sexta-feira, 19 de abril, 2024
31.1 C
Natal
sexta-feira, 19 de abril, 2024

Investidores esperam novo ‘boom’

- Publicidade -

PRAIA DOS ARTISTAS - Com a inauguração da ponte Forte-Redinha,  ao fundo, investidores acreditam que a orla vai voltar aos dias de agito

Uma placa indica que o local é apropriado para banho. As ondas, um bocado fortes, atraem diariamente algumas dezenas de surfistas, novos e veteranos. O mar está sempre cheio desses caras queimados do sol e suas pranchas. Não importa dia nem hora. Com os refletores que foram instalados há pouco tempo, tem surf à noite. E também futvôlei na areia e gente caminhando no calçadão.

A iluminação foi colocada em toda a orla. Pode ser o início da reação da praia, que por muito tempo — até a segunda metade dos anos 90 — foi o point mais badalado de Natal. Depois disso, começou a declinar e ficou decadente. Mas muitos apostam que a hora da reviravolta está chegando. Que seja logo, pois a comerciante Francisca Soares Hilário, 66, permissionária de um quiosque ali, se queixa aos montes do pouco movimento e das vendas minguadas. 

Se o empresário Paulo César Galindo estiver certo, os dias de lamúria de Francisca podem estar contados. Presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Similares do Rio Grande do Norte, Galindo é um dos que acreditam que a praia dos Artistas está prestes a acordar do estado de dormência para viver um novo “boom”. É mais que uma crença, quase uma certeza. Tanto que ele, enquanto empresário, está investindo numa grande reforma da boate Chaplin, empreendimento que já tem 21 anos naquela praia.

O otimismo de Galindo tem uma razão: a ponte Forte-Redinha. Prevista para ser inaugurada em julho, a ponte irá gerar um enorme fluxo de veículos nos 4 quilômetros de orla. Milhares de turistas e natalenses, vindos do outro lado do rio, passarão pela praia dos Artistas diariamente.

“A ponte vai ligar um grande corredor turístico de Norte a Sul. A avenida Presidente Café Filho ficará parecida com a Engenheiro Roberto Freire em termos de fluxo de carros. E se tem fluxo, infra-estrutura e investimentos, o lugar prospera”, diz Galindo, que já observa uma crescente valorização de imóveis na praia e também uma grande procura. Todos estão de olho no movimento (leia-se lucros) que o advento da ponte irá proporcionar. A reinauguração do Chaplin, após a repaginada, está prevista para julho, justo o mês que a ponte deve ser inagurada. Outros tantos empresários, segundo Paulo César Galindo, estão reformando e ampliando seus estabelecimentos comerciais, enquanto novos estão se instalando. 

“O cenário vai mudar. Com a ponte, muita gente está apostando na praia, mas é preciso que o poder público garanta a segurança e organize os ambulantes. A prefeitura já colocou iluminação, atendendo a uma reivinidicação do sindicato”, diz Galindo.

Com apenas essa melhoria, a praia já está diferente.  Há um movimento começando. Por enquanto, são mais os surfistas, os peladeiros e o pessoal caminhando no calçadão, mas se tudo correr como prevêem os empresários que estão voltando a investir no lugar, logo a praia vai ferver novamente, como nos anos 80. A comerciante Francisca Soares não vê a hora.

A praia da plenitude à decadência

Marcone Moura da Costa, 30 anos, é padeiro de dia e surfista à tarde, nas horas vagas. Com os refletores colocados na praia dos Artistas, ele tem agora mais tempo para praticar o hobby a que se dedica há pelo menos dez anos, sempre no mesmo lugar. Marcone conhece a praia de muito antes e fala que hoje vê bem menos movimento.

O também surfista Valter Pereira de Melo, 40, se equilibra nas ondas daquele mar desde os 16 anos. Ele lembra que antigamente a beira-mar fervia à noite, tantas eram as festas e agitos. Os turistas todos iam pra lá. “O movimento acabou. Por que, não sei”.

O empresário Paulo César Galindo fala que a praia dos Artistas sofreu um forte baque quando a STTU (Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito Urbano) resolveu que a avenida Presidente Café Filho não seria mais mão dupla, e, em 2001, fechou o acesso em um dos sentidos. E assim a via ficou até 2005. “No mesmo ano da medida, 25 estabelecimentos fecharam as portas”, fala Galindo.

Na verdade, o movimento vinha declinando desde os últimos anos da década de 90, quando turistas e natalenses começaram a migrar para Ponta Negra, reurbanizada e com um grande leque de serviços e produtos voltados para o entretenimento.  Em 1999, a Prefeitura começou a fazer o serviço de alargamento da calçada em toda a orla — da praia dos Artistas até a praia do Forte. A obra, que também incluiu a implantação de quiosques padronizados no lugar das barracas de palha foi concluída semente em 2001.

A praia localiza-se a 5 minutos do centro da cidade e entre as praias de Areia Preta e Praia do Meio. Seu acesso se dá pela Via Costeira ou Av. Hermes da Fonseca. Vale à pena dar uma parada na Ladeira do Sol, de onde é possível apreciar uma das mais belas vistas da cidade.

“A riqueza muda de canto e de dono”

O comerciante Tarcísio Lucena, presidente da Associação dos Vendedores de Artesanato da Praia dos Artistas, tem certeza de que a praia vai voltar a ser o que era. Para ele, isso é tão certo quanto dois mais dois são quatro. “A riqueza muda de canto e de dono”, filosofa.

Assim como o empresário Paulo César Galindo, Lucena já vê sinais dessa reviravolta. “Está havendo mais investimento por parte do poder público, e também alguns estabelecimentos comerciais estão começando a se instalar na praia. O desenvolvimento depende de investimentos, e isso está acontecendo”, diz Tarcísio.

Aos 33 anos, o comerciante lembra da praia dos Artistas no auge. “Conheci a praia em 1982”. Tinha, então, 8 anos. “Era tanto movimento, que se formava um engarrafamento sem tamanho na Ladeira do Sol. Ficava difícil passar”.

Com a queda do movimento na praia, nos últimos anos da década de 90, muitos estabelecimentos comerciais fecharam. “Na crise, o Centro de Artesanato foi o único que não fechou um dia sequer”, fala Lucena. “Ele cumpriu o papel de manter a praia funcionando”, ressalta.

Está sendo esperado, ainda para este ano, a reforma e ampliação do local. O número de 80 lojas aumentará para 130. O projeto, aprovado na Prefeitura em 2006, conta ainda com estacionamento.

 

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas