Nova Délhi – Milhares de manifestantes protestaram ontem pelas ruas de Nova Délhi contra a visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e o estreitamento das relações entre duas das maiores democracias do mundo. Mais de 10 mil pessoas saíram às ruas da capital indiana tremulando bandeiras, exibindo faixas e entoando frases de ordem contra Bush. Elas protagonizaram uma passeata que estendeu-se por cerca de dois quilômetros.
Os protestos foram dominados pelas bandeiras vermelhas dos grupos comunistas e pelos estandartes verdes das organizações islâmicas descontentes com as guerras travadas pelos EUA no Iraque e no Afeganistão. As manifestações, porém, atraíram uma ampla gama de críticos do presidente, desde defensores dos direitos dos homossexuais a obscuros partidos políticos contrários às políticas de Washington. A passeata terminou no centro de Nova Délhi, onde oradores discursaram para a multidão e uma imensa faixa vermelha dizia “Bush, assassino, volte para casa”. Balões negros com a inscrição “Bush, vá embora” foram soltos no ar para delírio da multidão.
Ontem a polícia indiana invadiu uma casa e desmontou uma faixa de protesto pouco antes de uma visita da primeira-dama dos EUA, Laura Bush, a uma instituição de caridade que funcionava num imóvel vizinho. A faixa questionava: “Laura Bush, o que dizer sobre as crianças mutiladas, órfãs e mortas no Iraque?”
Bush fecha acordo nuclear com a Índia
O presidente americano, George W. Bush, e o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, anunciaram ontem um histórico acordo que, segundo Bush, ajudará a Índia a satisfazer sua enorme necessidade de energia civil, ao mesmo tempo em que permitirá ao país continuar a desenvolver suas armas nucleares. Segundo o acordo, que ainda deverá ser aprovado pelo Congresso americano, os EUA compartilharão seus conhecimentos nucleares e combustível nuclear com a Índia para ajudar sua crescente economia. Após dias de negociações, os EUA aceitaram a proposta indiana de separar apenas parte de suas instalações civis e militares. A Índia concordou em classificar permanentemente 14 de seus 22 reatores nucleares como civis, permitindo que esses reatores sejam alvo, pela primeira vez, de inspeções internacionais.
Oito dos reatores da Índia, que não é signatária do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), ficarão livres de inspeções. Os críticos dizem que os EUA estão usando a Índia como um contrapeso ao crescimento econômico da China e a sua influência política. No Congresso americano, os defensores da não-proliferação dizem que o acordo legitimará a Índia como uma potência com armas nucleares que permanece fora do TNP e cria um perigoso precedente que encorajará outros países a desenvolver programa de armas atômicas.