Repórter
“Meu pai foi surfista também, então foi por influência dele. Eu o via dentro d’água e despertou aquela vontade de conhecer como era a prancha. Ele me jogou na água e eu não consegui mais sair”, revela aos risos à Tribuna do Norte.
Nessa vida de surfista, Mateus, assim como tantos outros que pegam essa onda, têm um sonho em comum: ser campeão mundial de surfe. Ainda na categoria sub-16, a poucas ondas da profissional, o natalense disputa em outubro próximo o Mundial Junior ISA, maior torneio para jovens da sua idade. No ano passado ele já havia disputado o torneio, no Japão. Ele acabou parando nas semifinais e voltando à Natal com a 8ª colocação na bagagem.
Na adolescência e já conhecendo os pormenores e as principais dificuldades de uma vida adulta, Mateus já surfou ondas que o deixaram calejado para uma vida que sabe que será difícil, mas que é o seu sonho: a de atleta.
“Eu não tenho um plano B ainda. O surfe é o que eu quero seguir, o que eu quero fazer, mas caso não dê certo, eu penso em alguma outra coisa. Só que pra agora a única coisa que eu penso é o surfe, é o meu treino, é poder estar dentro d’água fazendo o que eu gosto, que é surfar”, comenta.
“Vem sendo mais difícil a cada ano, porque cada ano a minha categoria vai subindo, o surfe vai aumentando de nível, são mais competições, o tempo de treino e a dedicação são maiores, então fica complicado conciliar escola e surfe, mas venho conseguindo. A mãe cobra muito, porque ela sabe que é muito importante. Não adianta só surfar, tem que ter o estudo também”, revela.
Na escola, o menino sorridente, brincalhão e de um jeito leve e descontraído, às vezes tímido, conta que recebe apoio de amigos e revela ainda que não se sente melhor ou pior que ninguém por ser uma das promessas nacionais do surfe.
“Não fico queixudo, não deixo de falar com ninguém. Estou só começando”, diz. Quando troca o mar pela sala de aula, Mateus conta que tem dificuldades com disciplinas que envolvam cálculos, somas e subtrações que parecem não dar resultado e projeções que não se encaixam na sua cabeça. A disciplina preferida: “Educação Física”, Mateus é rápido na resposta. E um eventual caminho a seguir caso o mar não esteja para praia? “Biologia”. Não tem jeito. A ligação com as águas é estreita até nas escolhas acadêmicas, uma opção alternativa caso as manobras não se encaixem.
Como Mateus fala, o momento é de amadurecer dentro e fora d’água e crescer mentalmente e espiritualmente no esporte. O fato é que a promessa natalense quer surfar uma onda de cada vez, buscando ganhar as águas desconhecidas que por ele aguardam.