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José Alcides Santoro Martins: “O CTGás atrairá novas empresas”

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Renata Moura – Repórter de Economia

O Centro de Tecnologia do Gás (CTGAS), que virou referência nacional em assistência, desenvolvimento de tecnologia e capacitação de trabalhadores, teve esta semana a área de atuação ampliada no Rio Grande do Norte e vai passar a atender a demanda  do promissor mercado das energias renováveis. A investida deverá custar R$ 17 milhões à Petrobras, ao Senai e ao mercado nos próximos cinco anos e vai significar mudanças que vão além da nomenclatura do Centro, agora  Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis. “Mudam nome, abrangência, estrutura física, a equipe e a atitude do CTGAS-ER frente a este novo desafio”, explica o gerente executivo de Operações e Participações em Energia da Petrobras, José Alcides Santoro Martins. Nesta entrevista à Tribuna do Norte, ele fala sobre os impactos do projeto para o estado, incluindo a preparação de mão-de-obra para atuar no setor e a possível captação de novas empresas, e sobre os planos da estatal de montar em Porto do Mangue, a cerca de 310Km de Natal, um segundo parque de geração de energia eólica, com capacidade para 126 MW. Para se ter uma ideia da dimensão do projeto, hoje, o parque que a estatal mantém em Macau gera 1,8 MW.

Por que ampliar a área de atuação do CTGás?
Para atender ao mercado crescente de energias renováveis. Foi uma decisão da Petrobras e do Senai investir em energias renováveis.

O que isso vai significar na prática?
Na prática isso significa que o CTGÁS passa a ser também um centro de Tecnologias e energias renováveis (CTGAS-ER). Isso quer dizer que ele está prestando agora e vai continuar prestando serviços na área de gás natural e em energias renováveis, o que inclui assessoria técnica, desenvolvimento tecnológico e capacitação profissional. Ou seja, além do gás natural, o CTGAS–ER agrega ao seu portfólio ações nas áreas de energia eólica, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), termossolar para geração de energia elétrica, biomassa, geotérmica, hidrogênio, ondas, marés e correntes marítimas. O primeiro grande projeto do novo Centro é o que está sendo desenvolvido em Juiz de Fora, que é a conversão de uma turbina geradora de energia elétrica a gás para uso de etanol. A Unidade da Petrobras, a termelétrica Juiz de Fora será a primeira usina do mundo a utilizar etanol como combustível para produzir energia elétrica. Os testes, com duração prevista de 1.440 horas (60 dias), iniciam em dezembro deste ano e o  CTGAS é a entidade contratada para fazer as avaliações e o monitoramento de todas ações e dar um parecer técnico sobre esta conversão.

Mas vai aumentar a estrutura, a equipe de pessoal, ou só o nome e a abrangência das pesquisas do Centro serão ampliadas?
O CTGAS passará certamente por um aumento na sua estrutura física, a equipe deve aumentar, mas esse crescimento será adequado às demandas e não mudam só nome e abrangência não, é muito mais do que isso, mudam nome, abrangência, estrutura física,a equipe e a atitude do CTGAS-ER frente à este novo desafio.

Quanto está sendo investido nesse projeto?
Desde a implantação do CTGÁS foram investidos R$ 34,2 milhões, o que possibilitou que o Centro se tornasse referência nacional sobre o tema. Para a sua ampliação serão investidos R$ 17 milhões nos próximos cinco anos.

De onde virão esses recursos?
Da Petrobras, do Senai e do mercado. O CTGÁS também é um gerador de caixa, já que ele presta serviços ao mercado, ou seja, parte desses recursos virá dos próprios serviços que vende.

Que benefícios essa ampliação trará ao mercado e, particularmente, ao Rio Grande do Norte?
Essa ampliação trará muitos benefícios. O mercado hoje carece de Centros de Tecnologia em energias renováveis. O CTGÁS vai potencializar todos os recursos de energias naturais do estado. Ele vai contribuir para que seja feita a capacitação profissional das pessoas que irão trabalhar nos projetos renováveis, principalmente de energia eólica e solar. Ele vai permitir que sejam realizados testes de equipamentos, pilotos de novas tecnologias. Então todas essas ações gerarão benefícios para o estado como a chegada de empresas de tecnologia e fabricantes de equipamentos. Esse fenômeno ocorre em todas as cidades que se tornam pólos tecnológicos. Com a instalação de um grande centro, empresas de alta tecnologia se instalam ao redor deste centro. Exemplos disso são as cidades de São José dos Campos  e São Carlos, onde as empresas se instalam como satélites destes centros. É isso que espera-se que aconteça em Natal. Queremos que o CTGÁS seja o indutor de um processo de instalação de novas empresas aqui.

