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Interino assume comando no Egito

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Cairo (AE) – O juiz sênior  Adly Mansour tomou posse ontem  como presidente interino do Egito em substituição ao presidente deposto, Mohammed Morsi, à medida que os militares lançaram uma forte repressão contra a Irmandade Muçulmana. Sofrendo com o que chamou de golpe militar contra a democracia, o grupo disse que não iria trabalhar com o novo sistema político. “Nós declaramos nossa rejeição completa ao golpe militar encenado contra o presidente eleito e contra a vontade da nação”, disse a Irmandade Muçulmana, em comunicado. “Nos recusamos a participar de quaisquer atividades com as autoridades usurpadoras”, acrescentou.
Indicado pelas forças armadas, Adly Mansour presta juramento e promete novas eleições diretas
A varredura contra a liderança da Irmandade Muçulmana incluiu o principal líder do grupo, Mohammed Badie, que foi preso ontem. Mehdi Akef, o antecessor de Badie; Saad Katatni, chefe do partido político da Irmandade Muçulmana; Rashad Bayoumi, deputado de Badie; e o ultraconservador salafista, Hazem Abu Ismail, também foram presos, de acordo com os oficiais de segurança.

Os militares estabeleceram uma nova liderança civil para comandar o país até as novas eleições. Há temores de uma reação violenta dos islamitas contra o exército. Confrontos entre muçulmanos e policiais irromperam em vários lugares ao redor do país após o anúncio da retirada de Morsi, deixando pelo menos nove mortos. As autoridades também emitiras uma lista de procurados com mais de 200 nomes, desde membros da Irmandade Muçulmana até líderes de outros grupos islâmicos. Entre eles, também seria procurado Khairat el-Shater, outro deputado de Badie.

Economia

Os problemas políticos do Egito devem resultar na suspensão de um resgate multibilionário ao país, levando-o a uma crise econômica ainda mais grave, tendo em vista que o Egito já vive uma escassez de combustíveis e uma forte alta de preços de produtos básicos.

Após longas negociações, que duraram mais de um ano, o Egito estava se aproximando de um empréstimo de US$ 4,8 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI). A deposição de Mohammed Morsi do cargo de presidente do país deve colocar a implementação de medidas de austeridade necessárias para garantir o empréstimo em um limbo perigoso.

Além disso, o processo também poderá colocar em questão a ajuda enviada pelos Estados Unidos. Desde 1979, o Egito vem recebendo em média US$ 2 bilhões por ano em ajuda econômica e militar dos norte-americanos.

Na quarta-feira, após a ação do Exército, o presidente Barack Obama ordenou a revisão da assistência financeira concedida por Washington, alegando que estava “profundamente preocupado” com a deposição de Morsi e a suspensão da Constituição egípcia pela cúpula militar, mas não se referiu ao episódio como golpe. Por lei, os Estados Unidos deveriam cortar a ajuda a qualquer país cujo presidente eleito é destituído do cargo por um golpe de Estado.

As forças armadas agiram para retirar Morsi do poder após quatro dias de grandes manifestações contra Morsi. Grande parte da inquietação do povo foi despertada pela situação econômica do país e o aumento da carga fiscal sobre os egípcios.

Analistas ressaltaram que o Egito poderia mergulhar ainda mais em uma crise econômica, dado a escassez de combustível e o crescente número de “apagões” no país. Além disso, os cidadãos poderão sofrer com o aumento de preços, por causa da desvalorização súbita e acentuada da moeda. Uma redução drástica das reservas de moedas estrangeiras também poderia dificultar a importação de petróleo e alimentos.

“Eu acho que eles estão prestes a entrar em território desconhecido”, disse Caroline Freund, analista do Instituto Peterson de Economia em Washington. “Sem estabilidade e previsibilidade política, investidores e turistas não devem voltar.”

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