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Hamas conquista maioria

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CISJORDÂNIA - Simpatizantes do Hamas comemoram,  em Nablus, vitória nas eleições parlamentares da Palestina

Cisjordândia  – O grupo extremista palestino Hamas conquistou a maioria absoluta nas eleições legislativas palestinas ontem, conquistando 76 das 132 cadeiras do Parlamento, de acordo com resultados oficiais. O Fatah garantiu apenas 46 assentos. O primeiro-ministro palestino, Ahmed Korei, renunciou ao cargo logo após as primeiras indicações que o hamas teria vencido as eleições. O resultado contraria as expectativas pela permanência do Fatah no poder. Anteontem pesquisa de boca-de-urna indicava que o Fatah teria conquistado 58 cadeiras do Parlamento, contra 53 do Hamas.

O Fatah controla a atual assembléia, compostas por 88 membros. A nova lei eleitoral reformulada pelo presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, aumentou o número de cadeiras para 132. Nas eleições de quarta-feira, 66 legisladores foram escolhidos por distrito e outros 66 por uma lista nacional. A participação foi alta na votação, quase 78% do 1,3 milhão de eleitores compareceram às urnas. Mais de 13 mil policiais foram destacados para garantir a segurança nos postos eleitorais. Não houve registro de incidentes.

Seguidores do Hamas foram às ruas para celebrar a vitória. Em Rafah, ao sul de Gaza, partidários do grupo atiravam para o alto e entregavam balas para comemorar o resultado. Outros buzinavam e acenavam com bandeiras do movimento pelas janelas dos veículos.

Um governo do Hamas, sem o Fatah atuando como força moderada, prejudicaria os esforços de Abbas para a retomada das negociações de paz com Israel. O grupo extremista— que realizou dezenas de ataques contra israelenses e prega a destruição do Estado de Israel—-se opõe às negociações e se recusa a abandonar as armas. O legislador do Fatah Saeb Erekat afirmou nesta quinta-feira que seu partido não deseja fazer parte de um governo controlado pelo Hamas. “Nós formaremos uma oposição e reestruturaremos o partido”, afirmou.

No entanto, Nabil Shaath, outro membro do Fatah, disse que seu partido tomará uma decisão a respeito até o final do dia.

Israel fica perplexo com vitória do Hamas

Autoridades israelenses convocaram reuniões de emergência  ontem a fim de decidir como responder à surpreendente vitória do grupo militante  Hamas nas eleições palestinas, mantendo um silêncio público enquanto se acusavam  mutuamente nos bastidores pelo terremoto político. A estonteante vitória do Hamas pode estremecer o establishment político de Israel  antes das eleições gerais de março, fortalecendo os falcões que se opõem a concessões  territoriais aos palestinos.

Antes da votação, Israel assumia que o Hamas seria no pior dos cenários um parceiro  menor no governo, e não formulou uma posição pública sobre como lidar com a  situação. Com a conquista da maioria do parlamento palestino pelo Hamas, as autoridades  israelense apressaram-se a buscar respostas. O primeiro-ministro interino, Ehud Olmert, convocou  seu  gabinete e assessores de segurança, enquanto altos oficiais de segurança e do  Ministério do Exterior encontraram-se mais cedo para discutir as implicações  da vitória do grupo islâmico.

O mesmo foi feito pelos partidos Likud e Trabalhista. Políticos, acadêmicos e analistas  mostravam-se cautelosos com a ascensão do  Hamas ao poder.

Grupo quer criar Estado Islâmico

Cisjordândia – O grupo extremista palestino Hamas, a principal organização islâmica militante palestina, parece ter traduzido a popularidade de sua luta em votos, vencendo as primeiras eleições parlamentares palestinas desde 1996, realizadas na quarta-feira.

Considerada uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Européia, o grupo é visto por seus correligionários como uma força legítima de luta defendendo os palestinos da brutal ocupação militar israelense.

O grupo, criado em 1987 no início da primeira Intifada, tem como objetivo, a curto prazo, expulsar as forças israelenses dos territórios ocupados através de ataques contra os soldados e os colonos judeus e – mais controversialmente – contra civis israelenses. O Hamas insiste que a retirada israelense da faixa de Gaza no ano passado foi uma vitória de sua política.

