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Inflação e câmbio esquentam debate no Fórum Econômico

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Davos (AE) – Vista como um dos principais riscos do momento, a inflação global tem a capacidade de gerar mais tensão social e, consequentemente, instabilidade política pelo mundo. O tema é um dos mais comentados no Fórum Econômico Mundial, que começou ontem em Davos, na Suíça. A disparada dos preços dos alimentos é apontada como um dos motivos da insatisfação popular que derrubou o governo da Tunísia e inspirou os protestos de ontem no Egito, que terminou com três mortos no chamado “dia da ira”.

A inflação é o principal tema de preocupação tratado no primeiro dia do Fórum Econômico MundialAlém da África, a alta das commodities também pode gerar efeito relevante na Ásia. Zhu Min, conselheiro do Fundo Monetário Internacional (FMI), lembra que os alimentos respondem por 75% do índice de inflação ao consumidor na Índia. “O impacto é enorme”, disse. “O aumento da inflação pode levar a mais instabilidade social e política, como aconteceu na Tunísia e no Egito”, afirmou o economista Nouriel Roubini.

Os emergentes enfrentam o desafio de administrar a política monetária de forma a conter os índices de preços, mas sem provocar um pouso forçado da economia. No caso do Brasil, Roubini acredita que é preciso maior restrição fiscal a fim de domar a inflação. “O risco é a inflação e a resposta que as autoridades trarão para o problema”, acredita Martin Sorrell, presidente do grupo britânico WPP.

A questão também deixa os países desenvolvidos numa encruzilhada, principalmente na Europa onde o crescimento econômico ainda não engatou e a crise de dívida soberana traz receios. O continente está embarcando numa onda de austeridade para conter o déficit público e, ao mesmo tempo, vê a inflação superar a meta de 2%.

As commodities estão subindo puxadas pela onda de forte crescimento dos emergentes. O movimento é exacerbado pela liquidez artificial atualmente em circulação no mundo, criada pela política monetária acomodatícia dos Estados Unidos. A questão da especulação com as commodities foi introduzida na agenda do G-20 pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, que preside o grupo neste ano.

Brasil deve olhar menos para o dólar

Davos (AE) – O Brasil deveria olhar menos para o dólar e se voltar mais para as moedas de outros parceiros comerciais, acredita o economista-chefe do Standard Chartered, Gerard Lyons. “O País precisa pensar globalmente”, afirmou em entrevista à Agência Estado, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos. Ele defende a diversificação da administração das reservas internacionais com a inclusão de novas divisas. Além disso, avalia que o Brasil teria de adotar uma cesta de moedas como referência para avaliação do valor do real. Essa cesta incluiria, além do dólar, o yuan e outras divisas, conforme a tendência do comércio externo brasileiro.

Lyons avalia que também seria positivo ver o Brasil e a China realizando negócios nas moedas locais, como já foi cogitado pelos governos dos dois países. “Será vital para o Brasil administrar sua moeda não apenas em relação ao dólar.”

Inflação

Lyons acredita que o mais importante para o Brasil neste momento é conter a alta dos preços. “O Brasil precisa fazer o que for necessário para conter a inflação, precisa apertar a política monetária”, disse. Se o real subir como resultado, o País tem duas opções: deixar a moeda apreciada ou adotar controles de capital.

Lyons é um defensor do mecanismo nesses casos, desde que temporário, focado e efetivo – numa mostra das mudanças de visão em plena Davos. “Pode ser que os investidores de longo prazo pensem em não voltar mais, mas o Brasil é um país grande e eles terão de voltar.”

Ele não vê a inflação como ameaça global, pois os Estados Unidos e parte da Europa ainda lidam com o perigo da deflação. Entretanto, acredita que a alta dos preços é um “grande problema” para os emergentes, tanto que Brasil, Índia e China terão de elevar os juros. No País, ele acredita que a atuação do Banco Central será suficiente para impedir o superaquecimento da economia. Na China, onde o mercado imobiliário enfrenta bolha, o crescimento deve desacelerar em função do aperto monetário previsto para os próximos meses. Mas, ainda assim, permanecerá expressivo, acredita Lyons.

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