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Ideias que viram dinheiro

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VICENTE ESTEVAM – Repórter de Esportes

Convidado para ingressar no ABC no início do ano passado, ele não pensou duas vezes e como um dos responsáveis pela área de marketing do clube, ajudou o Alvinegro a dar uma verdadeira guinada em sua trajetória de queda. Ao lado de Paiva Torres, Alan Oliveira ajudou a tocar projetos que muitos consideravam impossíveis de se concretizar dentro de um clube que acabara de ser rebaixado para série C, estava mergulhado numa grave crise financeira e com os torcedores completamente desmotivados. Um ano após topar com o desafio, Alan que está de saída da direção do “Mais Querido”, vai deixar saudades na torcida do Alvinegro por ter participado de um dos maiores “cases” de marketing do futebol nordestino. O trabalho realizado ganhou projeção nacional e nessa entrevista à TRIBUNA DO NORTE ele explica os motivos que o fizeram optar por largar um projeto que pode dar a equipe potiguar a verdadeira dimensão do tamanho da marca ABC.

Alan Oliveira - Dez SportsQuais os motivos que fizeram você largar a diretoria do ABC?

Sou muito grato ao ABC pelo convite, desde a função de assessor de imprensa, no fim de dezembro de 2009 e, ao cargo de diretor executivo de marketing, feito em julho de 2010. Nesse período, vestimos de fato a camisa do clube, fizemos amigos, bons negócios, entre elas a maior negociação de material esportivo do Brasil, com a Lupo, e a implantação do projeto de mascotes mais respeitado do país. Mas desde o final do ano passado vinha analisando os modelos das empresas de marketing esportivo no país, e decidi esta semana por fim a exclusividade. Com isso, a Dez Sports pode participar de projetos em outros clubes, federações, enfim, gerenciar carreiras que também é dos serviços oferecidos. Neste tempo, uma das maiores alegrias foi fazer uma palestra sobre o “case” de marketing do ABC em Belém, com auditório lotado, este mês, no Troféu Camisa 13, um dos mais importantes eventos de marketing esportivo do Brasil.

Mas não dava para conciliar a vida de dirigente com a de gerente de marketing da empresa?

Precisei voltar à empresa para coordenar o primeiro curso de MBA em Gestão e Marketing Esportivo pela FAL (Faculdade de Natal), entregar minha monografia de especialização em Salvador, pela Gama Filho, que só tenho dois meses para apresentar. O tempo está muito curto. Deus, minha família, a equipe da Fácil e da Dez, a diretoria, a torcida, os conselheiros, os patrocinadores, meus amigos da imprensa, foram fundamentais para fazer este trabalho tão apaixonante.  Sou muito grato ao presidente Rubens Guilherme, que aceitou a indicação de Gláucio Uchoa (vice-presidente), a primeira citação do meu nome por Flávio Anselmo, de pronto acatado por Paiva Torres, um visionário, o maestro desse time, que enxergou esse momento no início do ano passado, ou seja, planejamento com resultados.

Dizem que por trás dessa decisão estaria o interesse de outros clubes no trabalho da Dez Sports, isso é verdade?

Não. A decisão foi fundamentalmente por posicionamento de mercado, por abrir possibilidades, mas continuarei sendo parceiro do clube, inclusive aceitei o convite do presidente Rubens Guilherme e do vice-presidente Paiva Torres, enfim, da diretoria, para montar o modelo que vai gerir os negócios a partir de agora. Alguns nomes estão sendo estudados e devem ser anunciados esta semana.

Sabemos que o sucesso do marketing do ABC foi repercutido nacionalmente e que Vitória e Bahia mostraram interesse em seu trabalho. Então o que há de verdade nisso?

A Dez Sports terá escritório ainda este ano em Salvador, onde concluo em abril minha pós-graduação, mas não houve contato das diretorias desses clubes, só amigos que sondaram essa possibilidade, mas nada oficial.

Pessoas ligadas a você segredam que Alan Oliveira seria um dos nomes para assumir a Secretaria de Esportes do governo. Existe mesmo essa possibilidade?

Gerir a atividade pública é tarefa que exige qualificação, conhecimento, relacionamento, buscar alternativas para ter a criatividade nas dificuldades da falta de um orçamento ideal, por exemplo. A iniciativa privada precisa ser provocada para apoiar o esporte no nosso estado. Ou seja, muitas empresas precisam investir no marketing através do esporte, associando suas marcas a vibração, a vitória, superação, emoção, enfim, tudo que só o esporte proporciona. Assumir um desafio público é uma missão que não tive a oportunidade, o que seria um prazer muito interessante. Mas não houve convite.

Afinal de contas isso não seria qualquer uma aberração, uma vez que você sempre prestou serviço de assessorias a políticos e entende do ramo, não é verdade?

Trabalho com assessoria de imprensa há dez anos e há 12 como assessoria política. Com esporte, já prestei serviços às secretarias de Esporte de Natal, Turismo do RN e a Secretaria da Secopa/RN. Coordenei equipes de comunicação e não teria dificuldade para exercer essa função. A equipe da governadora Rosalba Ciarlini tenho certeza que escolherá um bom nome para esse novo momento do esporte do Rio Grande do Norte.

