sexta-feira, 19 de abril, 2024
26.1 C
Natal
sexta-feira, 19 de abril, 2024

Imediatista

- Publicidade -
Rubens Lemos Filho 
Se é bom ou não, o fato é que sou um imediatista orgânico. Gosto de resolver logo o que for problema e de ver sem tolerância aquilo que é ruim. Daí estar sendo torturante assistir ao futebol brasileiro e, ABC e América, pior ainda. 
Jamais, por compromisso profissional e, inegavelmente afetivo com a Tribuna do Norte, a casa que me acolheu menino, irei contemporizar com a mediocridade. Por respeito a você, leitor. Por incapacidade de me enganar. 
Comparo passado e futuro como parâmetro de ótimo e péssimo nível. No fim de semana passado, outra tristeza ao ver ABC x Santa Cruz no Frasqueirão vazio. Por ironia macabra, o estádio vazio ameniza a fragilidade do que fazem os homens de chuteira torta e inteligência parca. 
Aprendi e faça você também o teste, que jogo ruim não termina no tempo regulamentar. Quando o relógio marca 20 minutos, a impressão que se tem é a de que não descolou o ponteiro dos primeiros cinco. A ruindade torna a contagem do cronômetro modorrenta, lenta, interminável e dolorosa. 
Sem demérito, só a obrigação e a terapia que para mim é o exercício da escrita, me permite atenção aos movimentos de um jogador chamado Marquinhos Taipu. Não pelo nome, pelo engano, o equívoco cometido contra ele, quando lhe apontaram o campo de futebol como meio de vida ou exercício profissional. 
Alguns míopes rasgam elogios quando um time sem tradição ganha de ABC ou América. A não ser a vitória do Potiguar sobre o alvinegro por 4×2, no último ato da tragédia chamada Sílvio Criciúma, o técnico ortodoxo dos empates, o equilíbrio é por baixo. 
ABC e América perderam o respeito dos demais. Que observam a fragilidade técnica e partem para cima, ensaiam jogadas ousadas, até linha de passe pelo meio de campo e entram na grande área como o estafeta-padrão voa levando o documento exigido pelo chefe de escritório. Nunca foi tão fácil confrontar dois clubes que já serviram de exemplo e impuseram respeito ao longo de décadas no Nordeste. 
Quando possuíam times decentes, ABC e América nunca temeram adversários de outros estados. Mesmo os grandes tremiam por aqui, na relva sagrada transformada em campo santo pelos demolidores e sicários do saudoso Castelão(Machadão).
Zico, o Pelé pós-1970, só conseguiu fazer um gol em Natal, tendo jogado quatro vezes liderando constelações. Na primeira , em 1973, Zico, de ponta-direita, não conseguiu vazar o goleiro Ubirajara do América, ainda que o Flamengo tenha enfiado 3×0, com show do malandro Paulo César Caju. 
Três anos depois, Zico foi anulado pelo volante Zeca, do América, empate por 0x0, Galinho esplêndido logo após estrear na seleção brasileira profissional. 
Zeca marcou Zico sem violência e o anulou. Em 1979, invicto há 45 jogos, o Flamengo ganhou da seleção de Natal por 2×1, gols de Nelson e Cláudio Adão, com o maestro Danilo Menezes descontando para os locais. 
Zico só balançou a rede  no Castelão(Machadão) em 1985, em novo confronto com a seleção de Natal. Menos por mérito dele, mais pela falha do ótimo goleiro César. Campo molhado, Zico arriscou um chute que saiu deslizando pela grama até enganar César. Foi 1×0. 
Agora, o Flamengo de Gabigol não virá jogar em Natal pois a distância entre os clubes maiores(na tradição mais que na bola), é abissal, é de anos-luz, medida de distância calculada em trilhões de quilômetros. 
O esforço dos comunicadores, alguns nem tão coerentes com a verdade, é tragicômico, tentando provar que em Natal andam jogando futebol. 
Escolheram o mantra equivocado de culpar a Federação de Futebol, que ainda segura as pontas para evitar o fim geral. É mais ou menos como achar que a CBF chutou o pênalti ridículo de Sócrates contra a França em 1986, merece ser responsabilizada pelo gol de Henry em 2006 enquanto Roberto Carlos ajeitava o meião. Requinte francês é contradição do texto. De um impaciente, de um ansioso. De um imediatista por futebol de respeito. 
Wallyson 
Digam o que quiserem, mas Wallyson é a referência, única, do futebol potiguar. Domingo, fez duas ou três jogadas belíssimas contra o Santa Cruz. Lances que o absolvem de qualquer injustiça. 
Diferença 
Wallyson se comunica em português. Seus companheiros de sofrido ABC, entendem em finlandês. 
América 
Confirmada a final do primeiro turno América x Globo, para o futebol será melhor a vitória da tradição, da grandeza e da luta do América, apesar das crises internas entre cartolas. 
Motivação 
O América na final dará uma certa motivação ao campeonato e obrigará o ABC a suar sangue para chegar à final. 
Antipático 
Pelo seu dono, o Globo é um clube mercantilista e antipático. Não condiz com o bravo povo de Ceará-Mirim. Globo poderia mobilizar a cidade e a região do Vale. 
O homem 
Ravanelli, meia, é o destaque da Chapecoense, que o ABC enfrenta na Copa do Brasil. No último jogo, empate em 0x0 com o Hercílio Luz pelo catarinense. 
Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas