O alto valor das multas aplicadas fez o potiguar tirar um pouco o pé do acelerador no ano de 2006. De acordo com o levantamento preliminar do Detran, foram registradas 25% menos infrações com relação a 2005. Essa redução, porém, não conteve a ocorrência de acidentes. No primeiro semestre do ano passado, aconteceram 3.725, contra 3.618 no mesmo período do ano anterior. As vítimas também passaram de 740 para 798, contudo o número de mortes caiu de 34 para 25.
“Acreditamos que esse número de vítimas fatais deva se estabilizar na casa das 30 neste primeiro semestre”, aponta o consultor do Detran e professor do curso de Estatística da UFRN, Eduardo Henrique Silveira. Segundo ele, o aumento no número de acidentes se deve não somente ao crescimento da frota, mas também à participação das motos nesse total, pois se trata de um veículo mais vulnerável às colisões e que costuma trafegar durante um tempo maior que os demais.
Apesar disso, o consultor acredita que irá se registrar, em 2007, um crescimento dos acidentes sem vítimas, devido a um trabalho mais intenso de educação no trânsito e da maior fiscalização. Próximo a redutores de velocidade, exemplifica, podem se multiplicar as colisões posteriores (batidas por trás), no entanto sua gravidade costuma ser menor que nas colisões frontais, laterais e transversais.
Chefe do setor de Estatísticas do Detran, Jean Franklin também confirma a tendência de crescimento da participação das motos na frota total. Principalmente por serem veículos que garantem maior economia, serem de mais fácil aquisição e virem sendo utilizados para serviços como entregas e vigilância. “Em alguns municípios do interior chegam a ser mais de metade da frota”, complementa Eduardo Henrique.
A compra de novos veículos também tem feito dos potiguares proprietários de uma das frotas mais novas dentre as capitais. Cerca de 57% dos automóveis registrados têm menos de 10 anos e 31% saiu das concessionárias nos últimos cinco. “Essa é uma percentagem alta e muitos dos que têm mais de 10 anos nem rodam mais”, esclarece o professor.
A renovação da frota, contudo, não contribui com maior segurança nas ruas porque o carro novo dá aos motoristas uma falsa sensação de segurança, o que os leva a acelerar mais. Apesar disso, as infrações foram reduzidas em 25% no último ano, com relação ao anterior. “O peso da multa é quem provoca essa redução”, entende o consultor.
A queda não se repetiu com relação ao número de carros roubados. Somente na capital, foi registrado um aumento de 21%. Do total de 1.394 roubos e furtos em 2006, 915 envolveram automóveis, 289 motocicletas e 112 camionetas. Até o final de fevereiro, o Detran deverá consolidar e detalhar ainda mais as estatísticas referentes a 2006.
