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História, visões e sabores turcos

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Algumas contas de turquesas que uma prima lhe enviava todos os anos, para no final serem arrumadas em um colar, alimentou os sonhos, os desejos e os projeto de infância da arqueóloga Fernanda de Camargo-Moro sobre o Oriente. Anos mais tarde, fazendo seu pós-doutoramente em arqueologia ambiental, ela especializou-se nas rotas do Oriente e morou na Índia, Iêmen, Palestina, Israel, Himalaia e Egito, fazendo inumeras visitas a outros países de onde Alice – a prima que também vivera e se intregará a cultura e hábitos orientais – lhe mandava as turquesas. Nessa lembrança, confessa Fernanda de Camargo-Moro, está a gênese de A Ponte das Turquesas (490 páginas. R$ 56,90. Record).

Aos 67 anos de idade, Fernanda Camargo-Moro é uma cientistas reconhecida e respeitada, não apenas pelos livros que já escreveu e pesquisas realizadas sobre as rotas das caravanas e suas ligações com a rota da sede e as religiões, mas também pelas atividades institucionais que assumiu. Hoje, é diretora científica da Rede Internacional de Arqueologia & Meio Ambiente, conselheira do Projeto Himalaias e diretora geral do Projeto Rotas, e escritora que exercita o estilo leve das boas contadoras de história, daquelas que transporta o leitor para outros tempos e lugares.

A Ponte das Turquesas é exatamente isso: uma viagem a uma das mais fascinantes cidades do mundo antigo e moderno, a exuberante e majestosa Istambul. Valendo-se do domínio que tem sobre os conhecimentos arqueológicos e históricos do mundo antigo e do Oriente, em particular, Fernanda Camargo-Moro nos transporta para as origens da cidade, para a época de Bizâncio, cidade-grega que cede ao domínio latino e passa a se chamar Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, testemunha e fiadora da vitória do cristianismo até capitular, em 1453, às forças do sultão turco Mehmet II. A viagem não é apenas mnemônica e visual, na medida em que a autora associa os principais fatos históricos a uma descrição vívida das arquiteturas nas sucessivas cidades e o meio-ambiente nos arredores do Chifre de Ouro. É também lúdica e gustativa na recriação da gastronomia e das culturas bizantina e turca.

Desta forma, o livro descreve palácios (o mais famosos dele é o Topkapi), kioskes e hammams (casas de banhos), e descortina a realidade do hárém, desfazendo os mistérios e as imagens que o olhar ocidental construiu – de formas errôneas – sobre essa instituição oriental. Impresso em papel especial, o encarte fotográfico traz belas imagens de objetos, mapas antigos e novos, paisagens e quadros dos museus de Topkapi, do Louvre, da National Galery e do novo museu de Pêra (Istambul)…

A comida? São mais de 50 receitas distribuídas ao longo dos capítulos do livro, dividido em três tomos. Pratos que fizeram a delícia dos bizantinos, nos dez primeiros séculos da era cristã; dos sultões otomanos, entre os séculos XV e as duas primeiras décadas do século XX; dos visitante atuais da moderna Istambul. Entre as iguarias descritas, recomendo experimentar (para um almoço simples) um conjunto de pratos que mistura a antiga e a nova cozinha turca:  visneli pilav (arroz com cerejas, pp. 322), plov usbeque (frango com arroz e especiarias, pp. 270), karniyarik (berinjelas recheadas, pp. 316), balkabagi tatlisi (abóbora em calda, pp. 335) e uma xicará de café à moda turca: o pó (do tipo árabe), açucar e agua nas quantidades desejadas em um bulê, fervidas várias vezes até obter uma espuma abundante, que deve ser servida sem coar.

O rei do pornô

Só os mais velhos, os que já tinham 18 anos na segunda metade da década de 70, vão se lembrar quem foi David Cardoso. Trata-se do Rei da Pornochanchada (440 páginas. R$ 39,00. Editora Letra Livre), gênero que abrigava os filmes de sexo produzidos pelo cinema nacional daquela época. Com papéis em mais de 80 produções do tipo, David Cardoso acaba de lançar uma autobiografia. Polêmica e reveladora, como as cenas de nudez que filmou em pleno regime militar. 

Poemas escuros

Paulo Scott, orbitando com identidade e propriedade entre poesia, conto e romance, já é tido como um dos escritores mais criativos da literatura brasileira contemporânea. Nos poemas presentes neste seu novo livro, Senhor Escuridão (160 páginas. R$ 25,00. Bertrand Brasil) Scott remonta a poesia com irreverência e desmonta o leitor com violência, através de imagens e sensações fortes e inesperadas. Uma linguagem surpreendente, ao mesmo tempo esquizofrênica e esclarecedora, íntima e universal, que agarra pelos neurônios e pelas entranhas.

O poeta da pedra

Publicada pela primeira vez em meados da década de 90, esta polêmica e aclamada biografia crítica acerca de João Cabral de Melo Neto, escrita por José Castello, é agora reeditada pela Bertrand Brasil em versão revista, ampliada e com textos inéditos. João Cabral de Melo Neto: O Homem sem Alma (272 páginas. R$ 39,00. Bertrand Brasil) é o resultado de 30 horas de entrevistas, druante as quais Castello traça o perfil de um poeta rigoroso e delicado – incapaz, no entanto, de lidar com seus próprios sentimentos. A parte inédita, Diário de Tudo, relata os bastidores das conversas, com anotações que Castello fazia após cada encontro.

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