Vai haver projetos para capacitar mão-de-obra para trabalhar nessa área?
Claro. Nos primeiros seis meses já promoveremos cursos para capacitar não só o nosso pessoal. Nosso propósito é que neste período já comecemos a desenvolver cursos básicos na área de renováveis para atendimento ao mercado.

Que outros resultados são esperados com a ampliação da área de atuação do Centro?
Esperamos que a iniciativa contribua para aumentar a participação das energias renováveis no país, com o aumento de escala e conseqüente redução de preços delas.

Por que oferecer um centro de tecnologia nessa área ao Rio Grande do Norte? O que pesou nessa decisão?
Pesou muito o fato do CTGAS já estar aqui. Este foi um fato muito importante. O CTGÁS já é um centro de excelência nas tecnologias do Gás. Outro ponto, é que está localizado num estado que tem enormes potenciais de energias renováveis, principalmente na eólica, haja vista o número de Empreendimentos que foram cadastrados para o leilão de energia, que será realizado em 25 de novembro. As áreas de produção de energia solar, de biomassa e também da hidráulica também são vistas como promissoras.

Como estão os investimentos da Petrobras na área de energias renováveis no país, no Nordeste e no RN?
A Petrobras tem dentro do planejamento qüinqüenal uma orientação estratégica. Diferente dos outros anos que aparecia como prospectar, incentivar, tem agora a orientação de investir em energias renováveis. Então existem metas a seres atingidas até 2013 de acrescer ao nosso parque elétrico também as energias renováveis. Hoje, a Petrobras tem cerca de 300 MW em PCH, em seu portfolio. A Petrobras está investindo e vai investir cada vez mais em energias renováveis. 

O estado é tido por muitos investidores como um dos que mais prometem em geração de energia eólica. A Petrobras já sinalizou que pretende construir um parque maior, mas pouco fala sobre isso e continua com um projeto tímido (gerando 1,8 MW).

Em que pé estão os planos para construir um novo parque no estado? Há realmente esse plano?
A Petrobras está habilitada no leilão de Gás e energia, com um projeto de 126 MW. O empreendimento em Macau foi um projeto piloto usado para conhecer essa tecnologia, já que a Petrobras nunca tinha investido neste tipo de tecnologia. Agora que temos conhecimento da tecnologia e pessoal capacitado, pretendemos entrar neste leilão de energia com maior competitividade.

Quando esse parque deverá sair do papel?
Essa definição depende do resultado do leilão, mas cremos que estaremos bastante competitivos. O projeto eólico é um bom projeto.

Onde será erguido?
A intenção é erguer o projeto em Porto do Mangue.

O que impede que projetos mais agressivos nessa área sejam tocados mais rapidamente pela Petrobras no estado?
O grande empecilho é ter como contratar esta energia. Com o leilão de energia deste ano é só eólica, estaremos competindo só com eólica. O preço da energia eólica é maior que o preço da energia hidráulica, do que o do gás natural ou a do bagaço de cana. Se não houverem leiloes específicos, fica difícil vender esse tipo de energia, que é uma energia mais cara. Com incentivos governamentais para aumentar a produção desta energia, o preço caira, em virtude do aumento de escala,  tornando mais competitiva. 

Como andam os trabalhos do CTGás na área do gás?
Muito bem e eu quero deixar claro que nós não vamos deixar a área do gás. Nós não podemos deixar a área do gás, porque a Petrobras é uma empresa de Gás. O CTGAS continuara trabalhando na área de gás e prestando serviços na área de metrologia e vazão, calibração e mais, no final do ano será inaugurado o Sítio de Teste, que é o primeiro ciclo da America do sul, que vai fazer o processo de calibração nas condições reais, ou seja utilizando gás natural e pressão,  não o ar, como é hoje feito em todo o país.

Que resultados esses trabalhos têm trazido?
Resultados representativos. Do ponto de vista do mercado, nós capacitamos mais de 27 mil pessoas no CTGAS, foram feitos mais de 78 mil horas por ano de capacitação. Ganhamos ainda 3 prêmios FINEP de reconhecimento por inovação tecnológica, que é um premio muito difícil e disputado. Estamos com quatro laboratórios certificados pelo INMETRO para fazer trabalhos de calibração. O resultado é altamente positivo.

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