As cirurgias eletivas de ortopedia e traumatologia em pacientes encaminhados pelo Sistema Único de Saúde, devem ser retomadas no Hospital Memorial, em Natal. Segundo a direção da unidade de saúde, a Prefeitura de Natal repassou R$ 400 mil referentes à divida somente do mês de janeiro e R$ 588 mil referentes à dívida de março do Estado. De acordo com a direção da unidade, a soma dos valores não sanam completamente os débitos dos entes públicos com o hospital, uma dívida que alcança R$ 5,2 milhões até o mês de maio – valor informado pelo hospital.
A Coordenadoria de Finanças (COF) da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) informou que, já repassou a parcela no valor de R$ 4.143.446,98, referente a pagamento de prestadores de saúde através de serviços contratualizados pelo Estado ao município de Natal. Deste valor, R$ 588 mil foram encaminhados ao Hospital Memorial. De acordo com a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o repasse depende de valores encaminhados pela Sesap.
O Hospital Memorial suspendeu as cirurgias em 17 de julho e, desde
então, somente os procedimentos já agendadas foram realizados
Apesar de fazer parte da rede privada, 90% do movimento atual do hospital é proveniente do convênio mantido com as duas secretarias, de acordo com informações dos próprios órgãos, a Prefeitura de Natal não efetua repasses desde janeiro; e o Governo do RN está pendente desde o mês de março.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE procurou a direção do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel para saber quantos pacientes deixaram de ser atendidos com a paralisação das cirurgias no Hospital Memorial, já que eles são encaminhados de um local para o outro. A Assessoria do Walfredo Gurgel informou apenas que, até ontem, 90 pacientes estavam na fila de espera para cirurgias, já com laudos finalizados, e outros 21 se encontravam nos corredores no HWG. A direção do Memorial esclareceu que somente as cirurgias que já estavam agendadas foram realizadas desde 17 de julho.
Em 11 de julho, 50 pacientes estavam espalhados em macas e camas improvisadas pelos corredores do Pronto-Socorro Clóvis Sarinho, em Natal. A lista única de espera por cirurgias eletivas de ortopedia e traumatologia é regulada pela Secretaria Estadual de Saúde Pública e, atualmente, segundo o órgão, cerca de 1,5 mil pessoas aguardam a vez em todo o Rio Grande do Norte – a maioria aguarda em casa, e há prioridade no atendimento para crianças e idosos.
O valor do repasse mensal que cabe à Prefeitura de Natal é de cerca de R$ 520 mil, enquanto os repasses do Governo do RN está na faixa dos R$ 870 mil/mês. O Hospital Memorial é responsável por 50% de todas as cirurgias eletivas de ortopedia e traumatologia realizadas pelo SUS via SMS e Sesap.
Em 21 de julho, o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) pediu o bloqueio de R$ 2.107.126,57 da conta única do Tesouro do município para sanar a dívida com o Hospital Memorial. O MPRN destaca no requerimento que essa suspensão de atendimentos ao longo de toda a semana acarreta um efeito “cascata”, gerando um represamento dos pacientes que necessitam realizar cirurgias ortopédicas nos demais hospitais da rede, como os hospitais Deoclécio Marques e Walfredo Gurgel.
Números
5,2 milhões de reais é o valor da dívida acumulada pela SMS e pela Sesap com o Hospital Memorial até o mês de maio
30 cirurgias nas especialidades de ortopedia e traumatologia encaminhados pelo SUS deixam de ser realizadas diariamente pelo Memorial, com a suspensão, que vem desde 17 de julho
50% de todos os procedimentos cirúrgicos de ortopedia e traumatologia regulados pela Sesap e pela SMS são realizados pelo Hospital Memorial
90% do movimento do Memorial é proveniente de pacientes do SUS
