quinta-feira, 18 de abril, 2024
29.1 C
Natal
quinta-feira, 18 de abril, 2024

Jovens precisam conviver com o diabetes tipo 1

- Publicidade -

SAÚDE - Érica está internada há quatro meses em um hospital da cidade devido a um diabetes
Quando estamos na meia idade e recebemos a notícia de que somos diabéticos, teoricamente, aceitamos o fato de forma mais madura e consciente, afinal já provamos de todos os sabores, ou pelo menos tivemos a opção de poder prová-los. Mas quando o diagnóstico chega na infância ou na adolescência, as restrições inerentes à doença causam mudanças ainda mais radicais. Já pensou se privar de doces e baganas nessa época? Ir a um aniversário e não poder comer bolo com refrigerante? Essas são apenas umas das implicações do Diabetes Juvenil, mal que vem crescendo bastante no mundo, nos últimos anos, e já atinge cerca de 12% da população.

Este tipo de diabetes aparece como o resultado da destruição das células produtoras de insulina. O motivo ainda não é muito claro para os pesquisadores, mas entre as causas possíveis, estão fatores genéticos. Sabe, porém, que é uma doença degenerativa e sem cura. Sem funcionar direito, o pâncreas não produz insulina e as taxas de glicose no sangue se elevam, provocando complicações graves.

Segundo Antônio Marques, presidente da Associação de Diabéticos e Hipertensos do RN, a diabetes que acomete os mais jovens é geralmente a do tipo 1, que gera dependência de insulina injetável entre outros procedimentos. “E o problema se agrava quando é numa criança, pois ela vai querer sair comendo tudo o que vê pela frente; refrigerante, chocolate, doces. Aí, para se tratar, a criança tem que tomar três injeções diárias, o que não é fácil", explica Marques.

O mais difícil é convencer a criança que ela terá que conviver por toda a vida com este problema e ainda conscientizá-la, desde cedo, sobre os cuidados que devem ser tomados. Antônio Marques recomenda aos familiares de crianças e adolescentes diabéticos que os apoiem e dediquem bastante carinho, amor e compreensão – isso porque a depressão costuma rondar a mente dos enfermos juvenis, tolhidos dos prazeres das baganas cotidianas.

O presidente da Adhern alerta que os casos de diabetes juvenil têm crescido progressivamente no mundo, inclusive no Brasil. Cerca de 12% da população já sofre da doença. “A maior causa disso é o sedentarismo entre os jovens e a má alimentação; muito sanduíche, refrigerante. Isso sem contar com os casos hereditários", comenta.

A prevenção ainda é fator fundamental para se evitar o avanço do diabetes. Isso significa evitar o sedentarismo e adotar uma postura de vida mais saudável, longe dos excessos com gordura, álcool e fumo. Segundo Antônio Marques, é necessário também que os pais acompanhem o dia a dia de seus filhos. “O problema é que muitos pais não se preocupam e quando vão ver, a criança está desmaiando." Ele considera a situação preocupante. “Se pudéssemos, estaríamos todos os dias gritando na mídia: cuidado com a obesidade de seu filho; faça sempre o exame para saber se é diabético ou se é propício a ter diabetes", diz o presidente da Adhern, que não se cansa de alertar que se trata de uma doença ainda sem cura.

Jovens lutam para controlar reações do diabetes tipo 1

Desde fevereiro que Érica Athaíde Fernandes, 24 anos, está internada em um hospital da cidade, sendo submetida a vários tipos de exames, implantes de cateter, tomando medicamentos, realizando testes, controlando infecções, lutando para controlar a diabetes tipo 1 que lhe aflige desde os sete anos de idade. Seus níveis de glicose têm atingido patamares elevadíssimos, praticamente o dobro do que é considerado normal pelos especialistas.

Ao longo desses meses internada, Érica já teve parada cardíaca e respiratória, convulsões, entrou em coma várias vezes e foi para a UTI; foi submetida a cirurgia para implante de um cateter e ainda deve passar por mais duas para retirada deste, infectado, e colocação de outro.

