Por Luiz Carlos Merten
Existem filmes de todos os gêneros, estilos – e lançamentos de diversos preços, ao alcance de todos os bolsos, se você quiser presentear as novidades em DVD neste Natal. Quer filmes de autor, para presentear cinéfilos de gosto apurado? Existem ofertas de Federico Fellini, Alain Resnais, Chris Marker, Ana Carolina, John Huston. Quer obras experimentais para o amigo que ousa? Que tal o pacote “Cinema Underground”, com obras de Andy Warhol, Derek Jarman e William Burroughs? Quer os astros e estrelas de Hollywood? Marlon Brando, Paul Newman, Elizabeth Taylor? Alguma coisa de política? “Paradise Now”? Algum clássico da velha Hollywood? “O Último Chá do General Yen”, talvez?
Com preços entre R$ 29,90 e R$ 171 (a caixa do cinema underground, da Magnus, é, paradoxalmente, a mais cara), você só precisa passar nas boas casas do ramo ou então aproveitar as ofertas das grandes lojas de rede e supermercados, que, às vezes a troco de banana. Seu amigo/amiga, namorado/namorada com certeza vai agradecer a lembrança. Alguns títulos são raridades, como “La Jetée”, de Chris Marker, que está sendo lançado como “Sem Sol”, pela Aurora, por R$ 37,90. Marker deu notável contribuição ao documentário e foi autor de obras engajadas que o levaram à China, à Sibéria e a Cuba. Em 1962, causou forte impressão com este filme de ficção científica que terminou fornecendo a base para “Os Doze Macacos”, de Terry Gilliam, com Bruce Willis e Brad Pitt, em 1995.
“As Noites de Cabíria”, da Versátil (R$ 36,50), foi realizado por Federico Fellini, para a interpretação de sua mulher, Giulietta Masina, a partir de um roteiro co-escrito por Pier Paolo Pasolini. A história da prostituta de rua, que não perde a esperança mesmo ao ser usada e abusada pelos homens, inspirou o musical de Bob Fosse com Shirley MacLaine (“Charity, Meu Amor”) e tem agora esta versão com Claudia Raia em São Paulo (“Sweet Charity”).
Também musical, mas teen (e kitsch), “High School Musical”, de Kenny Ortega (Buena Vista, R$ 39,90) virou referência dos jovens. É o filme que eles vêem antes de ir para a balada. Saem o canto e a dança e entram as coisas sérias.
A questão palestina inspira “Paradise Now”, de Hani Abu Assad, lançamento da Europa (R$ 29,90), sobre dois mártires cooptados para um ataque terrorista, mas que terminam por se perder e a busca de um pelo outro vira metáfora das dúvidas políticas e existenciais que passam a manifestar. E há também “Muriel”, de Resnais, com Delphine Seyrig, a atriz do cultuado “No Ano Passado em Marienbad”.
De novo Resnais cria um imaginário que mistura passado e presente, desta vez no quadro da guerra da Argélia e suas conseqüências, que atingem um grupo de pessoas em Boulogne, inclusive a viúva interpretada por Delphine e seu enteado. O filme nunca foi lançado nos cinemas brasileiros, o que significa que seu resgate em DVD, pela Aurora (R$ 37,90), tem o valor de uma descoberta. O roteirista é Jean Cayrol, que oito anos antes, em 1955, escreveu, também para Resnais, “Noite e Neblina” (Nuit et Bouillard), outro DVD da Aurora, sobre o horror dos campos nazistas. Também um resgate, mas em outro sentido, pode ser considerado “O Último Chá do General Yen”, de Frank Capra.
O filme é de 1933 (Sony, R$ 39,90), portanto anterior à fase dos Oscars de Capra, que começou com “Aconteceu Naquela Noite”, em 1934. A história da americana Barbara Stanwyck, fascinada por este grão-senhor chinês, o general Yen, tem um lado antiquado, mas ainda fascina pela mistura de erotismo e exotismo que permeia o relato, desenvolvido com grande sentido de observação e atmosfera.
Algumas dessas características – erotismo, atmosfera – se fazem presentes em outra história que também envolve militares, mas não há nada mais diferente do Chá de Capra do que o universo de perversões abordado por John Huston em “Os Pecados de Todos Nós”, com Elizabeth Taylor e Marlon Brando (Warner, R$ 29,90).
Brando criou nos anos 50 um modelo de rebeldia que teve diversos seguidores, incluindo James Dean e Paul Newman. Robert Wise planejava filmar a história do pugilista Rocky Graziano com Dean, mas a morte prematura do ator, num acidente de carro, levou-o a chamar Paul Newman para o papel.