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“Iremos transformar areia e capim em investimentos”, diz Fernando Suassuna

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Candidato único à presidência do ABC, na eleição marcada para novembro, Fernando Suassuna disse que conhece bem a situação do clube e que vai trabalhar para transformar o patrimônio alvinegro e sanar as dívidas. Sua meta que está dentro de um planejamento de dez anos, visa continuar buscando meios para investir no futebol e o plano é fazer que o clube chegue na divisão de elite do futebol nacional até o ano de 2024. A prioridade inicial será a construção do Centro de Formação de Atletas do ABC, que será construído numa área fora do terreno do estádio Frasqueirão, que terá uma parte vendida para realização do novo investimento. Veja a entrevista concedida à TRIBUNA do NORTE pelo futuro presidente abecedista.

Futuro presidente tem duas prioridades para o início de sua administração: construir o Centro de Formação de Atletas e conquistar o acesso para Série B


Futuro presidente tem duas prioridades para o início de sua
administração: construir o Centro de Formação de Atletas e conquistar o
acesso para Série B

Você sabe exatamente o ABC que terá nas mãos?
Eu passei dez anos no ABC de 1989 a 1999 e passei dez anos afastado da direção, mas acompanhando o clube como podia. Agora estou voltando, mas chego com um outro olhar ao clube, diferente daquele que tinha antes. Sei que iremos ter sérios desafios e entendendo que o ABC passou por sérias adversidades, ainda passa por problemas muito sérios, mas são nas adversidades que surge a oportunidade para crescimento. É justamente na hora que o clube se sente mais fragilizado, que mais pessoas se juntam para tentar resolver as questões e acabam conseguindo. Chego pensando na convergência dos grupos que estão no ABC, quero trazer mais pessoas para dentro do clube e chego pensando em fazer o ABC crescer. Por isso aceitei esse desafio.

Quem é esse Suassuna que retorna ao ABC para ser presidente?
Na verdade eu não sou um candidato isolado, sou o nome apontado por um grupo que assumiu a administração do ABC e que tirou o clube de uma situação mais grave em termos financeiros. Então eu chego para completar essa corrente.

Qual a visão que você possuía há dez anos e o que mudou nesse ABC que está reencontrando agora?
Há dez anos, quando saí da administração de uma forma desgastante, por que disputei uma eleição contra Judas Tadeu. Naquela época o ABC era uma entidade menos profissional. Era um clube mais corporativo do que empresarial, que não tinha essa visão de crescimento que temos agora. Naquela época a gente sofria oposição, mas de uma forma bem delineada. Hoje eu encontro o clube, após três ou quatro gestões, e vejo o ABC com muitos problemas ainda. O ABC teve conquistas, foi campeão brasileiro, ganhou vários títulos estaduais, foi vice e também terceiro colocado em duas Copas do Nordeste, mas com problemas sérios na área política e financeira. Isso vem deixando o clube numa situação crítica, já havia dito que o ABC estava na UTI e graças a administração atual conseguiu deixar a Unidade de Tratamento Intensivos, mas ainda corre riscos e necessita de força para enfrentar a próxima temporada. Repeito, não sou indicado por ninguém, fui convidado pela atual administração a colaborar, meu papel lá dentro será de liderança. Aquele líder conciliador, aquele que vai englobar tanto o futebol como o próprio clube como prioridade. Meu papel será unir o ABC em torno de um projeto.

E que projeto seria esse candidato?
Dentro desse processo de liderança pretendo estabelecer um plano decenal de administração (2019-2028) exatamente como propunha fazer há dez anos, mas de 1999 a 2008 não houve esse tipo de planejamento e, ainda assim, conseguimos fazer o Frasqueirão. Estava junto com Tadeu naquela época e sei bem o que sofri para aquele estádio ser construído. Tínhamos muita oposição e o estádio hoje é o maior patrimônio do clube depois da torcida. Agora temos outro projeto da mesma pujança em mente e iremos nos dedicar a construção do nosso Centro de Formação de Atletas Profissionais do ABC, dando sequência a uma ideia apresentada por mim em 2003: o ABC Escola, que foi abortado por problemas políticos, mas agora, como presidente, eu terei mais conforto de tocar esse novo projeto.

