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Imóveis à venda não são atrativos

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Leandro Igor Vieira – repórter

Com o início do veraneio, milhares de famílias e turistas se programam para mudar de ares. Praia, sol e tranquilidade é tudo o que eles querem.  No entanto, a  reportagem da TRIBUNA DO NORTE encontrou, no litoral norte do Estado, um movimento diverso: por causa da infraestrutura deficiente, antigos e novos  moradores querem se livrar de suas casas de praia. Uma enxurrada de placas, que anunciam: “vende-se”, tomaram conta das fachadas dos imóveis, principalmente, nas praias da Redinha e Santa Rita.
No litoral norte, a falta de estrutura é problema recorrente
O movimento é observado pelos nativos há algum tempo. Ano após ano, decresce a quantidade de pessoas que escolhem as duas praias como lugar de descanso. Neto Lemos, comerciante na região há 13 anos, planeja a mudança para o ano que vem. Preocupado com a falta de segurança e a queda no movimento de clientes, ele diz que não faz mais sentido trabalhar no local. “Consegui melhorar a renda da família com o meu mini-mercado, mas agora não tem como permanecer aqui, não rende mais”, conta. O hotel que ficava em frente ao ponto comercial de Neto fechou há dois anos, o que piorou a situação.

Andar pelas ruas da Redinha e Santa Rita é um desafio que mostra o quanto a região tornou-se pouco atrativa. Não há asfalto, sinalização e os moradores reclamam da falta de saneamento básico. No período de chuvas, são comuns alagamentos e abertura de crateras, o que torna o lugar ainda menos convidativo. Aliás, um dos motivos que explicam o aumento da quantidade de imóveis à venda, no verão,  é a estiagem, que mascara o problema dos alagamentos e engana os desavisados.

Amélia Souza, professora, é uma das que se sente enganada. Há cinco anos ela comprou uma casa de dimensões modestas, localizada a 20 passos da praia de Santa Rita. Era a promessa de paz e de uma vida nova. Hoje, está arrependida. “Nem sofro muito com o problema das chuvas, mas não aguento as festas barulhentas de alguns visitantes. Santa Rita não é mais um lugar de tranquilidade”, disse. O seu imóvel está à venda há 6 meses e ela espera conseguir se livrar do problema antes do 2013,  quando pretende comprar uma casa em outra região do litoral potiguar.

Com mais de 20 veraneios passados na Redinha, José Leão, aposentado, também pretende vender sua casa. Hoje, com os filhos crescidos, ele vê a manutenção  da segunda residência como um desperdício. Os netos, que moram longe, poderiam fazê-lo mudar de ideia, mas ele se mostra decidido. “A casa já foi arrombada duas vezes, e não pretendo passar por isso de novo”, conta.
O morador Jacó Gurgel reclama da falta de policiamento
Seu incômodo é o mesmo de Jacó Gurgel, comerciante. “Não há fiscalização, não há policiamento, e as pessoas fazem o que querem”, comentou o morador. No mês passado, a filha adolescente foi assaltada na orla da Santa Rita, enquanto passeava com as amigas. Ainda assim, ele não planeja mudar de residência, mas lamenta que a região esteja perdendo a força e a beleza de antes.

As impressões do comerciante são sentidas de perto  pelos corretores, como Marlon Morais. Atuando há mais de 15 anos na área, ele confirma: há mais oferta do que procura e a falta de estrutura só piora a situação. Mais uma explicação: os preços de venda caíram, contexto que cria a sensação de que é preciso se livrar do imóvel antes de nova retração. “Os valores caíram porque o número de estrangeiros  também diminuiu, em virtude da crise na Europa. Isso criou uma desvalorização generalizada”, explicou Marlon. 

Os imóveis na região custam, em média, R$ 150 mil, mas o valor pode ficar bem maior, dependendo do tamanho do terreno. Se as vendas não vão lá muito bem, os aluguéis seguem o caminho contrário. Segundo Marlon, há uma previsão de ocupação de 80% dos imóveis vazios e com placa de aluga-se. Os preços variam entre R$ 3 mil a 12 mil.

Urbanização

Procurado pela reportagem da TN, o prefeito de Extremoz, Klauss Rêgo, disse que a situação das praias da Redinha e Santa Rita deve melhorar nos próximos meses. Ficará pronto, no início de 2013, um projeto de urbanização contemplando todo o litoral do município, que inclui cinco praias. O plano prevê melhorias nos calçadões, na iluminação e no sistema de drenagem.

Após finalizar o projeto, a prefeitura irá pleitear recursos junto ao Ministério do Turismo para realizar as obras. Sobre a insegurança, Klauss Rêgo informou que o monitoramento das praias citadas é responsabilidade de Natal, mas que já pediu reforço aos responsáveis pelo patrulhamento.  Segundo ele, muito em breve o município de Extremoz deve ganhar em valorização. O Centro de Alto Rendimento (C.A.R.) abrigará centros de treinamento para atender 16 modalidades olímpicas.  O projeto, da iniciativa privada, foi lançado, em São Paulo, no dia 11.  O custo total da obra está estimado em R$ 400 milhões.

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