Para hoje se tornar uma referência como ativista, antes ela teve que se tornar uma. A gota d’água para Brisa se abraçar ao feminismo foi um almoço familiar que os primos dela, em uma discussão sobre estupro, justificaram o assédio por causa das roupas que as mulheres usavam.
“Mesmo ainda eu não me reconhecendo como feminista naquele período, eu percebi como eu discordava completamente daquele posicionamento. Então eu discuti, revidei e procurei embasar o meu argumento. Foi quando eu conheci o movimento feminista, que se alinhava com o que eu acreditava e defendia para a sociedade”, conta Brisa em alusão ao episódio vivido quando tinha 12 anos.
No poder do discurso, a militante acredita ser a chave para a sociedade um dia chegar ao status de igualdade entre os gêneros. Por causa disso, na fala, ela mostra toda a eloquência e confiança de quem está mudando a realidade de várias pessoas para melhor.
Essa voz potente fez de Brisa, nos anos de ensino médio, a diretora nacional de Mulheres da União Brasileira de Estudantes Secundaristas. Nesse período, ela desempenhou o papel de combater o assédio dentro das escolas, além de promover o protagonismo das meninas.
Dando um passo a mais, atualmente como graduanda do curso de história da UFRN, Brisa rompeu a barreira de militância nas escolas e promove suas ações visualizando as mulheres na sociedade como um todo.
Desde que se engajou no movimento até agora, ela diz ter percebido evolução. “Hoje as pessoas se sentem menos confortáveis de justificar um assédio a partir do comportamento da mulher. A gente conseguiu trazer muita gente pra causa. Antes não se entendia bem o que era o feminismo e hoje a gente vê meninas super jovens querendo participar”, destacou ela.
Ação Internacional
Na 5ª edição da Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, do evento que acontece a cada cinco anos desde o ano 2000, a sede do evento no Brasil é a capital potiguar. A natalense de nascimento, Brisa Bracchi, é uma das responsáveis pela organização do evento.
O lançamento oficial da ação acontece neste domingo (8), no Dia Internacional da Mulher, que marca o processo de divulgação do evento, que ocorre entre os dias 28 a 31 de maio deste ano. A expectativa é de que cerca de três mil mulheres, como ela, façam parte das atividades do evento. A programação de debate e experiência sobre o movimento feminista.
“A gente não vai conseguir mudar a sociedade a partir de uma transformação individual. A transformação precisa ser fruto da experiência coletiva. Participar dos espaços de organização das mulheres ensina tanto para nós como transforma o meio que a gente está inserido”, conta a jovem.
Inspirações
Pessoas referências no movimento feminista para Brisa são as políticas potiguares Isolda Dantas e Natália Bonavides, além da escritora e líder revolucionária russa, Alexandra Kollontai, entre outras mulheres.
Próximos passos
“O tempo que a gente leva convencendo um homem machista de que ele é machista, é o mesmo de alcançar 10 mulheres”, diz Brisa. Pela experiência de vida no feminismo, empoderar a mulher tem sido o caminho para quebrar as diferenças de gênero. E quanto mais mulheres surgem no movimento, mais a jovem se estimula a trazer outras.
