quinta-feira, 28 de março, 2024
30.1 C
Natal
quinta-feira, 28 de março, 2024

Hospital suspende atendimento

- Publicidade -

Marcelo Lima
Repórter

O Hospital Giselda Trigueiro, referência em doenças infectocontagiosas, deixou de atender novos pacientes desde o meio-dia de ontem porque não tem pessoal para trabalhar na limpeza. O problema se arrasta desde julho deste ano, quando o contrato com a empresa que fornecia mão-de-obra para esse área chegou ao fim. O setor de urgência e 26 leitos foram fechados. Para o diretor técnico, André Prudente, o colapso na higienização tem relação com o maior tempo de recuperação dos pacientes e também com o aumento das mortes no hospital.
Leitos do isolamento, para infecções mais severas, estão sem poder receber novos pacientes por falta de higiene adequada
Até julho, o hospital tinha 19 pessoas responsáveis pela limpeza diária. Nos primeiros meses do ano, o índice médio de mortalidade do hospital era de 8% dos pacientes. Se considerarmos a lotação máxima do hospital, 115 leitos, esse percentual representa nove mortes por mês. Depois de quatro meses de higienização mal feita, com o máximo de cinco profissionais por dia, o índice de mortalidade aumentou para 12% em novembro.

Mesmo aqueles que sobrevivem ao internamento são afetados pela sujeira. Em novembro, os pacientes precisaram, em média, de cinco dias a mais para se recuperar  comparado-se com aqueles que passaram pela unidade hospitalar em julho deste ano. O tempo de permanência aumentou de 13, no sétimo mês do ano, para 18 dias no mês passado.

Com uma média de quatro pessoas por dia na limpeza a partir de agosto, só alguns setores do hospital recebiam a limpeza diária. Além disso, segundo André Prudente, os terceirizados não eram especializados nesse tipo de trabalho. “Quando a gente higieniza o leito, a gente está tirando principalmente as bactérias, claro que tira o grosso também. Quando isso não é feito aumenta a chance de infecção hospitalar. A infecção hospitalar aumenta o tempo de permanência da pessoa internada e a mortalidade”, disse.
André Prudente, diretor técnico do Hospital, afirma que problema agravou mortalidade
Como a partir de hoje não haverá mais ninguém na limpeza, 26 leitos de enfermaria foram interditados, 22,6% do total  do hospital (115). O diretor técnico lembrou que é necessário fazer a limpeza das camas para retirar possíveis micro-organismos deixados pelo paciente que recebeu alta. A urgência também foi fechada desde o meio-dia de ontem. A média de atendimento do setor estava em 50 pessoas por dia, mas esse número já foi oito vezes maior em períodos de epidemia de doenças como dengue.

Por sorte, o estudante Alef Ribeiro, de 19 anos, conseguiu atendimento. Ele veio da cidade de Santa Cruz com uma febre ainda sem diagnóstico preciso.“Acho que consegui porque vim encaminhado pelo médico de lá”, disse. Ele veio para a capital acompanhado da namorada Marjorie Silva, de 16 anos. Do lado de fora do hospital, ela conversava com Alef pela janela da urgência. Eles preferiram não dar opinião sobre a crise no atendimento.

Burocracia
Com o encerramento do contrato com a fornecedora de mão-de-obra Safe, a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap) iniciou um processo licitatório para a contratação de outra empresa para oferecer o serviço de limpeza do hospital. No entanto, esse processo está travado porque uma das empresas perdedoras do certame recorreu do resultado. A informação é do diretor técnico do Hospital Giselda Trigueiro (HGT). Ainda segundo Prudente, também foi aberto um processo de contratação emergencial de uma prestadora de mão-de-obra, mas até agora não foi concluído.

De agosto até ontem, o jeito encontrado para manter, mesmo que precariamente, os serviços de limpeza foi por meio de pagamento indenizatório. “Isso já é a exceção da exceção, por isso não é possível manter por mais tempo”, explicou André Prudente. A empresa JMT fornecia  os trabalhadores e o Estado pagava posteriormente.

Em nota, a Sesap informou que o contrato para a prestação do serviço a longo prazo ainda deve ser enviado à Controladoria-Geral do Estado até sexta-feira. A previsão é que o contrato entre a administração pública e a empresa seja assinado na segunda-feira (5).

GISELDA E SUJEIRA
8% era o índice médio de mortalidade em julho no hospital

12% foi o índice de mortalidade registrado no hospital em novembro

13 dias era o tempo médio de permanência dos pacientes até julho

18 dias foi o tempo médio de permanência dos pacientes em novembro

Profissionais
19 profissionais realizavam a limpeza do Hospital Giselda Trigueiro até julho

4 pessoas, em média, passaram a fazer a limpeza do hospital a partir de agosto

A partir de hoje não há profissionais para a limpeza do hospital

Urgência
50 atendimentos diários

Leitos
26 leitos estão interditados por falta de limpeza adequada

115 é o total de leitos do hospital

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas