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Jogo Bruto

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Vicente Serejo
Até que o Brasil saísse das urnas de 2022, a vitória eleitoral era definida em favor dos mais votados. O poder, uma vez conquistado, garantia, por decorrência, o papel hegemônico no plano político e, portanto, o mando de campo. A partir da luta Bolsonaro versus Lula, esse jogo mudou: o vitorioso conquistou o poder político, mas dividiu esse poder de mobilização com o adversário, efeito das redes sociais com a sua força de mobilização além dos veículos formais. 
Esse empate técnico – dois milhões de maioria em um eleitorado de mais de cem milhões de votos e dentro de uma população com mais de duzentos milhões de habitantes – tornou-se invisível, apesar de significar uma insofismável maioria vitoriosa. E, por sobre essa realidade tensionada permanentemente, é bom não perder de vista uma força superestrutural representada por um auditório grandioso e ruidoso em razão do mesmo peso e a mesma capacidade de luta. 
Um novo jogo passou a ser jogado no campo da opinião pública, garantido pelo terreno tensionado das duas metades, embora uma delas com o poder nas mãos, mas com a capacidade rigorosamente igual de pautar o debate. Um jogo que não só impõe a discussão, mas o faz em duas vias: com fatos, verdadeiros ou não, mas fatos fortes e surpreendentes com força capaz de usinar o processo formador da opinião publica ao ocupar espaços que antes eram só do poder.  
A lição é de Alberto Dines e tem décadas antes da Internet: o jornalismo vive de fatos e verossimilhanças. O modelo teórico serve para explicar a prática da comunicação pós-Internet. Convenhamos, ainda que a constatação desagrade aos internautas: a comunicação virtual não precisa da verdade para ser exercida. As fack news refletem muito bem essa verdade tão fácil de lançar. Dizia Jô Soares, com seu humor: “Nas redes sociais já morri pelo menos duas vezes”. 
Ninguém se engane: são iguais os poderios do lulismo e do bolsonarismo na geração de fatos e ‘fatos’. Daí, e apesar de fatos reais e graves como a invasão da sede dos três poderes, a eficiência na produção de notícias bombásticas. Ou, quando nada, na sua exacerbação, mas que podem desgastar profundamente o governo e a oposição, na forma e conteúdo, como os recentes casos da invasão de terras, de um lado; e, do outro, no sombrio episódio das joias milionárias.  
Uma força vai pautar a outra e, assim, o embate manterá acesa a chama da oposição que, por não ter o poder, tende a ser a mais beneficiada no jogo. Sem contar com o elevado nível de complexidade da frente que sustenta o tal governo de coalização que o PT deseja fazer para governar. Pelo jeito, não fará. Parece cercado de algo pior do que o ‘Centrão’: o ‘Frentão’. Este consumirá os quatro anos cobrando caro, frio e infiel, cada vitória do governo no Congresso.  
PALCO

SUCESSÃO – A capacidade de articulação e liderança da vereadora Nina Souza vem chamando a atenção dos assessores do prefeito Álvaro Dias. Ela é o pseudônimo político de Paulinho Freire.

ALIÁS – Segundo os decifradores dos sinais da força de Nina Souza admitem: a queda seguida de vetos de Álvaro Dias é uma forma velada de pressão para Álvaro Dias apoiar Paulinho Freire. 

QUARTA – Teoricamente, mas só teoricamente, pode sair hoje o nome do novo arcebispo de Natal. É nas quartas-feiras que o Vaticano publica seus atos de nomeação. Mas, não há sinais.

MÃE – Para conhecer a história de Mãe Luiza, do seu grande líder, o Padre Sabino, e a sua força comunitária, basta fazer a leitura de “Mãe Luiza Construindo Otimismo”, de Paulo Lins.

LUIZA – Edição da Gryphus, 2022, Rio, o livro reúne em quase trezentas páginas as visões de vários autores, com uma rica iconografia que registra as lutas e as conquistas do velho bairro. 

VIDA – A editora Globo lança nacionalmente no dia 22 de maio, Dia de Santa Rita, a ‘Outra biografia de Rita Lee’. O livro já está em pré-venda e deverá ser um dos best-sellers deste ano.   

POESIA – De Sérgio Vaz, no seu ‘Literatura, Pão e Poesia’, como se pregasse o aviso no olho do leitor: “Minha poesia é bipolar: / ora com um sorriso no rosto, / ora com uma pedra na mão”.

RISO – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama: “O riso é raro nos fortes e fácil nos fracos”. E mexeu com seu dedo as pedras de gelo do uísque para enganar o mormaço da tarde.  
CAMARIM

ESCOLA – A postura da professora Fátima Bezerra como governadora acabou transformando seu governo numa escola perversa contra o piso dos professores. Abandonados na luta, o fato produziu um efeito pior: ser o exemplo de reação dos prefeitos contra os professores. Foi uma péssima aula de política.  
MELHOR – Não se põe dúvida na Lei de Proteção de Dados, como escreveu um funcionário a esta coluna, mas o Tribunal de Contas faria um gesto consistente para homenagear o servidor no seu dia se revelasse os privilégios de umas categorias e outras não no funcionalismo estadual.  

CRESCE – Órgão orçamentário do Poder Legislativo, o TCE recebe uma parte do duodécimo constitucional da Assembleia e vai crescer ao longo dos próximos quatro anos. Pelos cálculos de fontes ligadas à receita do governo, será uma das unidades mais bem remuneradas do RN.      
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