O momento é o correto para se partir para um projeto tão grande?
Ele se justifica a partir do momento que o ABC, mesmo com a estrutura que dispõe atualmente, já ter colocado vários de seus garotos no mercado. Com isso, o nosso clube ganhou uma visibilidade muito boa no cenário nacional em relação ao trabalho que realizamos com as nossas bases. Nossa meta é profissionalizar essa parte, criar um grande centro de treinamento, com toda infraestrutura necessária para trabalhar a formação desse atleta, pensando em formar boas equipes e também se tornar um clube financeiramente auto-sustentável.

Com isso o clube pretende buscar e ganhar o certificado de Clube Formador de Atletas da CBF. O que será feito em relação a questão?
Temos um estudo feito, mas hoje temos um problema de infraestrutura em nossa atual sede e isso é fundamental. Por isso nosso primeiro passo será trabalhar na construção do nove centro de treinamentos das bases, que ficará numa área fora daquele complexo do Frasqueirão. Pretendemos fazer esse CT numa área periférica da cidade, mas de melhor acessibilidade e com maior densidade populacional, para facilitar a chegada dos meninos. Essa infraestrutura tem urgência, porque é fundamental para as exigências realizadas para se obter o certificado. O clube formador tem proteção contra o assédio dos empresários que atuam aliciando os jovens atletas nos clubes. Evita que empresários levem os nossos jogadores de graça, dá uma maior segurança a família em relação a formação do atleta e também irá nos permitir fortalecer os laços com os clubes parceiros, que dividem os percentuais dos jogadores que revelamos hoje para questão de futuras transações.

Quais as demais oportunidades que devem surgir com a construção desse novo CT das bases?
Nós estamos pensando bem na frente, pois quando o CT estiver pronto iremos investir na vinda de clubes internacionais para disputar torneios no nosso novo CT e realizar uma espécie de intercâmbio com eles. Nosso projeto não é focalizado e caminha em três pilares: infraestrutura, readequação do patrimônio, que significa transformar a areia e o capim da área que dispomos hoje em obras e projetos que tragam retorno para o ABC, bem como temos a ambição de chegar na Série A. Como estamos realizando um projeto para dez anos, queremos na metade desse período dar esse pulo para divisão de elite do futebol nacional. Para tanto, o trabalho terá de ser iniciado já, não podemos esperar, temos de realizar um trabalho com sustentabilidade do clube em relação ao time que será formado. Serão equipes com o pilar da marca ABC, trabalharemos com o foco de fortalecer o futebol de um lado e a nossa estrutura do outro.

Você chega à presidência num momento bastante delicado dentro do ABC, aquele que vai tratar da alienação de patrimônio. O tema sempre foi um tabu muito grande no clube, como então está pretendendo resolver isso?
Em 1999 foi quando entramos no ABC e em 99 iniciamos o projeto do Frasqueirão. Digo a você que naquela época, essa repulsa por se desfazer de patrimônio era muito maior, pela permuta de patrimônio ou qualquer outro tipo de alienação. Hoje é diferente, as pessoas que reclamavam nas reuniões daquela época, hoje estão sentadas confortavelmente nos camarotes do Frasqueirão. Então já existe um trabalho, um resultado daquele negócio que fizemos. Outro ponto que as pessoas devem entender é o matemático, quanto era o patrimônio do ABC sem o Frasqueirão e apenas com o terreno e quanto passou a ser hoje com a construção do estádio naquela área? Nós não perdemos patrimônio, muito pelo contrário, hoje possuímos um patrimônio milionário. A história do clube mostra que da Rua Potengi para Morro Branco e de Morro Branco para Ponta Negra, o clube só fez aumentar de patrimônio com as mudanças realizadas, mas naquela época todos os dirigentes que fizeram essa opção também foram criticados. A crítica é o peso da audácia, o peso da coragem de mudar as coisas. Mas vamos mudar elas com transparência, prestando contas com o torcedor, cujos os chefes das torcidas organizadas estavam discutindo alternativas para enfrentar a crise que hoje vivemos no fórum que realizamos recentemente. Eles sabem, foram informados sobre o tamanho do rombo financeiro que está sendo administrado pelo ABC. Participaram ativamente, contribuíram, tanto que o relatório que vai sair agora com o resultado do fórum terá muitas ideias lançadas pelo nosso torcedor. Nada está sendo escondido em relação ao ABC, tudo está sendo tratado de forma aberta. Não temos nada a esconder, temos de prestar contas, temos de provar os investimentos e também criar meios de aumentar o nosso patrimônio, vendendo uma área cujo metro quadrado gira em torno de mil reais, adquirindo uma nova área onde o metro quadrado seja mais barato, construir e valorizar para agregar mais valor ao que temos. Isso é investimento.

