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Jogos de tabuleiro resistem e evoluem

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Tádzio França
Repórter

Jogos de tabuleiros são passatempos que há milhares de anos estimulam a imaginação das pessoas. Foram industrializados e popularizados a partir da metade do século 20, e chegaram ao 21 com ainda mais ideias. Ao contrário do que se poderia pensar, eles não foram apagados pelos poderosos games eletrônicos. Os modelos tradicionais continuam vendendo bem, e os tipos modernos seguem ganhando novos adeptos a cada lançamento. O bom e velho joguinho “de caixa” – hoje já chamado no Brasil também de ‘board games’ pelas gerações mais novas – continua sendo uma boa alternativa para reunir a família ou os amigos  naquelas horas de ócio e diversão.

Estudante de engenharia da computação Geremias Bistrot é um grande entusiasta e colecionador dos novos jogos de tabuleiro
Estudante de engenharia da computação Geremias Bistrot é um grande entusiasta e colecionador dos novos jogos de tabuleiro

Os jogos foram mudando bastante com o tempo. A geração que viveu o auge de clássicos como War, Jogo da Vida, Banco Imobiliário, Detetive, Imagem e Ação, Batalha Naval, Academia, Interpol, Cara a Cara, entre outros, continua tendo estes como referência, mas a maioria ainda não conhece as muitas novidades que surgem a cada instante no mercado. Há novas regras, enredos, estratégias e estilos de jogar.

“No Brasil os board games ainda têm um perfil de nicho. No geral, ainda falta informação sobre as novidades que esse mercado oferece. Acho que muita gente deixaria o War de lado se soubesse a quantidade de coisas mais legais que existem por aí”, afirma Geremias Bistrot, graduando em engenharia da computação, e um grande entusiasta e colecionador dos novos jogos de tabuleiro. Desde criança ele jogava clássicos como  Banco Imobiliário e Jogo da Vida. Aderiu logo depois aos vídeo games, e de um ano pra cá voltou a se apaixonar pelas caixinhas de novas ideias.

 Apesar de ainda gostar dos games eletrônicos, foi uma característica essencial dos jogos reais que o fez voltar aos tabuleiros: o contato com as pessoas. “É um ótimo motivo para reunir os amigos. Tem a interação, o diálogo entre as pessoas, e é mais acessível e menos solitário que um vídeo game. Sem falar que, diferente do passado, agora há novas opções muito mais estimulantes”, afirma.

Geremias considera que os jogos atuais, no geral, se diferenciam por terem regras muito mais balanceadas entre os jogadores, serem melhor elaborados e mais divertidos. Ele curte em especial o segmento “party”, que reúnem cerca de dez pessoas (ou mais) e são fáceis de conduzir. São jogos que induzem a uma interação maior. “Agora há mais oportunidades entre os jogadores, que não dependem mais tanto do fator sorte dos dados, por exemplo”, ressalta.

Entre alguns jogos novos que Geremias destaca estão o ‘Dixit’, de temática lúdica e imaginativa, no qual se adivinha as cartas dos jogadores baseados em dicas; os ‘The Resistance – Avalon’ e ‘Coup’, ambos baseados em blefes; ‘Concept’, com suas adivinhações baseadas em conceitos; ‘Azul’, com uma arte elaborada, baseada nos azulejos portugueses, e o divertido ‘Sushi Go Party!’, no qual os jogadores vão “comendo” os pontos do menu. 

A variedade no segmento é alta. Há os jogos mais complexos, aqueles cuja durabilidade vão além de uma hora. Os jogos atuais trazem o tempo médio de duração na embalagem – e trazem também a assinatura de seu criador. O jogo “Os Colonizadores de Catan” é considerado o deflagrador da nova onda de board games. Nele, o jogador precisa negociar com os outros jogadores para progredir. “É uma característica dos jogos atuais o melhor balanceamento de oportunidades entre os jogadores. O material é até fisicamente melhor elaborado. E quanto mais refinado, mais caro o jogo é”, explica.

O público em torno dos jogos de tabuleiro reúne todos os perfis, segundo Geremias. “Tem desde o jogador veterano até o gamer de computador. Até aquele não costuma jogar nada pode chegar e curtir. Já levei um jogo para uma festa e todo mundo gostou, vai depender do jogo”, diz. A maior dificuldade ainda é encontrar os jogos novos pra comprar. Geralmente estão em seções específicas de algumas livrarias, mas raramente nas lojas convencionais de brinquedos – onde são mais fáceis de encontrar os clássicos. Geremias compra muito do seu material online. Dos clássicos, ele ainda curte o ‘Imagem e Ação’. “É um jogo que envelheceu bem”, ressalta. Há outros populares como o Zombicide,  jogo colaborativo em que os jogadores assumem o papel de um sobrevivente.

Arenas geeks

O técnico judiciário Tendson Silva é um aficionado por jogos de tabuleiro desde a pré-adolescência. “Sempre gostei de reunir a turma pra jogar. Cresci e continuei jogando. Foi assim que desde 2007 a gente reúne grupos em diferentes lugares da cidade para jogar”, conta. Há cinco meses esse grupo aportou na Arena das Dunas, onde se encontram uma vez por mês, num domingo, para socializar, trocar ideias e jogar muito na ‘Arena Geek’. Tendson leva alguns de seus 800 jogos a cada encontro, mas outras pessoas – colecionadores como ele – também levam os seus. Essas reuniões juntam de 20 a 40 pessoas.

Tendson acredita que a cena de bord games foi renovada pelas próprias mudanças ocorridas na área. “A partir de 1995 os alemães  criaram uma série de jogos baseados menos em sorte e mais em estratégias. O jogador se deixa levar por sua escolhas, é uma coisa mais abstrata. Foram introduzindo também temáticas mais variadas, históricas”, explica. Esse segmento acabou sendo batizado de “eurogames”. Os Estados Unidos contra-atacaram com jogo de mais conflitos, peças em miniatura, e uma objetividade maior na forma de jogar. Virou o segmento “ameritrash”.

Os jogos atuais estão mais focados na estratégia, e o jogador tem mais liberdade para mudar ou manter o que estava seguindo. Nos board games modernos também não há interesse na eliminação de jogadores, eles podem terminar a partida ao mesmo tempo. Os jogos oferecem uma diversidade de estratégias e caminhos para serem seguidos que harmonizam as possibilidades entre os jogadores. A chamada “curva de aprendizado” aumentou, ou seja, alguns são mais complexos que os antigos.

Tendson tem os seus jogos favoritos entre os contemporâneos, como o ‘Tigre e Eufrates’, que simula as civilizações da antiga Mesopotâmia, e mistura os estilos europeu e americano de roteiro. Ele também destaca o ‘Puerto Rico’, que se passa no período colonial e dá ao jogador a missão de administrar os recursos de sua fazenda na ilha caribenha. Dos jogos antigos, ele ainda se diverte com ‘Interpol’ e ‘Detetive’.

Os jogos são um hobby que Tendson leva a sério. Já participou de eventos em Curitiba, São Paulo e João Pessoa. Além da Arena Geek ele também participa da produção do ‘Spa de Jogos’, um projeto realizado semestralmente em que grupos de famílias vão para um local cercado de natureza – geralmente uma fazenda – para soltar seus board games. Ele também mantém um grupo no Facebook chamado ‘Trampolim de Aventura’, que juntas fãs potiguares dos jogos para trocar informações, dar dicas de compras, encontros e novidades na área.

Colaborou: Cinthia Lopes, Editora

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