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Inadimplência é maior em Natal

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Andrielle Mendes – repórter

Natal é a capital com maior proporção de consumidores inadimplentes da região Nordeste. Segundo levantamento recente realizado pelo Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), vinculado ao Banco do Nordeste, quase sete em cada grupo de 100 pessoas não tiveram condições de pagar suas dívidas na data do vencimento, em agosto, na capital potiguar. A proporção pode parecer pequena, mas está bem acima da média regional (4,1%). Em capitais como João Pessoa, a última colocada no ranking, a proporção de consumidores inadimplentes é quase três vezes menor (2,2%).
O cartão de crédito é o meio de pagamento mais usado na capital: especialistas recomendam cautela
A capital potiguar, com base no estudo do Etene, realizado em parceria com a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Norte, está entre as três do Nordeste com as maiores taxas de consumidores com dívidas em atraso e de consumidores endividados. Entre janeiro e agosto, Natal registrou um aumento de 7,6% na taxa de consumidores com dívidas em atraso – aqueles que possuem dívidas vencidas e não pagas na data de vencimento – e de 8,7% no percentual de consumidores inadimplentes – aqueles que não tiveram condições de pagar as dívidas na data de vencimento, com relação ao mês de julho. Apesar da alta, as taxas ainda são menores que as apresentadas em agosto do ano passado.

Segundo Conrado Navarro, educador financeiro com MBA Executivo em Finanças, sócio-fundador do site de finanças Dinheirama.com, consultor do Programa Consumidor Consciente da Mastecard e autor do livro “Vamos Falar de Dinheiro?”, o casamento entre demanda reprimida e maior oferta de crédito ajuda a explicar o avanço do endividamento. Já o avanço da inadimplência, segundo Adelmo Freire, superintendente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal (CDL Natal), reflete a falta de planejamento e controle dos gastos.

Segundo Conrado, a tendência é que o nível de endividamento e inadimplência se mantenha estável ao longo do ano. “Elas estão num patamar aceitável”, tranquiliza. Adelmo Freire, da CDL Natal, é mais otimista e acredita que o nível de inadimplência deverá cair no segundo semestre. “Muitos aproveitarão a segunda parcela do 13º salário para colocar as contas em dia”, aposta.

JUROS

Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal anunciaram ontem a redução de mais de 30% no pagamento parcelado de faturas do cartão de crédito. Para Conrado Navarro, a medida pode reduzir o nível de endividamento ainda mais rápido. Adelmo ainda tem dúvidas quanto ao impacto da medida, anunciada dias após a redução da taxa básica dos juros. “O novo corte pode reduzir a inadimplência, mas também pode estimular o consumo por impulso. É melhor esperar para ver”.     Conrado e Adelmo dão uma série de dicas para quem não quer entrar no vermelho. Colocar as contas no papel, calcular despesas e receitas, discutir finanças com a família, e poupar são apenas algumas delas. O governo federal, que prorrogou recentemente a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis novos, tem tentado de todas as formas estimular as vendas. Para Conrado, a explicação é simples. Altos níveis de endividamento e inadimplência reduzem o consumo e travam o crescimento da economia.

Vitor (o nome é fictício para preservar a identidade) ilustra bem o perfil do natalense endividado. Homem, com mais de 35 anos, e Ensino Médio completo – perfil traçado pela pesquisa do Etene – posterga uma dívida de R$ 1.400 que contraiu no cartão de crédito de um banco privado. A dívida, que foi renegociada e hoje está em torno de R$ 400, ainda não foi quitada. “Quero que o banco baixe ainda mais o valor”, afirma.

BNB anuncia cortes nas taxas de juros

Fortaleza (AE) – Não são apenas a Caixa e o Banco do brasil que estão reduzindo os juros. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem que reduzirá as taxas para o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e para as linhas do Banco do Nordeste (BNB). As taxas mais baixas do FDNE cairão de 3,75% para 3,5% enquanto as mais elevadas serão reduzidas de 10% para 8%. No BNB, as taxas de juros para os investimentos ficarão em 2,5% ao ano. O anúncio foi feito pelo ministro durante a posse do novo presidente do BNB, Ary Joel Lanzarin.

O ministro enfatizou que cresce a importância do BNB não apenas para a região, mas também para o País destacando que a instituição já soma contratações de financiamentos acima de R$ 20 bilhões ao ano. “Vamos cobrar metas mais ambiciosas para liberação de crédito”, disse o ministro. Mantega lembrou que o banco nordestino já é o nono maior do País e que na gestão de Ary Lanzarin a instituição continuará ampliando o crédito e reduzindo os juros, ajudando a alavancar a região no momento em que a crise internacional gera escassez de crédito e eleva o custo dos empréstimos.

Para cumprir sua meta anual de aplicações, que é de R$ 22 bilhões, o Banco do Nordeste deve contratar R$ 1,8 bilhão por mês até o final do ano, para o qual restam apenas 74 dias úteis. “Este desafio será cumprido com a cooperação do corpo funcional, o ativo mais valioso da organização”, afirmou o novo presidente do Banco do Nordeste, Ary Joel, em seu discurso de posse.

Joel substitui Jurandir Santiago, que renunciou ao cargo no dia 20 de junho, em meio a suspeitas de ter desviado verbas públicas quando era secretário de Estado do Ceará.

Saiba mais

De acordo com a pesquisa do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), o cartão de crédito é a principal forma de pagamento usada por consumidores em Natal, a despesa que mais pesa é a alimentação e o desequilíbrio financeiro é o que mais leva a população natalense a atrasar o pagamento de contas.  O Etene foi procurado por meio da assessoria de imprensa do Banco do Nordeste, mas não respondeu ao pedido de entrevista. Em julho, o doutor em Administração de Empresas – EAESP/FGV – e coordenador de Estudos e Pesquisas do BNB/Etene, José Varela Donato disse que uma das razões para o aumento dos indicadores é o crescimento da taxa de desemprego. “É claro que os estímulos para aquecer a economia, notadamente o setor industrial, como redução das taxas de juros, redução de IPI também induzem os consumidores às compras, principalmente a prazo”, acrescentou.

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