quinta-feira, 18 de abril, 2024
27.1 C
Natal
quinta-feira, 18 de abril, 2024

Jimmy Carter vê racismo em atitudes da oposição

- Publicidade -

Jimmy Carter caracteriza críticas como racismoWashington (AE) – O ex-presidente americano Jimmy Carter denunciou em entrevista na TV que grande parte da atual oposição ao presidente Barack Obama é motivada por racismo. “O racismo ainda existe e voltou a emergir porque muitos brancos, e não apenas no sul do país, acham que um afro-americano não está qualificado para liderar a nação”, declarou Carter. “Grande parte da animosidade em relação ao presidente Obama se deve ao fato de ele ser negro.” As declarações de Carter inflamaram ainda mais a controvérsia racial, que tomou conta de blogs, jornais e TVs nos Estados Unidos. Obama foi alvo de muitos ataques durante o verão no hemisfério norte, quando assembleias sobre a reforma de saúde se transformaram em fóruns contra o governo e Obama foi acusado de ser “nazista”.

“O presidente Obama não acredita que as pessoas estão nervosas por causa da cor de sua pele”, rebateu em meio à escalada retórica o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs. “As pessoas estão nervosas por causa do que aconteceu com o Lehman Brothers há um ano, e com as consequências disso até hoje.” Seguindo a posição de Obama durante sua campanha, a Casa Branca tem tentado minimizar a questão racial para evitar reações mais radicais de grupos da direita.

A oposição irada culminou com o ataque do congressista republicano Joe Wilson, na quarta-feira passada. Enquanto Obama discursava no Congresso sobre a reforma de saúde, Wilson gritou “você mente” depois de o presidente ter dito que a reforma não vai cobrir imigrantes ilegais. Os democratas se ofenderam e aprovaram uma moção de repúdio anteontem na Câmara. Já para os conservadores, Wilson se transformou em herói e chegou a dar autógrafos no Capitólio.

No domingo, Maureen Dowd, colunista do New York Times, pôs mais lenha na fogueira. “Eu ouvi a palavra não dita, mas implícita: Você mente, rapaz”, escreveu Maureen. Rapaz (boy) era usado de forma paternalista por brancos do sul, como forma de ser condescendente em relação aos negros.

Republicanos se defenderam, acusando democratas de usarem a desculpa da raça para desviar a atenção de críticas legítimas. “Carter está completamente equivocado. Essa é uma tentativa patética de desviarem a atenção da reforma do sistema de saúde, altamente impopular”, disse Michael Steele, presidente do Comitê Nacional Republicano. “Caracterizar críticas como racismo é uma prova de que democratas estão dispostos a ir longe demais para difamar qualquer um que discorde deles.”

Steele, que é negro, foi recrutado para liderar o comitê justamente para defletir acusações de que o partido republicano é “um clube de homens brancos anglo-saxões protestantes”, os chamados “Wasp”. O fato é que a reforma da saúde está funcionando como catalisador da oposição dos conservadores e alguns independentes a Obama. No sábado, cerca de 80 mil pessoas se reuniram em Washington para protestar contra Obama e suas políticas para saúde, clima e resgate de instituições financeiras.

A onda de protestos vem sendo incensada por jornalistas de direita como o âncora Glenn Beck, da Fox News. Beck diz que Obama “é racista e não gosta de brancos”. Outro ícone da direita, o radialista Rush Limbaugh, disse nesta semana em seu programa: “Na América de Obama, são os meninos brancos que apanham, enquanto os negros aplaudem.” Muitos analistas argumentam que não se trata de racismo, mas de uma reação agressiva ao aumento da intervenção do governo.

Democratas como o congressista James Clyburn, da Carolina do Sul, não concordam – ele liderou a moção de repúdio a Wilson. “Não podemos deixar essas coisas passarem em branco, porque elas começam a aumentar e infeccionar”, disse Clyburn, o congressista negro com cargo mais alto no Congresso.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas