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#JovemPontoCom: Goleada no machismo

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Milka Moura
Repórter
Estádio lotado, pessoas torcendo, rostos pintados, camisetas que estampam uma paixão nacional. Em quem você pensa quando imagina uma partida de futebol? Você provavelmente pensou no seu ídolo preferido, né? Ou naquele gol numa final de copa do mundo que fez todo o estádio vibra. Ou até mesmo naquela perdurável derrota da Seleção Brasileira.

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Lidiane joga desde criança e atualmente integra o time do Cruzeiro de Macaíba

O universo do futebol pode ser visto como um lugar totalmente masculino, mas essa realidade já vem tentando ser mudada há bastante tempo. Foi jogando futebol nas ruas ainda criança que a estudante Lidiane Lopes chegou aos gramados. Seu pai, que enxergou seu potencial, foi o grande motivador da sua paixão pelo esporte. Lidiane hoje é atacante do Cruzeiro de Macaíba, time que foi campeão do Estadual Feminino que aconteceu entre os meses de novembro e dezembro deste ano.

Desde pequena, foi se acostumando a dividir o campo com outros meninos, sendo uma das poucas meninas que integravam a escolinha onde treinava. Mesmo nova, sua pouca idade não a livrou de intolerâncias. “Uma cena que me marcou bastante foi quando o time foi jogar uma Copa e o pai de um dos atletas não me queria deixar jogar, pelo fato de eu ser menina” relembra. Lidiane não desanimou e jogou toda a partida aos gritos daquele pai, que pedia para os outros meninos puxarem seu cabelo durante o jogo. “Hoje eu percebo o quanto isso era pesado, mas na época eu não queria saber, só queria jogar. E joguei”, diz.

O preconceito em campo não a fez desistir da sua paixão pelas chuteiras. Lidiane conta que sempre recebeu o apoio da família na carreira e que enxerga o preconceito como uma realidade que precisa de muita luta para ser transformada.

Naquele dia, seu desejo de continuar jogando mesmo com vozes preconceituosas ao fundo foi o combustível para continuar seguindo seu sonho.

E foi seguindo esse lema que a atleta foi escolhida pela ex-técnica da seleção feminina, Emily Lima, para a experiência de treinar com a seleção, em uma convocação de observação, na Granja Comary, no Rio de Janeiro.

A convocação foi feita há um ano, após a técnica observar os jogos dos times regionais de cada estado. Entre eles, Lidiane foi escolhida para vivenciar oito dias de muito treinamento.

“Foi a experiência mais incrível da minha carreira, tive acesso a toda a estrutura, e pude entender também como os atletas são tratados.”, diz.

No entanto, a realidade de um time feminino regional,  difere um pouco das grandes experiências vivenciadas na Granja.

A história de Lidiane se junta à do Cruzeiro de Macaíba. As dificuldades enfrentadas pelo time onde é atacante existem desde sua recente formação, mas não foram suficientes para desanimar essas mulheres.

Ela relembra com orgulho como eram as coisas no início de sua formação. “Não tínhamos nada, éramos só um grupo e uma comissão com muita vontade de fazer futebol feminino, e que graças a Deus está dando certo”. Foi essa vontade que rendeu a recente vitória. Para o futuro, Lidiane tem planos de se tornar profissional, e ao ser perguntada sobre o que futebol representa para ela, a resposta é fácil: “Futebol pra mim é tudo, é hobbie, é profissão, é amor, é sentimento, é tudo.”

Apesar dos obstáculos enfrentados, o futebol feminino no RN resiste e com ele resiste também a paixão de quem escolheu dedicar sua vida para que essa modalidade permaneça persistindo.
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             Nome: Lidiane Lopes Ribeiro
             Data de Nascimento: 07/05/1998
             Idade: 20 anos
             O que faz: Estudante de Educação Física
             Hobbies: Jogar futebol, ir para a praia

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