O ABC já possui uma área disponível em Pium para fazer esse novo CT das bases. Essa área será aproveitada ou esquecida neste primeiro momento?
Nós não definimos ainda onde iremos realizar esse investimento, mas estamos com um leque aberto para várias áreas e iremos estudar qual delas será a mais viável para aplicar o dinheiro do clube. Vamos levar em consideração aquela que possuir a melhor acessibilidade, esse projeto é de alta prioridade para ser implementando dentro desse meu primeiro mandato a frente do clube. Então iremos focar em questões como a acessibilidade e a própria extensão da área, nosso projeto irá necessitar de uma área grande. Já estamos estudando a possibilidade de investimento no próprio CT do São Gonçalo, onde já existe alguma estrutura construída. Enfim, existem possibilidades e opções que nos surgem a cada dia, até mesmo a possibilidade da doação de um terreno para construção do nosso novo empreendimento.

O que a gestão de Fernando Suassuna irá fazer para alcançar o acesso, já que esse é um dos pilares de sua administração?
Vamos partir do seguinte princípio, se quisermos ir para Série B temos de montar uma equipe equilibrada e forte o suficiente não para disputar a Série C, mas tendo um grupo do nível de uma Série B. Teremos de disputar a competição que estamos com um diferencial em relação aos nossos adversários, a equipe terá de ter alguns jogadores em postos chave com capacidade de jogar na Série A ou B para fortalecer o ABC. Isso terá de ocorrer as custas de alguns sacrifícios e pretendemos arranjar patrocinadores para bancar esse tipo de contratação, visando fazer esse diferencial. A história do próprio clube mostra que quando você começa a colocar jogadores chaves dentro do grupo de jovens, esse time se fortalece e acaba chegando. Também tenho muita confiança no trabalho desenvolvido por nossa comissão técnica, que fez um bom trabalho na Série B quando iniciou o aproveitamento dos garotos, terminamos a competição de forma menos traumática e além disso revelamos e vendemos dois atletas cujos recursos serviram para quitar praticamente metade das dívidas do nosso clube.

É um bom negócio para o ABC vender suas jovens promessas para pagar dívidas?
Não sei. Mas os garotos que temos são patrimônio do clube, quando vendemos, agora ficamos com um percentual em cima dos direitos econômicos para ganhar um pouco mais em cima desse jogador em caso de futuro repasse para outro clube. Na hora que um desses que mandamos para o Corinthians se transformar numa peça atrativa no mercado, uma nova transação poderá gerar ao ABC um valor maior que a própria venda direta que realizamos lá atrás. Pessoalmente não sou a favor disso, mas precisamos ter uma estabilidade econômicas para evitar essas vendas intempestivas. Como educador que sou, preso pela formação, quanto mais tempo ele passar, mais preparado ele estará para encarar as exigências do mercado externo. Temos de preparar o garoto para sair e não voltar, o problema atual em nosso futebol é que de dez que mandamos para fora, voltam oito ou nove. O prejuízo com isso é grande. No nosso Centro de Formação de Atletas para o Futebol iremos focar na preparação do jovem, que vai do aprendizado teórico, técnico, tático até o aprendizado de outras línguas. Esse jovem um dia pode sair do Brasil e terá de encontrar uma facilidade para se expressar e se adaptar ao local onde chegar. O futebol moderno exige isso.

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