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Ibama multa Chevron por vazamento de petróleo

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Rio (AE) – Duas semanas após o início do vazamento de óleo na Bacia de Campos, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Curt Trennepohl, anunciou ontem a aplicação da primeira multa contra a Chevron, no limite máximo de R$ 50 milhões.  A empresa americana também foi notificada a apresentar no prazo de 48 horas, todos os documentos que comprovem o cumprimento do plano de emergência individual que faz parte do licenciamento ambiental do empreendimento no Campo de Frade. “Caso se comprove que a empresa de alguma forma falhou na execução do plano de emergência, será aplicada uma outra multa que poderá chegar a mais R$ 10 milhões”, disse o presidente do Ibama. A Chevron já foi notificada e tem prazo de até quatro meses para recorrer da multa anunciada ontem.
Lima afirma que episódio deixou Chevron em situação complicada
Trennepohl acrescentou que uma eventual suspensão da licença de operação da empresa depende de outro processo. “Isso é uma sanção, e qualquer sanção só importa mediante um processo administrativo. Até o momento não há nenhum indicativo de que essa licença seja cassada. A não ser que, na instrução do processo, surjam fatos que demonstrem a necessidade da cassação “ O presidente do Ibama afirmou que o vazamento cessou. No entanto, ressalvou que “óleo residual que se encontra infiltrado nas rochas poderá nos próximos três ou quatro dias ainda aflorar à superfície”.

Questionado sobre a demora de duas semanas para se pronunciar publicamente sobre o acidente ambiental, Trennepohl disse que o Ibama “somente se manifesta quando tem certeza do que aconteceu” “Mas 14 dias de vazamento não é muito para ter certeza? Não foram duas semanas. Passamos uma semana analisando os fatos. E durante todo esse tempo o Ibama emitiu notas com informações das quais tinha certeza. Estávamos analisando uma série de hipóteses “

Após anunciar a multa, o presidente do órgão ambiental reconheceu que o valor máximo que o Ibama pode aplicar, de R$ 50 milhões, segundo a previsão legal, está defasado. “Esse valor foi fixado em 1998, realmente deveria ser corrigido sazonalmente Dependendo da infração ambiental, é um valor pequeno.”

Trennepohl acrescentou que o plano nacional de contingência “está em fase de finalização e, mesmo que existisse, não se aplicaria” no caso da Chevron. “Nesse caso específico, a empresa tomou as medidas (com equipamentos da Petrobras). O equipamento que ela usou para nós é indiferente, desde que tenha cumprido o plano de emergência. Isso nós vamos saber na quarta-feira.”

Apesar de pela manhã ter afirmado que anunciaria a aplicação de multas estaduais, o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, disse à tarde que o governo optou por ingressar com uma ação civil publica contra a empresa para cobrar a reparação por danos ambientais. “Nossa estimativa é que o valor chegue a R$ 100 milhões.” Ele também disse que vai determinar uma auditoria internacional nas instalações da Chevron, obrigar a empresa a pagar por ações de monitoramento e que pelo menos metade de multa federal será aplicada na construção de um sistema de monitoramento marinho na costa e em dois parques estaduais e um federal no norte do Estado.

Segundo o secretário, foram retiradas duas remessas com água e óleo, uma delas de 250 metros cúbicos e outra de 135 m³. O delegado federal Fábio Scliar disse que pretende ouvir sete pessoas da Chevron até o fim da semana. “Não tenho dúvida quanto ao crime de poluição. É preciso delimitar as responsabilidades.”

Chevron pode perder direito ao pré-sal

Brasília (AE) – A companhia petrolífera Chevron poderá perder o direito de participar da exploração do petróleo do pré-sal depois de ter causado o vazamento de milhares de litros de óleo na bacia de Campos. A empresa, que apresentou um projeto à Agência Nacional de Petróleo (ANP), terá sua proposta analisada nesta quarta-feira e, nas palavras do presidente da ANP, Haroldo Lima, “ficou em situação muito complicada”. A empresa poderá até mesmo perder a classificação de operadora A, que permite a exploração em águas ultra-profundas em geral.

A classificação da ANP dá às operadoras tipo A o direito de exploração em qualquer meio no País, desde que sob concessão. As operadores B não podem explorar áreas ultra-profundas, como as do pré-sal. A C só pode trabalhar em terra. “Certas prerrogativas que a empresa tem como operadora A, podendo, por exemplo, perfurar até o pré-sal, vão ser melhor examinadas”, afirmou Lima.

A avaliação do governo é que a empresa foi irresponsável e negligente. Omitiu informações e induziu a ANP ao erro. Os problemas detectados já geraram uma multa do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), por dano ambiental, de R$ 50 milhões e dois autos de infração da Agência também pelo valor máximo de R$ 50 milhões.

As multas, no entanto, podem aumentar. De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a Chevron poderá ser multada ainda se não tiver cumprido todos os requisitos do licenciamento ambiental e o plano de emergência previsto nesses casos e se tiver fornecido informações erradas ou omitido dados. Cada infração poderá gerar outra autuação que pode chegar ao R$ 50 milhões.

Além de ter causado um enorme prejuízo ambiental, a empresa complicou ainda mais a situação ao distorcer e sonegar informações enviadas à ANP. Desde o dia 12 de novembro – cinco dias depois do vazamento ter sido detectado – a empresa apresentou um plano emergencial de abandono do poço no Campo do Frade e pediu urgência na aprovação. No entanto, um equipamento essencial, usado para cortar a coluna central do poço e permitir a colocação de tampões de concreto, não estava no Brasil e chegou apenas hoje – isso não foi dito à Agência. “Trabalhamos com informações falsas quando aprovamos o plano. A empresa não tinha o equipamento necessário e por conta disso todo o plano está atrasado”, informou Lima. “A ANP não foi tratada de forma correta”.

Empresa admite rever plano de contingência

Rio (AE) – A Chevron do Brasil admite rever o plano de contingência da empresa depois do acidente no Campo de Frade, na Bacia de Campos. Um dos problemas observados foi a demora para envio de equipamentos e lama pesada usada para interromper o fluxo de óleo que saía do reservatório – o vazamento, iniciado em 7 de novembro, foi identificado dois dias depois e a lama injetada somente no dia 13. A empresa também apresentou pela primeira vez uma estimativa de petróleo que chegou à superfície – 2.400 barris ou 381.600 litros. “Temos uma cooperação muito boa com a Petrobrás, que disponibilizou a base de Macaé para que tivéssemos mais agilidade, mas a lama pesada saiu da base no Rio de Janeiro (a cerca de 300 quilômetros do local do acidente)”, reconheceu o presidente da Chevron, George Buck, em uma entrevista tensa, em que ameaçou deixar a sala de reuniões por três vezes.

A demora para o fechamento do poço foi criticada pelo oceanógrafo David Zee, perito nomeado pela Polícia Federal para atuar no caso. “Quatro dias é tempo demais. Vazamento de óleo é como incêndio – a primeira hora é fundamental para o combate. Assim que aparecer a mancha imediatamente tem que ter equipe para instalar a boia e retirar o máximo possível o resíduo”, afirmou. A mancha de óleo foi detectada por um helicóptero da Petrobras na terça-feira, 8. Na quarta, um robô submarino identificou as fissuras na rocha, por onde o óleo escapava. A Chevron começou a retirada do óleo na sexta-feira, 11.

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