O Hamas também tem o objetivo de, a longo prazo, estabelecer um Estado islâmico em todos os territórios palestinos, cuja maior parte permanece dentro das fronteiras de Israel desde sua criação, em 1948. Desde a morte do líder palestino Iasser Arafat, o Hamas vem participando de eleições locais e conquistou várias cadeiras em áreas como Gaza, Qalqilya e Nablus.

A organização, formada por um braço político e outro militar, tem um número desconhecido de integrantes mas conta com dezenas de milhares de correligionários e simpatizantes. O grupo se divide em duas principais esferas de operação: programas sociais, que incluem a construção de escolas, hospitais e instituições religiosas; e operações militantes lideradas pelas Brigadas Izzedine al Qassam, um grupo clandestino. O Hamas também tem um setor no exílio, no Qatar.

O grupo ganhou fama depois da primeira Intifada como o principal opositor palestino aos Acordos de Oslo —o processo de paz liderado pelo governo americano que previa a remoção gradual e parcial das tropas israelenses nos territórios ocupados, em troca de compromissos das autoridades palestinas de proteger a segurança de Israel.

Apesar das várias operações israelenses contra o Hamas, e também das tentativas de repressão da própria Autoridade Nacional Palestina (ANP), o Hamas descobriu que tem um efetivo poder de veto sobre o processo de paz, com os atentados suicidas.

Em fevereiro e março de 1996, o Hamas cometeu uma série de atentados suicidas, causando a morte de quase 60 israelenses, em retaliação contra o assassinato um de seus membros em dezembro de 1995. Atribui-se a esses atentados a decisão de Israel de se retirar do processo de paz e a eleição do linha-dura Binyamin Netanyahu, um claro oponente dos acordos de Oslo.

Com o fim dos acordos de Oslo, e principalmente depois da fracassada tentativa de retomada do processo de paz no encontro de Camp David, em meados do ano 2000 e a segunda Intifada, iniciada meses depois, o Hamas ganhou força e influência enquanto Israel destruía sistematicamente a infraestrutura da secular Autoridade Palestina.

Nas cidades e campos de refugiados sitiados pelas tropas israelenses, o Hamas organizou clínicas e escolas para os palestinos, que se sentem totalmente decepcionados com a corrupta e ineficiente ANP. O grupo também executou sumariamente colaboradores palestinos e adotou punições para “comportamento imoral”.

Mundo reage à vitória política do Hamas

Londres – Enquanto os líderes da União Européia (UE) advertiam ontem  que o Hamas tem de renunciar à violência se não quiser ficar isolado internacionalmente, no mundo árabe a vitória do grupo foi encarada como um “terremoto” político  que pode ter efeitos positivos.

A UE classifica o Hamas como organização terrorista e é a principal doadora  de ajuda financeira à Autoridade Palestina, por isso um bom relacionamento com  os europeus será fundamental para o novo governo.  Israel fez um apelo  à UE para que tome uma “posição firme” contra um governo terrorista”.

O primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin, disse ser condição indispensável  “a renúncia à violência e o reconhecimento de Israel para que a França possa  trabalhar com qualquer governo palestino.”

Para o primeiro-ministro britânico,  Tony Blair, o Hamas ganhou um mandato poderoso, “mas agora tem de decidir entre  o caminho da democracia e o caminho da violência”. Para o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, a vitória do Hamas foi  “um resultado muito, muito, muito mal”.

No mundo árabe, o secretário da Liga Árabe, Amr Moussa, disse que um governo  liderado pelo Hamas defenderia os interesses palestinos. “É o interesse dos  palestinos criar um Estado e fazer a paz”, frisou. O chanceler egípcio, Ahmed  Aboul Gheit, disse esperar que o novo governo impulsione o processo de paz e  atenda às aspirações do povo palestino”. No mundo muçulmano a reação mais entusiasta foi a do Irã, país de maioria persa,  governado por uma teocracia islâmica.

O Irã não aceita a existência de um  Estado judeu na região e é acusado de destinar armas e dinheiro para o Hamas.  Seu presidente, Mahmud Ahmadinejad, tem repetido que Israel deveria ser varrido  do mapa.

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