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Jogo de futebol lembra guerra civil

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Zeina Karam – Associated Press

BEIRUTE, LÍBANO – Políticos rivais libaneses levaram as suas disputas para um estádio de futebol no dia 13 deste mês, com uma amigável partida, para marcar o aniversário dos 35 anos do começo da Guerra Civil Libanesa (1975-1990). O estádio não teve torcedores, contudo, por causa de uma proibição judicial que já vigora há dois anos e proíbe torcidas nos estádios de futebol do Líbano, após episódios de violência sectária entre as torcidas.

“Nós somos um só time” foi o slogan da partida de 30 minutos, jogada por ministros e parlamentares e assistida pelo presidente do Líbano, Michel Suleiman. No dia 13 de abril de 1975, atiradores cristãos emboscaram um ônibus que transportava palestinos, iniciando uma guerra civil que durou 15 anos, custou 150.000 vidas e provocou prejuízos estimados em US$ 25 bilhões.

Quase duas décadas após o final da guerra, o Líbano desfruta uma paz precária, mas essa pequena nação mediterrânea, com 18 grupos religiosos reconhecidos, ainda está profundamente dividida em meio a linhas políticas e sectárias, com ocasionais explosões de violência.

Um frágil governo de unidade nacional e pró-ocidente, liderado pelo primeiro-ministro Saad Hariri, foi formado em novembro do ano passado, e inclui políticos do grupo Hezbollah, apoiado pela Síria e pelo Irã.

Na partida de futebol que marcou o começo da guerra, parlamentares do grupo xiita e seus aliados jogaram ao lado de políticos da maioria parlamentar pró-ocidental. “A mensagem é que o esporte pode unir os libaneses e isso é muito importante, uma vez que a política, infelizmente, não é capaz de os unir”, disse o parlamentar Sami Gemayel, do cristão Partido Falagista, de direita.

A partida descontraída foi anunciada na televisão, num videoclipe que mostrava os políticos – cada um vestindo uma camiseta na cor do próprio partido – alinhados no campo de futebol cantando o hino nacional libanês.

No jogo do dia 13, contudo, os políticos se dividiram em dois times – um vestiu vermelho e outro branco, as duas cores da bandeira libanesa, com a frase “Somos todos o mesmo time” gravada nas costas das camisetas. No final do jogo, os políticos se abraçaram e beijaram, posando para fotos.

“Eu gostaria que eles fosse amigos e se amassem na vida real, ao invés de brigar o tempo inteiro”, disse Rania Achkar, um mulher de 38 anos que assistiu ao jogo pela televisão em casa. “É uma ideia legal, mas eles estão apenas brincando entre eles e também com a nossa cara”.

O jogo foi transmitido ao vivo pelas estações locais de televisão e teve cobertura da imprensa local e internacional. Mas o estádio ficou fechado para o público, em linha com a determinação da Federação Libanesa de Futebol para evitar a violência. Pelos últimos dois anos, as partidas de futebol não tiveram torcidas nos estádios do Líbano, por causa da violência que explodia entre muçulmanos sunitas e xiitas, que apoiam times rivais.

“Hoje nós também estamos mandando uma mensagem sobre a amizade no esporte, para os fãs dos esportes no Líbano. Todo mundo precisa aceitas as regras do jogo”, disse o ministro da Saúde, Mohammed Jawad Khalife, que participou do jogo. A partida foi jogada no estádio Sports City em Beirute. O estádio serviu como uma base para combatentes da Organização pela Libertação da Palestina (OLP) entre 1970 e 1982, quando foi bombardeado pelos israelenses, que expulsaram os palestinos de Beirute.

“Aqueles dias sinistros nunca voltarão”, disse Hariri. O premiê, de 40 anos, participou do jogo, mas não fez nenhum gol. Gemayel, de 30 anos, que jogou no time de Hariri, marcou os dois únicos gols da partida.

“Eu me sinto ótimo” disse Hariri, após o jogo. Ali Ammar, um dos dois parlamentares do Hezbollah que jogaram, disse que se preparou fisicamente durante duas semanas para a partida. “Eu espero que essa amizade no esporte se reflita na política”, ele disse.

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