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Jati (CE) aposta no projeto e prefeitura faz propaganda

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TRANSPOSIÇÃO - Gilberto Ferreira da Silva, morador de Jati, acredita que a obra ajudará nordestino

As águas ainda não chegaram, mas a Prefeitura do pequeno município cearense de Jati já vem divulgando seu novo lema em adesivos nos automóveis: “Jati – O Berço do São Francisco no Ceará”. Hoje, somente uma seta pintada de cal, na estrada que dá acesso à cidade, demarca o local por onde deve passar o canal do Eixo Norte da transposição. Apesar de tão pouco, os menos de 10 mil habitantes da cidade vivem a expectativa de receber os benefícios dessa obra. “Sai ou não sai?”, pergunta ansioso Gilberto Ferreira da Silva, de 66 anos.

Ele é dono de pequenas propriedades na área que será desapropriada para a construção de uma barragem. “Faz mais de ano que estamos esperando uma definição. Já fizeram vários levantamentos, mudaram até o local que ia ser, agora estão para se reunir com a gente e falar como é que vai ficar”, afirma. Próximo ao município também existe outro reservatório, o Atalho, para onde irão as águas do São Francisco. “Agora, esse açude novo é que vai ajudar muito, pois este ano, por exemplo, as chuvas foram poucas”, explica Gilberto Ferreira.

Outro morador da área a ser desapropriada, Pedro João Santana, de 69 anos, considera que a região vai “ficar uma beleza” com o novo reservatório. “Eu acredito. O povo acredita. Já tá bem encaminhada (a transposição) e ‘tando’ bem encaminhada, não vai parar”, aposta o agricultor. “Agora que começou, se não sair tá danado”, complementa Gilberto Ferreira.

Esperança que vem de Cabrobó

O gesto concreto que aumentou a esperança de quem vive ao longo do trajeto do Eixo Norte da transposição ocorreu no último dia 14, no município pernambucano de Cabrobó, às margens do São Francisco. Essa data marcou o início do trabalho de abertura do canal que irá levar água do rio à barragem de Tucutu, de onde esse recurso será distribuído para todo o semi-árido nordestino.

Desde 31 de maio, um destacamento de 50 homens do 2º Batalhão de Engenharia de Construção, do Piauí, montou acampamento em um posto de combustíveis abandonado, na rodovia BR-428, a dois quilômetros da margem do “Velho Chico”. Eles já iniciaram os trabalhos de topografia, o levantamento das áreas a serem trabalhadas e também as primeiras escavações. O Exército será responsável pela construção da primeira barragem e ainda de dois dos oito quilômetros do canal entre esta e o rio.

Cabrobó, cuja população sempre dependeu das águas do São Francisco, pretende agora ganhar ainda mais por ser o principal ponto de captação para a transposição. “Podemos passar a ter outra dimensão, como a de uma metrópole”, prevê o prefeito Eudes Caldas. No município, porém, as opiniões são divergentes. Enquanto os índios truká, temem os reflexos da obra na pesca e na sustentabilidade do rio, muitos moradores querem ganhar com o fluxo de trabalhadores, turistas e dinheiro que serão gerados pela transposição. 

As obras de transposição irão representar um investimento total de R$ 5,2 bilhões e representam hoje o principal e mais valioso projeto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal. Para o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, que visitou Cabrobó no último dia 15, os nordestinos podem ficar tranqüilos: “Queremos chegar ao final do governo Lula com o Eixo Leste concluído”.

Entrevista com Maria Elce de Paiva, prefeita de Major Sales

Quais os benefícios da transposição para o município de Major Sales?
As águas devem ajudar todas as comunidades por onde vai passar o canal.

O início das obras aumenta a expectativa e o otimismo?
Com certeza. A expectativa é grande. Até então, era só esperança que a gente tinha. Só ouvia falar. Agora, graças a Deus, se iniciou e o município só tem a ganhar.

Mas a senhora ainda teme paralisações na obra?
Temo muito, principalmente porque sabemos que tem muita gente que não quer dividir essa água do rio. Mas se ela chegar ao Rio Grande do Norte, não vai faltar utilização, pois nosso povo é trabalhador e já produz mesmo sem ter água, avalie quando tiver mais condições.

A senhora defende que esse recurso sirva para matar a sede, ou irrigar plantações?
Todo mundo aqui é consciente que, se essa água vier, a prioridade é para beber e também para fazer pequenas irrigações, para a agricultura de sobrevivência. Foi feito um plebiscito anos atrás sobre a transposição e a unanimidade foi a favor de que ela passasse pelo município e também a maioria aprovou que a água fosse usada para consumo e pequena agricultura.

E o fato de a transposição no Estado começar em Major Sales. É motivo de orgulho?
Sim, é um presente para uma menina moça, já que a cidade está completando apenas 15 anos de emancipação.

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