sábado, 20 de abril, 2024
25.1 C
Natal
sábado, 20 de abril, 2024

Hildeberto Barbosa Filho, ”Ariano Suassuna: pelas pedras da poesia” (2018, Sebo Vermelho, 70 p.)

- Publicidade -

Alexandre Alves, Doutor em Literatura e professor da UERN
[email protected]

Mais conhecido por sua produção teatral, o múltiplo paraibano/pernambucano – Professor de Estética, romancista, gravurista, entre outras habilidades – Ariano Suassuna possui escassa fortuna crítica sobre a poesia dele (esparsa, mas ainda assim representativa). Em nova investida ensaística, Hildeberto Barbosa Filho (UFPB) explora aqui em cinco textos distintos a produção poética do autor de “O auto da compadecida”. Partindo da própria opinião de Suassuna de que “a fonte original de sua criação artística era a poesia”, o crítico literário paraibano tece suas considerações sobre a obra lírica de Suassuna desde seus primórdios – o pouco conhecido “O pasto incendiado”, reunião de poemas de 1945 a 1955 – até chegar ao volume publicado em 1999 sob o título “Ariano Suassuna: poemas”. Neste último, por ser uma coletânea, um dos destaques se volta para uma seção específica denominada “Vida-nova brasileira”, formada de sonetos de herança clássica (rima e métrica altissonantes). Barbosa Filho aponta que Suassuna, embora esteja inserido cronologicamente na Geração de 45, não se encaixa diretamente nela, pois apesar das semelhanças estruturais a temática do poeta partiria “das experiências vividas no contato direto com o mundo, a terra, a paisagem, os bichos, as criaturas”. Porém, não se pode negar que Suassuna criaria com isso um universo de tonalidade regional (o Nordeste como mote) que viria a marcar sua produção artística, fosse ela teatral, musical ou poética, como a analisada aqui.

ROBERSON DE SOUSA NUNES, “Haikai e performance: imagens poéticas” (2017, UFMG, 308 p.)
Muito escrito e pouco analisado, o poemeto de origem nipônica denominado haikai – já devidamente aportuguesado para haicai – apresenta poucos estudos críticos e este aqui conjuga a longa história do texto oriental, vindo desde seus primórdios no Japão, suas transformações ao longo dos séculos (o haikai era parte inicial de um poema mais longo, o “renga”, sendo separado dele a partir dos séculos XV e XVI) até chegar a sua expansão pelo ocidente e sua chegada ao Brasil. O texto do Professor e também performer Robson de Sousa Nunes traz muitas informações sobre a adaptação e expansão do haicai entre os brasileiros a partir do Modernismo de 1922 (antes ainda, Nunes afirma que Monteiro Lobato foi o primeiro a tratar do haicai no Brasil, isso em 1906), criando uma cronologia explicativa essencial para aqueles que acham que o poemeto japonês é um mero terceto (e está bem além disto). Todavia, a maior parcela do texto foca a relação possível entre o haicai do século XX e XXI com a performance e com as diversas práticas da performance art, estas sendo um conceito interdisciplinar (pintura, escultura, dança, teatro, música, poesia, vídeo) nascido durante os anos de 1970 e designando “o trabalho efêmero, em processo, baseado no tempo, de artistas conceituais” e no qual o corpo figura como epicentro. A parte final da obra se dedica às reflexões sobre a performance poético-cênica “Haikai – somente as nuvens nadam no fundo do rio”, cujo coordenador é o próprio Nunes, e testando de até onde o haicai conseguiu chegar.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas