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“Jornalismo Poliana”

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Vicente Serejo
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Ponho o título assim, Senhor Redator, entre aspas, e muito tristemente, por não ter tido a ideia genial de inventá-lo. Encontrei, por acaso, e vou invejar para sempre, em Renato Terra, ou, mais precisamente, na sua coluna da Folha de S. Paulo. Renato é roteirista conhecido dos que gostam de cinema, autor do ‘Diário de Dilma’ e diretor do documentário ‘Uma noite de 1967’, só para fixar um pouco de sua trajetória e não ficar aqui sem as referências intelectuais.

“Jornalismo Poliana” é aquele jornalismo que só faz o jogo do contente, como no livro célebre que, antigamente – de certo modo até hoje – encantava as mocinhas. Claro, serão sempre muito bem vindas as lições do contente, do certo e do bom, se não se perder de vista que esses atributos, no jornalismo, não nascem do mal. Quando denuncia, desagrada, desafina o coro dos contrários, mas faz o bem. O mal, no jornalismo, é calar, conspícuo e promíscuo com o erro.

Renato, numa ironia perfeita, “informa’ que vinha ai um ‘Curso Patriota de Polianismo’ para ensinar o jogo do contente, mas já enfrenta a oposição da imprensa comunista com as suas notícias ruins. Eles, os ‘jornalistas comunistas’, não noticiam o que há de bom. São viciados no que há de pior. Já o ‘Curso Patriota de Polianismo’, ao invés daquele placar muito feio, com as mortes diárias, vai ter o placar só dos curados, se assim vive-se a vida de forma mais contente.  

Aliás, recentemente, esse jogo do contente ganhou uma verdadeira pérola, ainda que a expressão esteja desbotada como um velho lugar-comum. Indagado pela data da chegada das vacinas anunciadas, um rubicundo ministro de estado, estrategista de borla, capelo, quepe e dragonas, respondeu, inócuo e burlesco: “O Dia D é o Dia. Antes do dia D é a antecipação que pode ser prejudicial”. E já completou, vago e soberbo: ‘Depois do dia é tardia. Vai ser no dia”.

É aí, por falta de sensibilidade para espargir a felicidade, que o jornalismo erra e nunca sabe cumprir as boas lições do Polianismo. Não toma a iniciativa de fazer sua parte no jogo do contente e oferecer o silêncio obsequioso, como ensina a Santa Madre Igreja no saber de mais de dois milênios. E insiste, pergunta, contesta. E assim vai dando seus maus exemplos contra os poderosos, como se a notícia mais alegre não fosse a vitória sobre o vírus da peste assassina.

Como exemplifica Renato, ao invés de noticiar falta de respiradores, equipamentos de proteção, de vacinas, seringas e até remédios para a intubação dos pacientes mais graves que morrem sem ar nos pulmões, bastava o jornalismo silenciar. Não mais que isto. Mas, não. Fica lembrando que a peste começou há mais de um ano. Num país que embora tão belo e tão rico não tem um líder que do alto da sua ira aponte o caminho que leve ao bem-estar coletivo. Um horror.  

CAPATAZ
Foi dura a matéria da ‘Isto É’, com quatro páginas, nas bancas, taxando o ministro Rogério Marinho de ‘capataz’ do presidente Jair Bolsonaro na campanha de reeleição de 2022.

FORTE

Segundo a matéria, assinada por Ricardo Chapola, o orçamento de R$ 49 bilhões do Ministério do Desenvolvimento engole recursos da previdência social e do seguro-desemprego. 

DETALHE

O fato revela uma coincidências o corte foi nas áreas do trabalho e previdência, quando as reformas nas duas áreas foram defendidas por Marinho afirmando estarem falidas.

PESO

O encanto de ser ministro não pesou sobre os ombros de Aluízio Alves, Fernando Bezerra e Garibaldi Filho, mas pesa toneladas sobre Fábio Faria e Rogério Marinho. Uma pena.

NÍSIA

Monalisa Carrilho, professora de filosofia da UFRN, pesquisa em Paris detalhes ainda hoje inéditos em torno da vida e da obra de Nísia Floresta. Quem sabe até com novas revelações.

ALIÁS

É bom informar aos pesquisadores: a Amazon tem em seu catálogo de livros virtuais um ebook que reúne onze textos de Nísia Floresta, numa edição de Sérgio Barcellos Ximenes.

AVISO

O indomável ímpeto bolsonárico, impetuoso e machão, a desafiar o Coronavírus, deu ao Brasil, segundo os observadores dos costumes modernos, o primeiro ‘Macho ornamental’.

PESTE

Esta semana o apelo certeiro e talentoso fica por conta do belo anúncio institucional e conjunto dos bancos Itaú, Bradesco e Santander: “Não é hora de concorrer, mas de socorrer”.

FUGA
É tão imprevisível o fim da pandemia e sua duração que o mercado imobiliário já identifica a fuga da classe ‘A’ para áreas rurais de lugares que ofereçam bom padrão de acesso, abastecimento, segurança e a proximidade dos centros urbanos para as atividades profissionais.

DIÁSPORA

A revista ‘Época’, diante do fato que chamou de ‘Diáspora da Classe A’, realizou um levantamento dos novos espaços, constatando essa preferência das famílias de mais elevado padrão financeiro. Uma nova tendência com qualidade de vida e reaquecimento da economia.

POINT

Aqui no Estado já nascem os primeiros condomínios, principalmente às margens da Lagoa do Bomfim, área considerada privilegiada e hoje dispondo até de uma pista de pouso. A violência e a pandemia são vistas como forças geradoras desses espaços seguros e confortáveis.
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