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#JovemPontoCom: Descobrindo o contrabaixo

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Vinícius Veloso
Repórter
Ao longo dos anos, várias discussões surgiram em relação ao sentido da Música, por qual razão ela é tão importante e o que ela significa para nós. Momentos de alegria, tristeza, saudosismo, nostalgia ou simplesmente combinação de vários sons e ritmos? Podemos ter várias respostas, ou quem sabe, ainda mais perguntas sobre essa forma de expressão. Porém, para a graduanda e baixista da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Andresa Laíze, de 19 anos, música para ela, é vida. É a sua vida.

Andresa Laíze Moreira da Silva

Andresa Laíze veio para Natal para se dedicar ao estudo da Música

Nascida em Luís Gomes, cidade do Oeste potiguar e distante aproximadamente 439 Km de Natal, Andresa deixou o município em 2017 com o intuito de viver o sonho de musicista. Há três anos morando na capital, a estudante se dedica todos os dias da semana ao estudo da Música e do seu instrumento (contrabaixo acústico) para ampliar ainda mais seus conhecimentos de linguagem, forma e expressão musical. No entanto, Andresa lembra que essa trajetória não foi nada fácil.

Aos seis anos de idade ela teve seu primeiro contato com a música e instrumentos musicais. “No começo eu toquei flauta doce, depois aprendi um pouco sobre um instrumento de percussão (bateria) e contrabaixo elétrico com o maestro Leandro Oliveira, mas tudo muito rápido. Ele que me iniciou na Música”, disse. Andresa participou de um programa que tinha na cidade de Luís Gomes chamado Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) que faz parte do Programa Nacional de Assistência Social, e era aberto ao público externo, mas atendia principalmente crianças e adolescentes de famílias carentes da região. “No PETI também tinha uns trabalhos bem interessantes de, por exemplo, passar a cultura da cidade para as outras pessoas. Havia grupos de teatro, música, reforço escolar para as criancinhas que precisavam mais, entre outras coisas”, afirma.

Andresa entrou no projeto porque estudava de manhã e tinha tempo livre à tarde para se dedicar a alguma atividade. “Minha mãe que me colocou lá. Passei um tempo e depois saí, antes do projeto acabar”, complementa. Quando a jovem estava no Ensino Fundamental II, o mesmo professor do PETI, Leandro, passou em várias escolas da cidade divulgando um curso de música de cordas friccionadas na Fundação Francisca Fernandes Claudino (FUNFFEC) e como ele já a conhecia, fez o convite para participar.

“Logo após o convite, eu e mais um amigo nos interessamos por violino, mas o professor Leandro pediu para que eu me matriculasse em contrabaixo acústico. No primeiro dia de aula, teve uma dinâmica de conhecer os instrumentos. Eu não conhecia o contrabaixo acústico, vi cada um pegando o seu e eu ficando sem. Eu disse: ‘Leandro, aquele que é meu instrumento musical?’. Ele disse que sim. Aí fiz a pergunta que todo mundo faz: ‘Como é que eu vou tocar um instrumento desse tamanho?’. Ele retrucou: ‘Não se preocupe, vai dar certo'”, disse.

A princípio, a musicista estranhou o contrabaixo, mas depois pegou jeito. “Agradeço imensamente por ele (Leandro) ter me convidado”. Em 2012, Amdresa viajou para Natal com o pessoal de Luís Gomes para fazer uma apresentação na Escola de Música da UFRN, e nesse período conheceu um outro professor, Airton Guimarães, atual orientador na graduação, por quem tem grande admiração e respeito. Em 2013, o grupo se tornou uma orquestra na qual Andresa fez parte, e com as aulas constantes começou a aprimorar seus conhecimentos e criar uma paixão pelo instrumento, e ainda mais pela música.

Os anos foram passando e ela cada vez mais gostava do que fazia, aprendia e tocava. Em 2016, fez a prova do curso técnico de Música da UFRN, passou no teste e no ano seguinte veio morar em Natal. No ano de 2018 decidiu fazer a graduação na Universidade, enviou um vídeo para a banca julgadora, foi aceita e esperou somente o resultado do Enem para ingressar. Desde então está na capital potiguar realizando seu maior sonho e vivendo um dia de cada vez, lado a lado com a música.

Pais
O apoio dos seus pais foi e continua sendo fundamental para ela, desde o começo. “Eles sempre me apoiaram. Meu pai fica super feliz, fala para todos que eu estou na universidade, que viajei ou vou viajar não sei para onde. Minha mãe também me apoia para eu realizar um intercâmbio. Eu fico muito feliz, sabe? Nem todos os meus amigos têm esse apoio e alguns demoraram para ter. O nosso curso ainda é um pouco discriminado também”, conta a musicista. 

Quanto à inspiração ela afirma que não tem em apenas uma pessoa.  “Porque eu acho que toda e qualquer pessoa tem um conhecimento a lhe passar. Além das pessoas que eu mencionei (Leandro e Airton) tem outros professores daqui da UFRN como Fábio Pesgrave e Rucker Bezerra”, explica. Além desses profissionais, ela também tem como referência os baixistas Bottesini, Dragonetti, Gary Karr, Kounssevitizky e Marcos Machado, e os compositores Astor Piazzolla, Guerra Peixe e Mozart.

A contrabaixista já se apresentou em outros estados do Brasil como Piauí e Paraíba, além de ir para o Canadá, Itália e Vaticano. Na viagem para a Europa, Andresa tocou com mais outros musicistas dentro da Embaixada Brasileira na Itália e em uma audição papal em que o Papa Francisco estava presente.

Todas essas experiências marcaram a estudante de Música que sonha em fazer intercâmbio em algum momento. Andresa ainda não tem um destino definido, mas afirma que a meta é essa. “É uma questão de sonhar alto. Eu quero passar por vários lugares do Brasil, porque eu penso que posso adquirir mais conhecimentos e ir para fora do país depois”.

Andresa passa o dia todo na Universidade. Chega de manhã e só vai embora para casa no começo da noite. Ademais, dedica quatro horas de estudos individuais para peças de orquestra, preparação de aulas e exercícios de técnicas do contrabaixo. Isso tudo sem contar o tempo que estuda na universidade. A baixista pretende voltar a estudar inglês, já que  quer estudar música em outros países.

Quando tem tempo livre gosta de ficar em casa. Ela se considera um pouco caseira. “Ultimamente eu tenho ficado mais em casa. Vejo filmes, ouço música, concertos e leio livros”, conta .

Rotina
A estudante faz de forma simultânea o curso técnico e a graduação na UFRN. Neste ano, finaliza o técnico e depois passa a se dedicar ainda mais na graduação, onde está cursando o terceiro período em contrabaixo acústico com ênfase em música erudita.

Em meio a risadas e sensações de bem estar no ambiente rodeado de contrabaixos, Andresa brinca com alguns trocadilhos “Eu não o escolhi, ele que me escolhe” ou “Eu não faço música, ela que me faz.”. Ela e mais outros estudantes dividem a sala, cada um com seu estilo, ritmo e contrabaixo próprio. Lá é um santuário para aquelas pessoas, lugar de muitas ideias, sons, descobertas, aprendizados, e claro, música.

andreza jovem

Nome: Andresa Laíze Moreira da Silva

Data de Nascimento: 09/09/1999

Idade: 19 anos

Natural: Luís Gomes/RN

O que faz: Estudante de Música, e contrabaixista

Hobbies: Ver filmes de terror e musicais, ler livros, ouvir música

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