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Histórias potiguares

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TEXTOS - Em “Carta da Seca”, Lamartine apresenta obra que trata das conseqüências da seca

O momento é mais que propício para prestarmos atenção em nós mesmos. Nada a ver com xenofobia ou atitudes egocêntricas, a hora é de pensar coletivamente na construção de uma identidade genuinamente potiguar. Na semana dedicada a São José, santo que carrega a responsabilidade de anunciar se o período será de chuvas ou de seca, nada melhor que prestar atenção nas histórias que brotam em pleno sertão potiguar.

Para enriquecer ainda mais essa busca pela identidade perdida, ou melhor, “quase achada”, cinco lançamentos editoriais foram buscar na sabedoria da velha guarda a força necessária para manter nossa memória acesa: o escritor e pesquisador Oswaldo Lamartine de Faria, 87, lança nesta quinta-feira, às 19h, na livraria Siciliano do Natal Shopping, os livros “Carta da Seca” e “Apontamentos sobre a faca de ponta”, ambos editados pelo Sebo Vermelho. No mesmo dia, às 18h, na Fundação Hélio Galvão, Tirol, o Projeto Nação Potiguar lança a terceira edição da coleção Galante.

Amanhã, às 9h, na Biblioteca Central Zila Mamede, Campus da Universidade Federal, haverá lançamento do livro “Crônicas de origem – A cidade de Natal nas crônicas cascudianas”, organizado pelo professor Raimundo Arrais, do Departamento de História da UFRN. Este é o primeiro título da Coleção Estudos Norte-rio-grandenses, publicado pela Editora da UFRN em parceria com Núcleo Câmara Cascudo de Estudos Norte-rio-grandense. Também na sexta, às 19h, no Solar bela Vista, Cidade Alta, o escritor Mery Medeiros lança “Lições de democracia e cidadania”, crônicas memorialistas que o autor publicou em jornais do RN.

Em “Carta da Seca”, Lamartine faz as vezes de organizador da obra. O livro curto (50 páginas) com capa ilustrada pelo quadro “Retirantes”, de Cândido Portinari, traz uma preciosidade que Lamartine fez questão de compartilhar com os conterrâneos: uma carta sobre a seca e suas implicações sociais escrita por Targino P. Pereira há mais de 50 anos. “Certeza certa, não tenho. Sei bem que foi nos derradeiros anos da era de 1940, quando o deputado José Gonçalves Pires de Medeiros (…) trouxe essa carta que dizia ter encontrado no lixo e dela pretendia publicar um estudo. Tenho dúvidas quanto a autenticidade, pois o autor (Targino) não foi identificado em pesquisas. Teria sido Targino um forasteiro? Não existiu? Ou quem sabe, o rastro que dele na vida ficou foi apenas essa carta”, conta Oswaldo Lamartine.

A carta é datada — 6 de junho de 1877 —, e tem destinatário certo: Antônio Pires de Albuquerque Galvão, tratado como primo por Targino Pereira. O autor conta como a seca interfere na vida das pessoas, os desafios e as tentações de viver em outro lugar.

Já em “Apontamentos sobre a faca de ponta”, Lamartine publica uma pesquisa etnográfica — com informações históricas e bibliografia — sobre os diversos tipos de facas usadas no Nordeste e sua fabricação. “Em julho de 1977, o professor Newton Carneiro, da Universidade do Paraná, entrou em contato comigo a partir de uma indicação de Câmara Cascudo. Carneiro precisa de colaboração para concluir um trabalho sobre ‘facas de tropeiros’. A partir dali comecei a botar no papel tudo o que tinha e me vinha à lembrança”, explicou o escritor e pesquisador.

Lamartine volta no tempo e narra o uso de armas brancas no sertão, conta como eram feitas, enumera as diferenças entre faca ‘de rico’ e faca ‘de pobre’, atribui valores sociais à faca além do uso a que se destina, como a valentia, o poder e a lei do mais forte. Ricamente ilustrado, o título tem 70 páginas e traz detalhes preciosos desse instrumento utilizado pelo ‘bicho’ homem desde a pré-história.

Jornal cultural Galante chega a sua terceira coleção

Enquanto isso a terceira leva do jornal ‘Galante’, editado pelo Projeto Nação Potiguar — iniciativa do Scriptorin Candinha Bezerra e Fundação Hélio Galvão —, volta a circular este ano. O lançamento é hoje, às 18h, na Fundação Hélio Galvão, av Campos Sales, Tirol – atrás do clube América. Essa é a terceira série do periódico, que começou a circular em 1999, durante as comemoração dos 400 anos de Natal. A intenção da coleção é mapear a cultura potiguar e dar visibilidade através do registro. Os exemplares ou a coleção completa podem ser adquiridos na própria Fundação Hélio Galvão.

Com patrocínio do Grupo Telemar (instituto Telemar), através da Lei federal Rouanet, mais apoio cultural do Projeto Ler, o jornal foi batizado com o nome (“Galante”) de um dos personagens mais populares do cortejo do Boi de Reis. O galante, nesse caso, são aquelas figuras coloridas com roupas ornamentadas por espelho e franjas, que dançam em fila dupla em reverência a figura do Boi.

O Galante Jornal segue uma linha editorial voltada ao resgate da cultura norte-rio-grandense, onde o compromisso de registrar as diversas manifestações sócio-artísticas para as gerações futuras é o principal mote de sua criação e publicação. Com periodicidade mensal, o periódico poderá ser adquirido em forma de coleção na própria Fundação Hélio Galvão.

Em passagem por Natal para o Dia Nacional da Poesia (14 de março), o poeta mineiro Affonso Romano de Sant’Anna teve acesso aos exemplares do Galante e se surpreendeu com a qualidade do trabalho. “Recebi CDs, folhetos, livros. E o espanto agradável voltou. A série ‘Galantes’ é uma preciosidade. Deveria ser  distribuída pelo governo nas escolas de todo país”, disse Romano. O Jornal Galante tem formato padrão: são quatro páginas coloridas com textos de especialistas a respeito de um determinado tema — para colecionadores há um portfólio em forma de pasta com capa dura para acomodar os exemplares.

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