Jerusalém (AE-AP) – Tropas de Israel e a milícia do grupo xiita libanês Hezbollah entraram ontem em choque no extremo sul do Líbano, perto da fronteira. Pelo menos um militante do Hezbollah foi morto. Segundo a TV árabe Al-Jazira, do Catar, quatro soldados israelenses morreram, mas Israel só confirmou a morte de “dois militares”, sem dar detalhes. Em nove dias de conflito morreram 311 libaneses e 29 israelenses. Mais de mil pessoas ficaram feridas.
A aviação e a artilharia de Israel prosseguiram com os bombardeios no Líbano, concentrando-se nos bairros muçulmanos xiitas de Beirute, Baalbek e Hermel e em vilas do sul do país, onde essa comunidade é majoritária e o Hezbollah mantém suas bases. Não há informações sobre mortos. O Hezbollah lançou mais de 30 foguetes contra o norte de Israel, sem causar vítimas.
Durante visita às regiões atingidas, o ministro da Defesa, Amir Peretz, levantou a possibilidade de uma ofensiva terrestre do Exército no sul do Líbano contra o Hezbollah. “Não temos nenhuma intenção de ocupar o Líbano, mas também não vamos deixar de adotar nenhuma medida que seja necessária”, ameaçou.
A crise começou depois que o Hezbollah invadiu território israelense, no dia 12, e capturou dois soldados. Para soltá-los, o grupo exige a libertação de centenas de libaneses, palestinos e outros árabes presos em Israel.
A ameaça israelense de invasão por terra provocou a primeira reação oficial do Exército do Líbano, que se vem mantendo à margem do confronto e não reagiu aos bombardeios e incursões das tropas de Israel na fronteira.
Desde o início dos ataques israelenses, 20 militares libaneses foram mortos. O ministro da Defesa libanês, Elias Murr, advertiu que se houver invasão, suas forças vão entrar no conflito. “Estamos esperando por eles para que possamos defender nossa terra, honra e dignidade. O Exército libanês – e isso eu enfatizo – vai resistir, defender o país e provar que merece respeito”, declarou Murr.
Na maioria dos ataques anteriores de Israel ao Líbano, incluindo as invasões de 1978 e 1982 – durante as quais Beirute foi ocupada – o Exército não se envolveu nos embates contra os israelenses, travados pelo Hezbollah e outras milícias muçulmanas.
Um dia depois de Israel ter despejado 23 toneladas de bombas em seu suposto abrigo subterrâneo em Beirute, o líder do Hezbollah, xeque Hassan Nasrallah, reapareceu ontem em público para reafirmar as exigências do grupo.
Pressionado pela comunidade internacional, Israel concordou ontem em com a proposta de criar um corredor humanitário entre Beirute e Chipre. A zona de trânsito marítimo e aéreo permitirá a entrada de ajuda humanitária e de civis e poderá ser sobrevoada por helicópteros e naves de transporte com esse objetivo.
O Líbano necessita de ajuda humanitária urgente, principalmente no sul, onde falta comida, remédios e recursos para reparar os danos causados pelos artilharia e aviação israelense, segundo o ministro do Interior libanês, Ahmed Fatfat. Dezenas de milhares de estrangeiros foram retirados do Líbano e o esforço internacional para resgatar seus cidadãos ganhou um novo ímpeto ontem com a chegada de um pequeno grupo de fuzileiros navais americanos pela primeira vez a Beirute em 20 anos.