Arena das Dunas ficou em torno de R$ 500 milhões.

Apenas 10 dias depois dessa entrevista à Tribuna do Norte, sem aviso, ou debate público, os responsáveis pelo projeto de Natal na Copa 2014 deram uma guinada de 180º na ideia de uma novo estádio.

No dia 28 de setembro de 2008 a Tribuna do Norte publicou matéria explicando que técnicos da antiga Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SEL), em parceria com outros órgãos da esfera estadual da administração pública chegaram a conclusão que adequar o estádio Machadão seria a melhor opção para convencer a FIFA que Natal merecia ser sede.

A comissão chamou o arquiteto Moacyr Gomes que elaborou um esboço de projeto cuja ideia se baseava no rebaixamento do gramado e avanço das arquibancadas para aumentar a capacidade expandindo o estádio internamente. “Sai muito mais barato para Natal preservar o Castelão”, disse à época Gomes.

Moacyr Gomes projetou o Castelão e esboçou possível reforma

O rebaixamento do gramado se  daria em cerca de 4m e o estádio teria a capacidade ampliada para 46.300 lugares. Uma outra intervenção seria realizada na cobertura, que poderia ser sobre toda a estrutura de arquibancadas, ou dependendo das verbas, desenvolver uma cobertura completa, transparente, fechando o teto como um todo, sem atrapalhar a passagem da luz solar.

Nos arredores do estádio, rampas de acesso, em formato circular, seriam construídas para facilitar a entrada de idosos, evitando desta forma as escadas, além de funcionar como uma opção a mais de escoamento no término das partidas. As exigências da Fifa não dão conta apenas das condições do estádio em si, mas também de todo o seu entorno. Para isso, seria necessário um trabalho forte de urbanização naquela área, com estacionamento para, no mínimo, 6 mil carros e 2.300 ônibus.

O secretário de esportes à época, Ney Dias já havia inclusive calculado os custos com a obra de reforma, que variariam de R$ 100 milhões a R$ 120 milhões e que esse seria um dos motivos da escolha, além da questão do transporte, do Machadão em detrimento do Estrelão.

Mas as surpresas não terminariam por aí. O projeto aprovado pela CBF e Fifa e que levou Natal a ser escolhida como uma das sedes do Mundial de 2014 não foi o do Estrelão, nem o da reforma do Machadão. Um novo projeto, debatido nos gabinetes, surgiu e foi o escolhido para “segurar a bandeira” da cidade na eleição da Fifa para as cidades-sede.

Surgia o Complexo Esportivo Arena das Dunas, envolvendo um novo estádio, construído a partir da demolição do estádio Machadão, do ginásio Humberto Nesi – Machadinho e do kartódromo Geraldo Melo, uma área no entorno, ocupada com prédios de escritórios, hotéis cinco estrelas e até um lago artificial. Novos centros administrativos estadual e municipal seriam construídos, de forma vertical.

A área seria licitada e a empresa vencedora teria o direito de exploração de todas as áreas comerciais por 30 anos, incluindo os centros administrativos e, em troca, construiria a Arena das Dunas, que teria o custo de R$ 300 milhões.

O Estrelão seria em Parnamirim e foi projetado por Glay Carlis

Escolhida uma das sedes da Copa, em maio de 2009, o projeto de Natal aprovado pela Fifa teve vida curta e foi substituído. Sumiram as torres do entorno do estádio e tudo ficou concentrado na Arena. Na primeira licitação, nenhuma empresa compareceu e a fórmula do negócio precisou ser alterada.

O governo, além de listar terrenos como garantias de pagamento para a Parceria Público Privada, também criou um “colchão” financeiro de R$ 70 milhões. Apenas a Construtora OAS compareceu e foi declarada vencedora. Atualmente, a construtora, no modelo de consórcio, administra o estádio.

Legado

Um dos principais legados para a cidade de Natal foi a questão da mobilidade. Prefeito de Natal no período, Carlos Eduardo (PDT) defende as obras realizadas na sua gestão e considera que são importantes até hoje. “O legado da Copa foi muito importante na questão da mobilidade urbana. Tínhamos ali no entorno da Arena das Dunas uma cidade travada. Existiam sete sinais de trânsito e era uma via crucis, um calvário para as pessoas se deslocarem para casa, escola, ou passeio”, explica.

O ex-prefeito diz que, entre as responsabilidades assumidas por cada ente, para a Copa, a Prefeitura assumiu essa missão. “Era a maior obra de mobilidade urbana já realizada em Natal. São seis túneis e dois viadutos, dentre eles um estaiado, que ajuda a embelezar a cidade. OU seja, além da estética, ganhou a mobilidade”, analisa.

Carlos Eduardo também acredita que a Copa ajudou muito com a economia local. “Potencializou a nossa principal atividade econômica que é o turismo. Nós não temos pesquisas para aferir se aumentou ou nãoo fluxo turístico, mas, como prefeito circulei muito e vi restaurantes cheios e ouvi muito as pessoas falando que estavam na cidade pela primeira vez e que acharam a cidade muito agradável. Então acredito que somou sim, até porque as televisões, toda a imprensa que veio para cá mostrou a cidade de Natal e isso ajudou a divulgar a cidade”, disse. “Foi um saldo extremamente positivo para Natal”, complementou.

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