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Importados: um setor em expansão

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Sara Vasconcelos
Repórter

O natalense parece mesmo disposto a investir em carros importados. O mercado que no último ano apresentou aumento de 100%, continua em expansão. Prova disso são os inúmeros modelos de diversas marcas que transitam pelas ruas da cidade. De acordo com estimativas de concessionárias, a  curva de crescimento deve continuar acelerada, movida pelas facilidades de financiamento, a baixa do dólar e o aumento do poder aquisitivo da população.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) verificou, no mês passado, queda de 0,7% na venda de modelos nacionais em todo país. Na contramão disso, o comércio de veículos importados registrou incremento de 28,5% em comparação com os quatro primeiros meses do ano passado. O mercado potiguar também tem registrado a expansão do setor.

Embora  sem detalhar por categoria, o Departamento estadual de trânsito (Detran/RN), aponta uma frota de  45.830 veículos importados em todo Estado, o que corresponde a 5,64% da frota estadual de veículos (812.074). Destes, 25.921 somente em Natal.

A preferência pelos importados se dá pela paridade de preço com modelos nacionais – acima de R$ 50 mil – compensada pela oferta maior de acessórios e itens de segurança dos carros estrangeiros. “O cliente está cada vez mais exigente e busca um produto com mais qualidade. Nisso se estabelece uma relação de  confiança mútua na marca. Tanto no sentido de pagar  um pouco mais  para ter qualidade, quanto da marca em dar um garantia estendida, independente da quilometragem”, observa a gerente de vendas da Hyundai Caoa do Brasil Ltda. Suzana Salgado Fisher de Noronha. A duração da garantia  é de cinco anos.

Em quatro meses de operação na cidade, o grupo Carlos Alberto de Oliveira Andrade (Caoa) concessionária da marca coreana,  vende uma média de 45 carros por mês. O modelo hatch I30 (R$ 53 mil) lidera as vendas, desbancando inclusive outro modelo de utilitário de luxo, que por cerca de quatro anos foi o preferido pelos consumidores natalenses. 

O gerente geral da PG Prime, que comercializa marcas como Land Rover, Audi e Volvo, Divaldo Santiago, se mantém otimista com o mercado potiguar. Para este ano, a concessionária espera superar os 100% das vendas em relação a 2010. O compromisso com a montadora Land Rover é de vender 376 veículos, o dobro de vendas registradas em 2010, que chegou a 188 veículos. “No primeiro quadrimestre já estamos 10% acima da média  projetada para o período”.

A projeção para este ano também é a seguida por outras concessionárias, como a Subaru. Com preços que oscilam entre R$ 60 a R$ 160 mil, os modelos da montadora japonesa vendem em média 10 unidades por mês. “O mercado está aberto para marcas novas e consagradas da categoria premium”, afirma o diretor Allan Liderzio.

Concorrência com nacionais se acirra

Representantes de concessionárias divergem sobre o impacto do avanço dos importados no mercado de nacionais. Mais acessíveis com a queda do dólar e com alta qualidade, os importados têm impacto  negativo e afetam os carros médios – na faixa de R$ 40 mil em diante – que passaram a perder espaço na predileção do consumidor potiguar, diz o gerente geral da Espacial e Natal Veículos Alexandre Frias. “Este segmento de mercado registra queda em torno de 15% em relação ao passado”, explica o executivo.

A projeção da Federação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Fenabrave/RN) indica uma retração do mercado de automóveis no Rio Grande do Norte. A Federação estima emplacar 26 mil carros nacionais, ao contrário dos  28,5 mil emplacados no ano passado. A queda acompanha o movimento nacional, motivado por medidas restritivas do governo, com perspectivas de emplacamento de 3.3 milhões de veículos este ano. O país fechou o ano de 2010 com uma marca de 3.5 milhões de carros emplacados.

“Apesar do cenário pouco otimista e contrariando a lógica do mercado potiguar para o ano de 2011, a rede Chevrolet se mantém aquecida em modelos mais populares”, afirma. A rede pretende passar dos 5.425 veículos emplacados em 2010 para 5.835, este ano. Embora tímida, a projeção de crescimento se respalda nas vendas de modelos de motores 1.0 e 1.4. “A marca tem boa aceitação nestes modelos”, observa.

