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Humanoides de volta à cena

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Yuno Silva
Repórter

“Cara vai rolar um festival de um dia, começando à tarde entrando pela noite. Mas tem que ser alguma coisa bem louca, se não Marcelus Bob não estaria envolvido né? Peace and love!” Foi assim, de maneira enigmática, que Marcelino William de Farias, identidade secreta do artista visual conhecido por espalhar seus humanóides pelos muros de Natal há 30 anos, explicou como seria o ‘auê’ durante abertura da exposição “Cena Urbana” que acontece esta sexta-feira (17), a partir das 16h, no Nalva Melo Café Salão na Ribeira.
Marcelus Bob abre exposição “Cena urbana” nesta sexta-feira, onde expõe tela única de grande porte em evento que mistura música, poesia, performance e gastronomia
A programação “bem louca”, que abre alas para a exposição ‘individual-individual’ de Marcelus Bob, conta com performance poética de Civone Medeiros, “Amo como quem não teme” e pocket-show do Grupo Escolar com Bob e Glauco Rocha na bateria – na ocasião, só a presença do food truck da Brownie Mania não será, propriamente, uma loucura!

Mas antes que perguntem, o individual ao quadrado ali de cima tem uma razão de ser: além de ser solo, o artista irá rifar a única tela que compõe a mostra – um quadro de 2,55 metros por 1,55 metro. A visitação permanece em cartaz até o dia 17 de julho, data do sorteiro da rifa que custará R$ 20 o bilhete.

“O quadro? Ah, é uma cena de esquina que tem um carro e humanóides conversando, só vendo!”, adiantou Bob, cujo visual é alicerçado pelo indefectível trio: cabelão, macacão e bigodão. A tela em questão traz todas as característica que tornaram seu traço inconfundível: cores fortes e pegada expressionista e cenários de Natal – a igreja do Galo e as ruas da cidade antiga.

Pintor, roqueiro e “possibilista”, ‘semi-quase’ músico nas horas vagas quando veste a guitarra e assume os vocais do lendário Grupo Escolar, banda proto-e-pós-tudo(!) punk formada no início dos anos 1980 ainda no calor do desbunde natalense, Marcelus Bob tem 57 anos completados, 35 de carreira e foi um dos pioneiros do grafite na capital do RN.

Apontado em 2005 pela revista alemã Neue Blätter, especializada em arte, como um dos 100 artistas de vanguarda mais importantes do mundo, Marcelus Bob é cria do underground e seus personagens soturnos, nômades e subversivos representam a ambiguidade, as disparidades e as contradições urbanas: “Bróder, esses figuras (os humanóides) podem ser bom ou maus; quem sabe um zorro urbano, um pastor de ovelhas, um padre, um santo, um Dom Quixote ou até mesmo o Mister M”, garante. Para alguns, são a personificação do artista.

Inspirado na escola surrealista, mesmo definindo-se como um “possibilista”, Bob se diz um artista “100% auto-didata”. Conta que desenvolveu a técnica trabalhando sozinho, em casa, mas não esquece do apoio que recebeu da mãe, Odete do Carmo, e do artista plástico Thomé Filgueira, seu professor no atelier quando cursou Mineração na ETFRN (hoje IFRN).

“Em 1967, quando eu tinha uns nove para dez anos, minha mãe me levou para fora do barraco onde a gente morava em Mãe Luiza e, diante da lua nascendo por trás das dunas, disse para que eu pegasse papel e lápis todas as vezes que visse uma coisa daquela. Disse que (a arte e a paisagem) fazia bem para a alma das pessoas”. E assim se fez Marcelus Bob.

Serviço
Abertura da exposição “Cena Urbana”, de Marcelus Bob. Nesta sexta (17), a partir das 16h, no Nalva Melo Café Salão – Av. Duque de Caxias, Ribeira. Durante o vernissage, performance poética de Civone Medeiros e pocket-show do Grupo Escolar. Visitação até dia 17 de julho. O artista irá rifar a tela única (de 2,55 mts por 1,55 mts), com bilhetes vendidos a R$ 20 cada.

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