Se não for você mesmo, então o que esperar do novo secretário de Esportes? Você faz ideia de um bom nome para a pasta?

O novo secretário precisa conhecer a atividade na prática, não no discurso, ou ter uma equipe que saiba os prós e contras do setor como poucos. Conhecer Brasília faz um bem danado. É fazer o projeto, ser criativo e fazer até o que vem dando certo em alguns centros, adaptando para nossa realidade. Está na hora de ter um executivo nessa pasta tão importante que mobilize secretarias de Educação, Saúde, Segurança, Turismo, enfim, uma maior integração como plano de governo, uma ação fundamentada que ofereça as alternativas de mídia de futuro para iniciativa privada.

Um bom gestor poderia tirar lucros de que forma do esporte?

Um clube só, por ano, garante ao governo potiguar cerca de R$ 14 milhões de mídia espontânea só com exposição de marca na Sportv e PFC em um campeonato como a Série B. O retorno anual chega a mais de R$ 50 milhões, caso o governo fosse pagar essa mídia para divulgar o estado, as belezas naturais em campanhas institucionais. Os nomes cogitados na imprensa, como Lupércio Luiz, o ex-prefeito de Goianinha, Rudson Lisboa, tem em Mossoró e Goianinha, exemplos de como movimentar o esporte, realizando grandes eventos e aproximando o esporte da sociedade, das comunidades.
 
Já que estamos no campo das suposições, se você fosse governador que medidas adotaria para impulsionar o esporte e o futebol do RN?

Primeiro, aumentar esse orçamento da secretaria. Dizer que tem secretaria sem recurso é melhor não ter. Buscar emendas junto aos nossos parlamentares em Brasília para construção de equipamentos esportivos e fazer um plano de incentivo para as empresas que investirem no esporte potiguar. A Bolsa Atleta é uma alternativa que minimiza a dor de quem busca defender o Rio Grande do Norte e ficar com o pires na mão. O básico, do básico, é ter uma política do esporte, passa governo, entra governo, ela fica. Não adianta é necessário planejamento, é preciso sair da toca e fazer.

Em relação à Copa de 2014, primeiro quero saber se acredita mesmo que Natal conseguirá sediar a competição e se você está preocupado com algo mais relacionado a isso?

Acredito que a Copa 2014 virá sim a Natal. É preciso passar uma borracha nas diferenças políticas que prejudicaram esse processo. O esporte do Rio Grande do Norte será outro com o legado de um evento dessa grandiosidade. O turismo nem se fala. Agora, estou preocupado com essas candidaturas de estados poderosos que crescem com as dificuldades que estamos tendo aqui. A união da classe política pode decidir, basta querer.

Agora gostaria de saber se causou surpresa o ABC ter ficado fora da lista de Campos Oficiais de Treinamentos que será apresentada pelo RN aos inspetores do LOC, em março?

O ABC Futebol Clube está pronto para receber seleções que aqui vierem. O estádio Frasqueirão passará por reformas significativas, com ampliação de camarotes, arquibancadas. No momento oportuno, o torcedor terá novidades. 

Com o nome da sua empresa ligada ao ABC e o mercado cada vez mais necessitando de especialistas em marketing, as duas partes sairiam ganhando ou chegou ao ponto que a Dez Sports já poderia amargar algum prejuízo?

ABC e Dez Sports ganharam nessa parceria. O clube conquistou um aumento de 110% de sua receita, comparando julho a dezembro de 2010. A Dez teve a visibilidade do trabalho, garantindo posicionamento no mercado muito novo e resultados das receitas geradas. O ABC é cliente da Dez Sports e assim será no novo formato, como assegurou a diretoria.  Mas a empresa é de marketing esportivo, não de publicidade, são agências bem diferentes. Os serviços, a linguagem, o bussines do esporte só foi descoberto no Brasil há 32 anos, ou seja, pouco tempo, mas teve seu auge nos anos 90, com o case da Parlamat e Banco do Brasil, dois modelos de sucesso.

Qual é a previsão de arrecadação do ABC para a temporada?

Nas propriedades de patrocínio, quase R$ 300 mil/mês, desse valor só a camisa garantirá R$ 240 mil/mês. A receita do sócio chega a R$ 200 mil, tem a Timemania, em torno de R$ 180 mil, rendas dos jogos, royaties dos produtos licenciados, cotas de transmissão da Série B, Campeonato do Nordeste, enfim, acredito que será uma média R$ 750 mil/mês, a partir de abril de 2011.

O trabalho que vocês conseguiram implantar no ABC visando à captação de recursos será suficiente para o clube brigar pelo acesso para divisão de elite já este ano?

O ano começa com dificuldades pela ausência de receitas no início de temporada. Espero que no próximo ano isso não aconteça, já que estamos seguindo um plano para deixar em breve o ABC autossustentável. Agora, os recursos conquistados darão a largada para começar bem do ano. Agora, o torcedor, o nosso cliente, será fundamental para ser o maior patrocinador, através do Programa de Sócio Mais Querido, um “case” que mudou a concepção de fidelizar a torcida potiguar. O vice-presidente de Marketing e Comunicação, Paiva Torres, foi muito feliz ter conduzido o projeto com a Fã Clube.

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