Mas há quem esteja mais otimista e garanta que a expansão não se trata da nacionalidade, mas do segmento de preço. Os carros acima de R$ 50 mil, ressalta o  diretor comercial das concessionárias Pontanegra Fiat e Salinas Ford, Marcelo Coutinho, passam por uma valorização. Há menos de uma década, carros nacionais de motorização 1.0 – os chamados  populares – respondiam por 70% das vendas. Atualmente, as vendas se equiparam aos de custo mais elevado.

“O crescimento de mercado foi alavancado pela melhoria no poder aquisitivo do brasileiro nos últimos oito anos,. O mercado não caiu um volume do 1.0, mas apresenta um numero menor na pirâmide que ficou mais estreita nas vendas”, analisa o diretor. Modelos como o Linea, Bravo, acima dos R$ 40 mil, ganharam o mercado. Modelos na faixa de R$ 130 mil, entre os nacionais, também têm lista de espera de até 30 dias.

Empresas planejam crescimento

As perspectivas de crescimento do mercado potiguar tem estimulado a expansão de empresas do setor. Somente o Grupo CAOA (Carlos Alberto de Oliveira Andrade), importador da Hyundai para o Brasil, pretende aumentar em cerca de 200% a operação de vendas de veículos nos próximos seis meses. Saltando dos atuais 45 veículos, para uma projeção de 120 a 150 veículos por mês.

A concessionária, que está há quatro meses na capital,   está finalizando a compra de outra loja, que já atua na avenida Prudente de Moares, e planeja abrir até dezembro a loja premium.  A loja terá 10 mil metros quadrados, na avenida Salgado Filho, e terá estrutura para a venda de carros novos, seminovos, serviços autorizados de funilaria, peças e atendimento pós-venda. A empresa deverá abrir postos de trabalhos em diversas áreas – com capacitação também pela empresa – desde o setor de vendas, consultoria técnica à mecânica.

“Será uma estrutura completa dento dos padrões Hyundai Caoa.  Natal foi escolhida por se apresentar como um mercado aberto para a ousadia da marca, que chega forte no Estado. Nossa meta é liderar o comércio de importados”, disse a gerente de vendas da Hyundai Caoa do Brasil Ltda. Suzana Salgado Fisher de Noronha.  O grupo está abrindo loja em Cabedelo(JP) que se somará a outras duas naquele estado e a mais uma em Fortaleza, até o final do ano. Para isso, o grupo aposta em investimento em  publicidade e marketing. Somente em março, o investimento superou os R$ 200 mil.

Opcionais fazem a diferença

Os veículos importados têm ganhado espaço no mercado no embalo de vantagens como a de  oferecerem opcionais sem majorar o custo final. Isso, aos olhos de muitos consumidores, tem sido fator decisivo na hora de frear a pesquisa de preço e estacionar a busca pelo nacional. Para o contador João Maria de Melo Inácio, 42 anos, a escolha levou em consideração não só a garantia em peças – de três a cinco anos nos carros estrangeiros e de até um para os nacionais – como também os assessórios.

“É um carro de luxo com todos os itens de série e mais barato, estou pagando R$ 53 mil com tudo, enquanto o concorrente nacional está na faixa de 56 mil, sem os adicionais”, disse o contador. O  financiamento com taxa de juror em torno de 1,4% ao ano também corroborou. “O custo final é elevado em 30% do valor de tabela. Se eu levasse o concorrente nacional, da mesma categoria, sairia 50% mais caro e praticamente básico”, acrescenta o contador.                                                     

Muito das vendas é estimulado pela chamada mídia boca a boca. A recomendação e inúmeros elogios de amigos conduziram o bioquímico João Evangelista Tavares de Moura. “É o conjunto de designer, motor potente, conforto e alta segurança na estrada. O investimento maior é compensado pelo maior prazo também nas peças”, explica.

Para o publicitário e administrador de empresas Fernando Lessa, a relação custo-benefício agrega segurança e desempenho “A tração integral influencia no  rendimento, o carro se torna mais estável, mesmo em áreas urbanas”, avalia.

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