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Iphan nega tombamento do Hotel Reis Magos

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O pedido de tombamento do Hotel Reis Magos, em Natal, foi negado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na tarde desta terça-feira, 3. A decisão foi publicada pelo Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização (Depam/Iphan). Apesar de considerar a estrutura do Hotel Reis Magos um “elemento importante” na compreensão da evolução urbana da capital, o Iphan aponta que não há elementos significativos que justifiquem o tombamento.

Definição sobre tombamento do hotel depende agora de parecer do governo do Estado


Definição sobre tombamento do hotel depende agora de parecer do governo do Estado

#SAIBAMAIS#Agora, resta o parecer da Secretaria Estadual de Educação e Cultura, ainda sem data para ser emitido, para que a empresa proprietária possa proceder com o processo de demolição. Em contato com a TRIBUNA DO NORTE, o titular da pasta, Getúlio Marques, afirmou que a decisão do Iphan tende a agilizar o processo, porém não significa em uma tomada de posição imediata por parte da secretaria. “O que temos analisado é o que ainda está tramitando sobre o processo. Preciso ver o detalhamento dos termos da decisão [do Iphan]. É lógico que, com uma posição detalhada,  tende a agilizar o processo, pois ficamos com menos variáveis para analisar”, afirma.

A análise do Iphan foi realizada após o processo ser reaberto por força de um pedido de apreciação de novos documentos enviados pelo presidente do Instituto dos Amigos do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural e da Cidadania do Rio Grande do Norte. De acordo com o Iphan, esse estudo do Instituto dos Amigos apenas reforçou uma opinião de 2017 da autarquia, quando indeferiu o tombamento do Hotel Reis Magos. Na época, o entendimento foi de que a importância do imóvel se evidencia em nível municipal e estadual, o que não justificaria sua proteção em nível federal.

O Instituto esclarece ainda que o processo de patrimonialização é necessariamente uma seleção na qual se identificam atributos e valores capazes de justificar o reconhecimento nacional.

Demolição
Em maio deste ano, em ação proposta pelo Estado do Rio Grande do Norte, em grau de recurso, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) negou o tombamento judicial, mas advertiu expressamente que a decisão não significava autorização para a demolição do imóvel, tendo em vista a tramitação de processos administrativos de tombamento nas esferas estadual e federal, e que “o tombamento provisório se equivale ao tombamento definitivo, o que impede alteração na estrutura do imóvel”.

Diz a decisão que “o desprovimento do apelo e da remessa necessária não implicam decisão imediata para a demolição do referido imóvel. Em verdade, o que se está a decidir – tendo em conta que o próprio ente público foi quem buscou o Poder Judiciário, na tentativa de reforçar uma proteção que é imposta pela própria lei e não houve reconvenção – é que, o processo administrativo de tombamento instaurado perante o IPHAN – já finalizado – não constitui óbice para que se dê prosseguimento ao processo de autorização da demolição da edificação, perante o Município de Natal”. A decisão é da Primeira Turma do TRF da 5ª Região.

A demolição do Hotel Reis Magos foi defendida por Conselho Municipal de Turismo, Conselho Municipal de Cultura e Câmara Municipal de Natal. Por sua vez, o Conselho Estadual de Cultura opinou contra o tombamento do Hotel Reis Magos e não emitiu parecer a favor da demolição. A procuradora do Estado, Marjorie Madruga, defendeu o tombamento do  equipamento, citando pareceres de instituições sobre a relevância.

Hotel
Desativado desde 1995, o antigo Hotel Reis Magos, considerado um cartão postal da antiga Natal, está próximo de chegar a duas décadas e meia de completo abandono. Localizado em região nobre da capital potiguar, o Hotel Internacional Reis Magos funcionou como hotel de luxo em Natal entre 1965 e 1995, quando foi desativado. Hoje, o espaço está em ruínas, deteriorado, e acumula lixo e sujeira.

O complexo possuia 63 apartamentos, uma suíte presidencial, recepção, salões nobres, elevadores, parque aquático, sauna, playground, restaurante, estacionamento, entre outras áreas. O empreendimento foi adquirido pelo grupo Hotéis Pernambuco S/A em 1978, que operou o local por 10 anos, após uma grande reforma em 1979/1980. Depois, o local foi arrendado de 1989 a 1995; e de 1995 a 2002. Nesse último período houve ordem de despejo litigioso para o ocupante.

Em 2013, o grupo anunciou que faria a demolição do prédio para a construção de um empreendimento comercial, mas a proposta gerou desconforto e protestos por parte de estudantes de arquitetura. Na avaliação da defesa da empresa, laudos comprovam que a estrutura do prédio não suportaria uma restauração.

No dia 29 de junho, a última cabeça remanescente que tinha do monumento dos três Reis Magos, Baltazar, Gaspar e Belchior, no pátio externo do que resta das instalações do antigo hotel, foi roubada.

Antes, em abril, uma laje da recepção da extinta boate Royal Salute, que ficava dentro do hotel, desabou e trouxe de volta o assunto a respeito do abandono do espaço e a preocupação no tocante aos perigos quanto à sustentação da estrutura do local, os riscos de um espaço abandonado e a proliferação de doenças que a área pode trazer.

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