Apesar das dores que sentem com os procedimentos a que vem sendo submetida, Érica confessa que a solidão muitas vezes dói mais do que agulhas. É que durante esse tempo em que está hospitalizada, seus familiares foram visitá-la apenas algumas poucas vezes. “Sou muito ativa. Quando não agüento mais ficar no quarto e estou sem soro, saio passeando pelos corredores do hospital", diz Érica.

Ela conta que toma insulina há 18 anos e que desde pequena a convivência com o diabetes foi muito difícil. “Quando saía com minha mãe, parava em todo lugar para fazer xixi, e bebia muita água também. Quando urinava, enchia de formiga", relata Érica, que diz ter vivido sua infância e adolescência “presa" em casa, por “excesso de cuidado". “Fiz até tratamento psicológico", diz.

Quando criança, confessa que se descuidou um pouco no controle da doença, tomando sorvete escondido, por exemplo. “Sempre fui louca por torta alemã e picolé caseiro de Caicó. Tem hora que dá vontade de dar uma escapadinha, não vou mentir. Não bebo, mas um dia inventei de beber e passei muito mal."

O diabetes atrapalhou muito os estudos de Érica; e por receber benefício da Previdência Social, não pode trabalhar com carteira assinada, afirma. “Ia começar a faculdade de Enfermagem no dia 19 de fevereiro, mas fui internada."

A situação de Érica é tão séria que para ter uma vida beirando a normalidade, ela precisa usar uma bomba de insulina que custa R$ 12 mil reais, e cerca de R$ 800 reais mensais de manutenção. A governadora Wilma de Faria visitou Érica no hospital e lhe prometeu ajuda, já que não tem condições financeiras de adquirir o equipamento. “Ela disse que se fosse pra eu continuar viva, ajudaria", conta, emocionada. Interessados em ajudá-la podem entrar em contato com Érica através do telefone 8804 8736.

Adpatada ao diabetes

A estudante de Psicologia Roberta Feitosa descobriu que era diabética quando tinha apenas 11 anos de idade. Quando os primeiros sintomas começaram a aparecer, ela não entendia o que estava acontecendo. Os médicos também demoraram a chegar num diagnóstico, como conta Roberta, hoje com 22 anos. No início, as restrições na alimentação mudaram sua rotina e lhe incomodaram bastante. “Sofri muito, pois sempre gostei de doces; e como tinha onze anos, era mais complicado ir a restaurantes, festas de aniversários, ver todos comendo e não poder", diz. “Às vezes, preparavam comidas especiais pra mim, com adoçante, mas não sentia que era a mesma coisa."

Hoje ela já está adaptada às limitações impostas pelo diabetes e, após passar por algumas experiências e tratamentos, diz já se alimentar normalmente. “As insulinas que tomo são de efeito imediato e agem diretamente no que como. Algumas vezes minhas taxas sobem e baixam também rapidamente. Com as medicações e a glicose, em pouco tempo voltam ao normal. E também devido ao tempo que convivo com o diabetes já deu para se acostumar bem mais às limitações."

O diabetes de Roberta é do tipo 1 e, segundo ela, é hereditária; embora seus pais não tenham a doença. Mas seu irmão Eduardo Feitosa, 25 anos, também é diabético. “É devido a uma contagem de genes suficiente para desenvolver a doença. Provavelmente, meus avós tinham, meus pais também, mas os genes não eram suficientes. Aí, acabou sobrando pra mim e para meu irmão."

site auxilia os portadores

Uma boa dica para os jovens diabéticos que buscam informações sobre a doença que possuem é o site da Associação de Diabetes Juvenil (www.adj.org.br). Lá, pode-se encontrar várias seções com dicas importantes e links para vários assuntos relacionados ao diabetes, além de notícias, informes, serviços, receitas entre outros.

Ao se cadastrar no site, o jovem diabético recebe publicações virtuais periódicas com as novidades sobre a doença e artigos relacionados.

Entre as seções, direitos dos diabéticos (inclusive com plantão jurídico), agenda com os principais eventos pelo Brasil, lista de associações, atividades educativas e físicas, convênios com várias especialidades médicas, dicas sobre nutrição, odontologia, podologia, psicologia, oftalmologia, receitas doces e salgadas e ainda loja virtual com produtos da grife ADJ.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas