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Humberto de Campos, Murilo Melo e Gilberto Gil

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Alcyr Veras
Economista e professor universitário
            
Três notáveis e ilustres personalidades ocupantes da mesma cadeira nº 20 (em períodos diferentes, é claro) da Academia Brasileira de Letras:  um maranhense; um norte-rio-grandense; e um baiano. Eleito em 1919 para a Academia Brasileira de Letras, com apenas 33 anos de idade, Humberto de Campos era jornalista, escritor, cronista, memorialista, poeta, crítico literário e deputado federal pelo estado do Maranhão por três legislaturas (a terceira não concluída porque foi cassado pela então ditadura Vargas durante a Revolução conservadora de 1930).
Nasceu num pequeno município maranhense de nome Miritiba (hoje rebatizado com seu nome). É descendente de um dos três irmãos Veras portugueses que chegaram ao Nordeste, no século dezoito, atraídos pelo “boom” da cana-de-açúcar. Na verdade, seu nome completo era Humberto de Campos Veras, mas ele não adotava em sua assinatura esse último sobrenome, cujo motivo supunha-se ser devido a ressentimentos ou divergências político-familiares. Era primo de meu avô materno, Teotônio Gomes Veras.
Durante uma viagem de navio em 1928, partindo do Rio de Janeiro com destino a São Luís (MA), para agradecer sua reeleição, Humberto de Campos resolveu aportar em Natal. Foi recebido a bordo pelo então governador Juvenal Lamartine, que o convidou para um jantar na Escola Doméstica. Era dia de seu aniversário! Em cada prato com iguarias, estava escrito o nome de um de seus vários livros publicados.  Comoveu-se profundamente.
Murilo Melo Filho, uma das maiores expressões do jornalismo norte-rio-grandense, em termos internacionais. Cobriu guerras e eventos de grande repercussão mundial. Foi autor de inéditas reportagens sobre políticos brasileiros, como Juscelino Kubitschek, João Goulart, Jânio Quadros, e foi editor-chefe da Revista Manchete. Participou de encontros e entrevistas com influentes Chefes de Estado e celebridades do mundo pop.
Muito cedo, ainda de calças curtas, começou a trabalhar no então Diário de Natal, ao lado de figuras consagradas no jornalismo, como Djalma Maranhão, Otto Guerra e Ulysses de Góes, entre outros. Ligeira passagem radiofônica com Genar Wanderley, e rápida imersão na literatura com Luís da Câmara Cascudo.
Aos dezoito anos, foi para o Rio de Janeiro onde conviveu com ícones do jornalismo brasileiro, como Carlos Lacerda, San Thiago Dantas, Assis Chateaubriand e Adolfo Bloch. Formou-se em Direito pela Universidade do Rio de Janeiro.
Em 1999 foi eleito para ocupar a cadeira nº 20 da Academia Brasileira de Letras. Publicou vários livros e documentários em co-autoria. Em “carreira-solo” editou: O Desafio Brasileiro; Testemunho Político; o Brasileiro Rui Barbosa; Políticos ao Entardecer, entre outros.
Por sua vez, o “psicodélico” cantor, compositor e instrumentista Gilberto Gil é o mais novo ocupante da cadeira nº 20 da Academia Brasileira de Letras, eleito recentemente. Formou-se em Administração de Empresas. Foi contratado para trabalhar na Gessy-Lever. Mas, durou pouco. Não resistiu aos encantos da música ao se encontrar com um “timaço” formado por Caetano Veloso, Maria Betânia, Vinícius de Morais, Edu Lobo e Chico Buarque. Em 1968, fundou o Movimento Tropicalista que foi considerado subversivo pela então ditadura militar. Preso, juntamente com Caetano, exilou-se em Londres, em 1969. Antes de partir, gravou a música “Aquele Abraço” – espécie de canto de despedida que virou seu maior sucesso. Em 1989, elegeu-se vereador para a Câmara Municipal de Salvador. Em 2003, é nomeado Ministro da Cultura.      
Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.
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