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Hotelaria se movimenta, de olho na Copa

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Andrielle Mendes
Repórter de Economia

Renato Oliveira tem um motivo a mais para torcer na Copa. Dono de uma pousada e de um restaurante em Pirangi, torce para que o movimento de hóspedes aumente durante o mundial. Ele sabe que precisa correr para viabilizar todos os projetos até 2014 e já investiu R$80 mil no negócio. “Pretendo dobrar o número de quartos (de 20 para 40) e mais do que duplicar o número de funcionários (de 14 para, no mínimo, 28 pessoas)”, afirma.  Henrique da Costa Júnior é dono do Albergue da Costa, em Ponta Negra, e também vai ampliar seu negócio. Ele planeja investir R$100 mil nos próximos três anos. Investimentos que não entram nos cálculos das grandes entidades, mas que movimentam a economia e preparam a hotelaria para a Copa de 2014.
A Via Costeira de Natal deverá sediar novos empreendimentos hoteleiros, em áreas localizadas nas proximidades de alguns dos principais cinco estrelas do Estado
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Rio Grande do Norte (ABIH/RN), 11 hotéis serão construídos ou ampliados na Grande Natal até  2014. Novos projetos ainda podem surgir até lá. Ainda de acordo com a ABIH/RN, o setor deverá receber R$350 milhões em investimento nos próximos três anos. O valor investido, entretanto, pode ser bem maior. Isso porque o cálculo não leva em consideração os pequenos meios de hospedagem, como as pousadas administradas por Renato e Henrique.    

Leitos

Com os novos hotéis, a região metropolitana de Natal deve ganhar mais seis mil leitos nos próximos três anos (dois mil por ano). A capital já dispõe de 27 mil, número suficiente para atender a demanda da Fifa (Federação Internacional de Futebol), segundo Habib Chalita, presidente da ABIH/RN. Essa é a quarta maior oferta de leitos entre as 12 cidades-sede. Natal fica atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.    

Francisco Soares Júnior, ex-coordenador do Prodetur/RN (Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste), ex-subsecretário estadual de Turismo, ex-secretário municipal de Turismo e atual consultor na área, faz uma ressalva: dos 27 mil leitos, apenas cinco mil atendem as exigências da Fifa. Para alcançar a meta da Federação, seriam necessários mais seis mil, número que será atingido com a viabilização dos 11 projetos.

Segundo levantamento mais recente da BSH Travel Research, braço estatístico da consultoria BSH Internacional, o Brasil deve ganhar 198 novos hotéis nos próximos três anos, totalizando um investimento de R$ 7,3 bilhões. O Nordeste é líder em volume de investimentos. Com 77% de seus projetos em resorts, a região irá receber R$4,1 bilhões – mais da metade dos recursos previstos para o País. O número de hotéis previstos até 2014 é 28% maior do que o projetado no período de 2008 a 2011 pela BSH. Segundo a consultoria, é para as cidades-sede do Mundial que está indo a maioria dos investimentos.

Para Fernando Bezerril, ex-secretário de Turismo de Natal,  a hora de investir é agora. Os bancos, afirma, estão praticando juros mais baixos e prazos mais longos para quem quer construir com vistas a Copa do Mundo. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), por exemplo, aprovou quatro empreendimentos (três no Rio de Janeiro e um em São Paulo) e liberou R$211 milhões. Atualmente, analisa projetos na ordem de R$137,5 milhões em todo o Brasil – sendo que R$57,2 milhões estão previstos para Nordeste. O BNB (Banco do Nordeste), por sua vez, criou uma linha de crédito   para a Copa: a Proatur Copa, lançada em março de 2010, que destina recurso para rede hoteleira. O banco tem R$312 milhões disponíveis para o Nordeste e já financiou R$4 milhões no Rio Grande do Norte.

Segundo Daniela Tinôco, gestora de Projetos de Turismo do Sebrae RN, nem todos os empresários, porém, despertaram para a necessidade de investir nos meios de hospedagem. O alemão Daniel Grippo não quer ser incluído nesta lista. Dono de uma pousada em Maracajaú, ele também planeja investir no negócio. “O pessoal ainda não acordou e quando acordar, estarei bem na frente”.

Só construir não basta;  é preciso investir também em pessoal

Para Daniela Tinôco, gestora de Projetos de Turismo do Sebrae/RN, construir novos hotéis não é tudo. É preciso capacitar mão de obra, e mais do que isso, qualificar os gestores dos meios de hospedagem. A capacitação deve ser constante. O mercado, afirma Daniela, está muito exigente. “Quem não se capacitar, vai ficar para trás”, afirma. Vários projetos estão sendo desenvolvidos neste sentido. O Ministério do Turismo, através do Programa Bem Receber Copa, por exemplo, pretende qualificar 306 mil profissionais até 2013, em parceria com entidades do Conselho Nacional do Turismo, em 65 destinos turísticos e 12 cidades-sede da Copa.

O Sebrae, em parceria com instituições como ABIH e IBH, também capacita pequenos meios de hospedagem. O Prodetur, por sua vez, investiu mais de R$12 milhões na capacitação do setor turístico em três anos. Cerca de cinco mil pessoas foram qualificadas no RN dentro do programa. Não são, entretanto, apenas as entidades que investem em capacitação da mão de obra. Muitos empresários também estão qualificando suas equipes. Abdon Gosson, do Best Western Majestic Premier, por exemplo, enviou os funcionários recém-contratados para um curso em São Paulo. Renato Oliveira, da Pousada do Cajueiro, já planeja matricular os funcionários num curso de idiomas. Estes investimentos, na ótica de Francisco Soares Júnior, são apenas uma parte dos preparativos da hotelaria para a Copa.

Praias urbanas concentrarão parte dos investimentos

Dos 11 projetos que figuram na lista da ABIH/RN, pelo menos três estão previstos para a Via Costeira. Dos três, um já recebeu o alvará de construção. O hotel, do grupo que administra o ‘Parque da Costeira’, será erguido entre os hotéis Ocean Palace e Serhs. Os outros dois, um do Grupo Tambaqui – com hotéis em Maceió e Fortaleza – e um do espanhol Martin Ferro, aguardam a liberação das licenças definitivas.

Há projetos em fase de construção e fora da Via Costeira. O hotel Best Wester Majestic Premier, é um deles. Ele deverá ser inaugurado até novembro de 2011. O empreendimento, que está sendo erguido em Ponta Negra, faz parte da Best Western, uma das maiores redes de hotéis do mundo (a rede tem 4 mil hotéis e está presente em 90 países). O hotel foi projetado para atender a demanda durante e depois da Copa, afirma Abdon Gosson, diretor. “Espero um incremento no turismo esportivo,  de sol e mar e de negócios após a Copa”, afirma o executivo. 

Arena

A Best Western não é a única grande rede a desembarcar em Natal. A rede Accor, também presente em 90 países e com mais de 4,2 mil hotéis, está construindo um hotel da bandeira Ibis em frente a futura Arena das Dunas. As obras já começaram.

Os brasileiros, porém, trazem cartas na manga. O hotel Reis Magos, envolvido em uma pendência judicial que já durava quase dez anos, recebeu sinal verde para restauração. Prefeitura e Pernambuco S/A entraram em acordo há pouco mais de dois meses. O novo projeto para o hotel, que deve manter as mesmas linhas arquitetônicas e o nome, já foi encaminhado para o BNDES e aguarda aprovação, segundo Artur Percínio, diretor da Pernambuco S/A. “Nosso hotel é para Copa”, afirma. O hotel BRA, também envolvido numa pendência judicial, aguarda o desfecho para o caso ainda este ano.

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