Porto Príncipe – Mais de 3 milhões de haitianos, dos 3,5 milhões de eleitores inscritos, retiraram seus títulos para votar, mas será uma surpresa se metade deles comparecer às urnas hoje. A abstenção, que chegou a 70% em 1990 e 2000, quando o ex-padre salesiano Jean-Bertrand Aristide se elegeu presidente, é uma das preocupações das Nações Unidas, fiadora das eleições.
Além de eleger o presidente da República, entre 33 candidatos, os haitianos vão escolher 30 senadores e 99 deputados. “Se o Haiti conseguisse agora passar dos 50% de comparecimento, seria uma vitória da cidadania”, disse o professor Ricardo Seitenfus, especialista em Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (RS) e observador do Itamaraty em Porto Príncipe. O diretor-geral do Conselho Eleitoral Provisório, Jacques Bernard, fez um apelo aos eleitores que tiveram a oportunidade de freqüentar a escola ajudem os analfabetos, mais de 60% da população, a votar.
A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) mobilizou todas suas tropas, 7.500 soldados e cerca de 2 mil policiais, para distribuir o material eleitoral e dar segurança aos eleitores. “Estamos de prontidão por 48 horas seguidas, desde o meio-dia”, disse o tenente-coronel Fernando Cunha Mattos, chefe do serviço de imprensa do Batalhão Haiti, que tem 1.200 homens no país. Responsáveis pela segurança de pontos-chave de Porto Príncipe e municípios vizinhos, os brasileiros controlam uma área que concentra 25% dos eleitores inscritos.